quarta-feira, 10 de agosto de 2011

War Comics: A Graphic History


Mike Conroy (2009). War Comics: A Graphic History. Lewes: Ilex.

Os comics são um campo de batalha privilegiado, onde a morte e a destruição não atravessam os limites da vinheta. Num meio de comunicação de consumo por excelência, as temáticas ligadas à guerra sempre encontraram públicos ávidos de aventuras violentas. O profusamente ilustrado War Comics traça um longo panorama das diferentes abordagens da banda desenhada ao tema, dependentes do interesse de editores ou criadores. Sem ser muito profundo, este é um livro que vive de reproduções de capas e pranchas de algumas das mais icónicas, clássicas ou obscuras publicações do género. O autor faz uma escolha curiosa: ao invés de retratar a evolução do género, opta por mostrar as utilizações do tema relativas a épocas histórias, destacando-se a II Guerra Mundial como terreno fértil para as mais díspares adaptações.

O tom é neutro. Podemos encontrar neste livro referências aos incipientes super-heróis e às narrativas primitivas que os mostram a aniquilar alemães e japoneses desenhados com um traço eminentemente racista, ao uso de comics como arma de propaganda, às versões de pura aventura sem limites nem, em muitos casos, verosimilidade, até aos esforços por mostrar a guerra de formas mais realistas, retratando os dramas sem glorificações. Os destaques são óbvios,pelo seu carácter pacifista, passando pelos clássicos da EC editados por Harvey Kurtzman (em particular Frontline Combat e Aces High, meticulosamente escritos, pesquisados e ilustrados), às personagens de Robert Kanigher e Joe Kubert (os enigmáticos Sgt. Rock e Enemy Ace, que fogem aos estereótipos másculos deste género de comics), a posterior influência de Kurtzman no trabalho de Archie Goodwin no influente Blazing Combat, cuja mensagem pacifista ditou um fim rápido às mãos de editores e distribuidores pouco inclinados perante ideias que viam como anti-patrióticas, e mais recentemente os trabalhos de Garth Ennis, que reviveu o género com um misto de realismo e nostalgia, ou de autores como Don Lomax e Joe Sacco que utilizaram este tipo de comics para reflectir profundamente na violência do mundo contemporâneo.

E, claro, também temos toneladas de personagens bigger than life, totalmente inverosímeis com aventuras em que o realismo fica no banco de trás.