Robert Kanigher, Andy Kubert (2010). Showcase Presents: Sg. Rock Volume III. Nova Iorque: DC Comics.
Começo a admirar Robert Kanigher, argumentista da época dourada dos comics que escreveu para os títulos de terror da DC, e se especializou nos comics de guerra Enemy Ace e Sgt. Rock. Em Sgt. Rock encontramos algo que vai para além da história masculina de aventura em combate. Kanigher deu aos personagens uma forte componente humana. A Easy Company, liderada pelo sargento, pode hoje ser descrita como multicultural. A principal preocupação dos militares, além de cumprir as ordens que lhes são dadas, é a sobrevivência dos companheiros de armas. Ainda mais interessante, particularmente atendendo à época em que estes comics foram publicados, é a mensagem fortemente anti-racista que Kanigher passa em histórias onde um soldado negro vence übermenschen alemães com os seus punhos ou, no limite, salva a vida de um companheiro de armas racista.
Situado no cenário bipolar da II Guerra, simplifica o carácter moral com um dualismo primitivo distinguindo o heroísmo dos aliados e a brutalidade germânica. Mas ao longo das aventuras da Easy Co. nos campos de batalha estas linhas tornam-se ténues. Sgt. Rock lamenta a inutilidade da guerra, o desperdício de vidas e a destruição. Vivendo das aventuras nos campos de batalha, é talvez o mais pacifista dos comics de guerra.
