quarta-feira, 18 de maio de 2011

VRML/X3D

Onde se resmunga sobre as constantes alusões às potencialidades pedagógicas dos mundos virtuais em Second Life / Open Sim e o esquecimento a que é votado o VRML/X3D.

Já ando há uns tempos de volta da tecnologia VRML/X3D e sempre me perguntei porque é que apesar de ser flexível, configurável, livre e fácil de trabalhar - desde editores dedicados como o vivaty studio a módulos de exportação/conversão do 3DS Max, Sketchup, Meshlab, entre outros, não tem a visibilidade e a popularidade de ambientes de mundos virtuais como o Second Life ou o Open Sim. O que parece estranho. O VRML/X3D também pode - e é, utilizado para criar mundos virtuais. Ao contrário dos mais famosos, não depende de clientes pesados (25 mb para o cliente SL, sempre a ser actualizado) e não gera grande tráfego de dados durante a interacção. Os ficheiros VRML/X3D descarregam-se para a cache do browser, enquanto o SL depende de actualização contínua... e é ver o tráfego a disparar, e ai da belas paisagens virtuais se a largura de banda não for suficiente para apresentar eficazmente o conteúdo 3D. Para visualizar e interagir em VRML/X3D basta um plugin levezinho, e os browsers de nova geração (leia-se as últimas iterações do Chrome e do Firefox) renderizam X3D nativamente em HTML5. Criar conteúdo 3D em VRML/X3D é fácil, com inúmeros programas a permitir exportar conteúdo neste formato. Ao invés, trabalhar com os prims do Second Life é dose. Posto isto, porquê a impopularidade de um formato já bem estudado e conhecido?

Hoje andava de volta de uns apontamentos sobre o OpenSim e percebi. Falta-lhe a componente social. Pode-se criar um belíssimo mundo virtual em VRML/X3D, e há muitos. Mas tudo o que o visitante pode fazer é estar dentro do espaço, interagir com outros utilizadores ou algum conteúdo dinâmico. Não pode criar o seu conteúdo e colocá-lo num espaço virtual tridimensional partilhado. Cada espaço virtual em VRML/X3D é essencialmente fechado, enquanto mundos como o Second Life são na sua forma mais elementar espaços abertos à espera das criações dos seus utilizadores. A introdução de novo conteúdo obriga à reconstrução do espaço virtual.

Também há um certo factor de visibilidade. O Second Life é muito bem promovido, e o VRML é quase desconhecido fora de contextos académicos. E é muito frustrante ver e ouvir falar de exemplos de utilização educacional dos mundos virtuais centrados no Second Life / Open Sim e ficar totalmente esquecida discussão similar com VRML/X3D, que é bem mais fácil de utilizar e com a vantagem que é relativamente simples colocar nas mãos dos alunos ferramentas para eles próprios criarem o seu conteúdo tridimensional e construírem aplicações educacionais.

É estranho, e frustrante. Até porque o VRML é uma tecnologia já antiga, com muitas iterações de desenvolvimento (a primeira especificação de Pesce e Parisi data mais ou menos da era em que Berners-Lee andava a criar o protocolo WWW) e cheia de potencialidade.