domingo, 8 de maio de 2011
Portugalnomics...?
Desculpem lá se não abano a bandeirinha nacional com este vídeo mas se há uma coisa que os finlandeses - ou qualquer outro povo com meio neurónio que veja este filme, aprendem sobre portugal é: vivemos no passado e temos uma mentalidade tacanha. Sim, tivemos uma longa história com feitos grandiosos. Já passou. É motivo de orgulho, mas já passou. E ainda temos a arrogância de o esfregar nos narizes dos outros. Isso é mentalidade pequena. É o pobretanas a lamentar-se ao rico que não tem dinheiro mas já foi melhor que ele. E se querem mesmo ser fieis à história portuguesa... então e os navegadores analfabetos que por serem iletrados não cartografaram as vastas expansões que descobriram? A fortaleza da Mina, esse grande entreposto de comércio... de escravos. O domínio português sobre Macau sempre foi ténue. Para adoçar a coisa, o filme ainda tem erros factuais. Vivemos a primeira metade do século XIX num estado permanente de guerra civil que só terminou quando os soldados se fartaram de revoltas. Introduzimos a inquisição em todo o seu esplendor com o contributo óbvio para o avanço nulo das ciências portuguesas, com autos da fé à mistura (outra expressão legada pelos portuguesas ao mundo... esqueceram-se desta). Inaugurámos as ditaduras caudilhistas europeias com Sidónio Pais em 1917. Vivemos décadas debaixo do jugo de uma ditadura fascista que fazia da pequenez portuguesa um ponto de honra. Enfim, portugueses somos. Apesar dos grandes avanços que demos nos últimos anos e das interessantes experiências dos nossos sectores de ponta, preferimos é continuar a tocar o fado do saudosismo histórico quando projectamos a nossa imagem no mundo. Orgulho-me de ser cidadão de um país com história, mas não me orgulho de ser cidadão de um país que vive na nostalgia de um passado que não regressará. Por mais vídeos que façamos.