sábado, 7 de maio de 2011

Irresponsabilidades


Não é boa ideia ir até à feira do livro para desanuviar depois de um longo dia de trabalho. Cometem-se alguns excessos. Vale é que fui apontadinho aos meus interesses: comics e FC e Fantasia. Mas não deixei de dar uma vista de olhos ao interessante pavilhão da editora Babel, muito bem desenhado embora sendo fechado quebre com a tradição de abertura da feira do livro, e às colecções de ensaio da Assírio e Alvim, sempre com boas anfetaminas para os neurónios.

Mas não escapou do stand da Devir uma edição de luxo dos clássicos Tales From The Crypt, horror EC no seu melhor, um pacote de José Carlos Fernandes contendo Um Catálogo de Sonhos, Coração de Arame e A Última Obra-Prima de Aaron Slobodj, e a edição portuguesa de Arkham Asylum para doar à biblioteca da escola onde trabalho, onde ainda abundam asterixs e rareiam coisas mais contemporâneas. Esta obra inimitável de Grant Morrison e Dave McKean foi uma das marcas da minha iniciação aos comics, por isso uma dosezinha de evangelização não fica mal.

Da outra paragem obrigatória, o stand da Saída de Emergência, vieram o Darwinia, cuja imagem surreal de uma europa literalmente selvagem me seduziu, e Lisboa Triunfante do mais coerente e interessante autor português contemporâneo de terror e fantástico, David Soares. A editora tinha uma promoção gira, adquira dois livros e leve três, o que explica o Pátria de R. A. Salvatore. Não sou particularmente fã de high fantasy e confesso hereticamente que apesar de admirar o génio de Tolkien tive uma certa dificuldade em ultrapassar o Senhor dos Anéis. É mais uma oferta para a biblioteca.

Contas feitas, mesmo com descontos deixei lá uma quantia que faria o senhor presidente cavaco olhar para mim com ar reprovador e dizer-me, naquela voz melífula, que me portei muito mal que neste momento de crise e oportunidades há que ser responsável com os meus dinheiros, que fazem mais jeito para pagar as dívidas do país do que para me dar alguma qualidade de vida. Mas que se dane, eu, irresponsável me assumo.