domingo, 1 de maio de 2011
Dr. Thirteen: Architecture and Mortality
Gad, Sir! Comics! | Dr. Thirteen
A mini-série Tales of the Unexpected trouxe duas boas surpresas. Sob argumento de David Lapham, o Espectro é redefinido como habitando o espírito de um polícia afro-americano cuja revolta perante as injustiças alimenta a violência vingativa do personagem mas cujo toque humano é o único limite à megalomania, numa história recheada de crimes com castigos tétricos.
A acompanhar esta narrativa surge uma pérola de meta-ficção saída da pena de Brian Azzarello: Dr. 13, Architecture and Mortality. Pegando num personagem de segunda linha, o céptico parapsicólogo Dr. 13 para quem a lógica é tudo e que nega toda a possibilidade do sobrenatural, Azzarello mistura-o com outros personagens do estábulo sobrenatural da DC em vias de esquecimento. Juntamente com a sua filha, 13, para seu horror e negação da negação do ilógico, é forçado a juntar-se a Anthro (um rapaz neandertal), o vampiro Andrew Bennet, o fantasma pirata Captain Fear, o líder da Primate Patrol, um bando de gorilas nazis, a heroína de poderes infecto-contagiosas Infectious Lass e o espírito de The Haunted Tank para lutarem contra a ameaça dos arquitectos da realidade. O que se segue é uma viagem alucinante pelos baús poeirentos da DC Comics, revisitando personagens esquecidos que já agraciaram títulos hoje descontinuados e conhecidos apenas pelos fãs do género.
O propósito deste comic inesperado é, talvez, ser uma crítica bem-humorada aos processos criativos e comerciais que ditam a vida ou morte de um personagem dos comics. Depressa percebemos que os arquitectos do título são os principais argumentistas da DC Comics, com o literal poder de aniquilar ou reviver uma personagem. A ilustração colorida em tons pop de Cliff Chiang sublinha o brinde offbeat aos fãs do género mais conhecedores dos arcanos e arcaicos personagens da editora.