sexta-feira, 29 de abril de 2011

Space Clusters


Arthur Cover, Alex Niño (1986). Space Clusters. Nova Iorque: DC Comics.

Num futuro distante, a Terra vive sobre uma normalidade mental imposta, onde as emoções consideradas desviantes implicam estadias em instituições de reeducação. A arte e os objectos artísticos são ilegais. Space Clusters conta-nos a fuga de um contrabandista de arte, homem sensível que recorre à violência para sobreviver, perseguido por uma determinada agente policial que não se detém perante quaisquer limites para deter a sua presa. Num registo space opera, a perseguição desenrola-se nos recantos mais obscuros da galáxia, e termina com a queda num buraco negro, que transmuta os arqui-inimigos em duas forças cósmicas opostas, de criação e destruição.

O que distingue este comic, para lá do tom space opera de um argumento banal, é a ilustração elegante de retoques psicadélicos de um dos mestres clássicos dos comics, Alex Niño. Ilustrador de estilo muito pessoal, diverte-se com a sua iconografia ao longo das páginas desta graphic novel esquecida. Os limites das vinhetas são quebrados em pranchas que funcionam quase como quadros recheados de psicadelismo. É certo que é um estilo datado, mas nem por isso menos fascinante. Ao contemplar as páginas deste Space Clusters é impossível não pensar no estilismo similarmente cósmico e psicadélico de Eternus 9, do português Victor Mesquita.