segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hellboy: The God Machine


Thomas Sniegoski (2006). Hellboy: The God Machine. Nova Iorque: Pocket Star Books.

Mike Mignola encontrou um filão com o seu Hellboy. O demónio másculo e de bom coração capturou a imaginação popular e o seu criador expandiu os comics originais para novos nichos. O fenómeno ajuda a manter a linha de comics Bureau ofr Paranormal Research and Defense, sem o personagem icónico mas explorando as aventuras dos intrigantes companheiros de Hellboy, estende-se ao cinema, com particular mérito na primeira adaptação cinematográfica em que Guillermo Del Toro se diverte com todo o visual fantástico, de fc e steampunk do universo do personagem. E não esquece as adaptações literárias. É o caso deste God Machine.

Tie-in com a série de comics, este livro nada traz de novo. Desenrola-se linearmente, com muita previsibilidade, até porque por muitos que sejam os meandros da história já sabemos como termina... Hellboy salva o mundo, novamente e outra vez. Talvez por isso o autor tenha dado uma atenção especial aos vilões obrigatórios, caracterizando-os mais profundamente que os heróis. É neste ponto que o livro se torna interessante com o retrato de uma seita reencarnada que trabalha arduamente para trazer ao mundo o seu deus, apenas para perceber no clímax que estavam profundamente errados e dando assim o passo para a redenção.

É esse o argumento em traços gerais. Hellboy e os restantes operacionais do B.P.R.D. investigam o desaparecimento de artefactos com poder mágico - desde pedras sagradas a copos de plástico por onde bebeu Elvis, chocando com uma seita tecno-religiosa que reencarna e regressa ao trabalho pelo seu grande objectivo: trazer à Terra um novo deus, ansiando por um futuro glorioso para a humanidade. Os insanos electricistas misturam magia com tecnologia para roubar energia espiritual que armazenam em baterias. Infelizmente, não se trata de uma divindade bondosa mas sim de um arcanjo destruidor sedento por aniquilar a vida no planeta e fazê-lo regressa ao pristino estado pré-biótico. Mas tranquilizem-se, tudo se compõe. Os tecno-religiosos apercebem-se tardiamente do erro da sua via, o grande perigo é derrotado pelos esforços do herói com uma ajuda de outros arcanjos, e a vida regressa ao seu curso normal.

Nada de profundo, sugestionador de questões de índole filosófica e com palavras meditativas. Apenas um simpático Pulp moderno, com personagens bem conhecidas, semi-deuses metálicos e zombies mecânicos. Zombies mecânicos. Saboreiem as palavras e o conceito.