Dividi a leitura da edição mais recente da Bang! em dois momentos. Comecei por devorar os artigos e ensaios, visões muito interessantes sobre o panorama da FC e Fantasia. António de Macedo termina a sua análise de uma possível historiografia da literatura fantástica portuguesa revelando um nicho muito rico que não se esgota nos autores mais conhecidos. Outros pontos de interesse são os artigos de Pedro Gadanho sobre FC e arquitectura, recordando que a arte dos edifícios tem muito em comum com a arte de imaginar o futuro, uma recolha de Pedro Marques sobre a surpreendente estética das capas de obras de FC que vai mais longe do que as esperadas ilustrações pulp ou de space opera, a introdução de Safaa Dib à cinematografia de horror nipónica e a visita de João Lameiras às adaptações de Lovecraft à banda desenhada.
Os contos não ficam atrás da qualidade dos ensaios. Os Crisântemos Africanos de Jorge Palinhos é uma pérola da palavra escrita, que nos agarra pela elegância literária. Anderson Santos mostra na bem humorada A Invasão o lado obscuro de um dos mais inescapáveis ícones pop, Memorial de Elizabeth Bear é um bom conto de hard sf com um toque pós-apocalíptico e os mundos de fantasia estão representados por uma aventura de Drizzt, o Elfo Negro, de R.A. Salvatore, atraente mesmo para quem não seja fã do género.
Reunindo ensaio e ficção, bem escrita, ilustrada e editada, a Bang! continua a mostrar-se como o elemento de qualidade que faltava para divulgar a FC e Fantasia em portugal. E o preço é óptimo...
