terça-feira, 15 de março de 2011
O Ritual
Os exorcismos são temas interessantes para a cinematografia de terror. Misturam uma certa ideia de oculto com mitologia cristã e a aura metafísica da igreja católica. Mas um tema interessante não chega para um bom filme de terror. Precisa-se de um bom argumento, capaz de explorar as subtilezas ou os aspectos fantásticos, de actores e efeitos especiais convincentes. Todos estes elementos faltam ao Ritual.
Poderia ser um filme interessante sobre exorcismos, se não passasse de uma colagem pretenciosa de conceitos roubados a outros filmes e livros de horror. O argumento não se dá ao trabalho de explorar os diferentes sub-textos em que se baseia - o cepticismo do personagem principal, o terror do oculto, a organização tentacular da igreja, um certo interesse romântico. Os actores limitam-se a declamar as linhas, sem se darem ao trabalho de tentar transmitir profundidade aos personagens. Anthony Hopkins foi claramente colocado para trazer star power ao filme, mas sempre que entra em cena nota-se uma certa expressão de "ok, deixa-me lá fazer isto e ganho mais uns trocos para pagar as contas e ir jantar fora". E se o filme não poderia ser pior, ainda é extremamente ofensivo para com os italianos, sempre retratados como criaturas terceiro-mundistas, semi-analfabetos mergulhados em crendices que habitam em casas delapidadas.
O Ritual, este espectáculo de hora e meia de tédio, nem merece a largura de banda de um download ilegal, quanto mais o preço de um bilhete. Talvez um neófito nestas cinematografias o considere interessante, mas conhecedores do género de Horror não se deixam impressionar por superficialidades pretenciosas. Fiquem-se pelo trailer. É mesmo o melhor do filme