Ian Tergillis (2010). Bitter Seeds. Nova Yorque: Tor.
Brilhantemente distópico, este primeiro de uma série de três livros mistura elementos de história alternativa, ficção científica e horror num enredo interessante, que agarra o leitor e o deixa com vontade de continuar a ler após a conclusão deste primeiro volume. Bitter Seeds é um recontar fantástico da II Guerra Mundial, com percursos diferentes.
A ameaça alemã é exacerbada por um grupo de soldados com poderes especiais, criados por violentas manipulações de grupos de crianças por um cientista alemão que decide utilizar a genética para concretizar promessas do ocultismo. O resultado é um grupo muito especial, do qual se destaca uma precognitiva cuja capacidade de antever o futuro a leva a manipular os acontecimentos de acordo com objectivos que ficam sempre inexplicados. Em reacção, um departamento secreto inglês socorre-se de forças ocultas devastadoras para colmatar as inferioridades militares. Mas esse socorro tem um preço: as entidades denominadas de Eidolons exigem pagamentos de sangue para agir, o que leva o governo inglês a causar atrocidades sobre a sua própria população numa estratégia desesperada de sobrevivência.
A descida no negrume é espelhada pela evolução das personagens principais desta obra. Se Gretel, a precognitiva alemã, permanece sempre enigmática, os agentes ingleses vão mergulhando num desespero cada vez mais marcado quer por ódio pessoal, reconhecimento de necessidade de sobrevivência a todo o custo ou profundos remorsos pela violência provocada pelas acções tidas como necessárias.
O final deste primeiro volume traz-nos uma Alemanha em ruínas, um continente europeu assolado por um inverno rigorso causado pelos Eidolons, uma aliança inquieta entre britânicos e soviéticos, os soldados germânicos miraculosos nas mãos do exército vermelho e um desapiedado programa britânico de utilização de forças ocultas como forma de manter a superioridade imperial numa realidade em que as suas forças militares se encontram enfraquecidas. Um começo promissor.
