terça-feira, 29 de março de 2011

Auschwitz


Miklos Nyiszli (1993). Auschwitz. Nova Iorque: Arcade Publishing.

É uma lição da história que não deveremos esquecer. O catálogo de atrocidades incomensuráveis cometidas em Auschwitz, narradas aqui pela pessoa de um médico judeu que teve a dúbia sorte de ser escolhido pelo famigerado Dr. Mengele para o auxiliar nas pesquisas pseudo-científicas que são, em si, um marco negativo na história da ciência médica, não tem paralelo nas épocas históricas.

Internado no mais famoso dos campos da morte nazis, Nyiszli salva-se graças à pouco grata tarefa de dissecar cadáveres para os registos de Mengele. Rodeado de morte aleatória à escala industrial, trabalho não lhe falta, mas não é sobre as infames pesquisa que versa este relato. Antes, é uma história de horror real, que retrata a normalidade da anormalidade, do dia a dia junto aos crematórios onde milhões foram gaseados e cremados. O que emerge é uma imagem de brutalidade pura, de uma verdadeira linha de montagem de morte onde poucos escapam.

Perante a avassaladora estatística, é nos detalhes, nas pequenas histórias, que reside o pior horror. Entre as muitas desventuras, Nyisli reaviva uma sobrevive improvável das câmaras de gás, apenas para assistir ao seu assassínio com um tiro na nuca momentos depois. Mas este não é desde longe o mais horrendo dos acontecimentos narrados pelo autor neste catálogo de atrocidades que marca indelevelmente a história da humanidade... cuja memória, cinquenta anos passados, continua curta.