quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Metropolis


Osamu Tezuka (2003). Metropolis. Milwaukie: Dark Horse Comics.

Scridb | Metropolis

Osamu Tezuka é uma das lenda do Manga. Percursor, foi dos primeiros desenhadores a participar na explosão do género no Japão dos anos 50 e criou Astroboy, uma das personagens mais icónicas do género. Este Metropolis, criado em 1949, é uma curiosa banda desenhada em que Tezuka, com o seu estilo muito próprio, brinca com o clássico filme de Fritz Lang e ícones da banda desenha e ficção de uma forma feérica que à sensibilidade ocidental parece estranha. Numa cidade futurista, um cientista que pesquisa vida artificial cai nas mãos de um terrorista que o obriga a criar um ser humano artificial. Animado por uma rara explosão de manchas solares, o andrógino Michi tenta procurar o seu criador enquanto se embrenha numa revolta de seres robóticos instigada por um detective que procura o terrorista.

Se a Maria de Lang serve de inspiração respeitosa encarnada na Michi de Tezuko, tudo o resto é sátira consumada no estilismo do autor. Numa cena hilariante, um detective japonês consegue prender o terrorista, mas como ainda não tinha as necessárias autorizações para agir como polícia liberta-o, cortêsmente. Noutro registo, uma invesão de animais mutantes gigantes ameaça a cidade... cujos cidadãos têm de lidar com enormes ratos Mickey. Até Popeye surge, de raspão, algures no meio das vinhetas. A belíssima sequência inicial parece recuperar os dinossauros de Winsor McKay.

Este manga ainda não é da época em que o estilo se definiu como profundamente realista e detalhado. O traço de Tezuka aproxima-se mais do cartoon e da banda desenhada humorística. Fãs de manga contemporâneo podem surpreender-se com esta estética mais clássica, mas o talento de Tezuka para contar histórias e o seu traço brincalhão continuam a cativar.