Até agora uma semana curiosa, com um toque de goebbels. Domingo foi dia de festa desportiva, com os media centrados nos festejos dos adeptos do clube vencedor de um campeonato de futebol (não me perguntem qual, não me façam perguntas difíceis). Segunda foi dia misto, de rescaldo do futebol e antevisão de delírios religiosos. Nos restantes dias os media foram dominados pela visita papal, coberta até à exaustão por um exército de câmaras de video. Passou-se mais alguma coisa digna de notícia? Certamente, mas foi esmagada pelo peso da visita de um representante de uma religião a um estado supostamente laico. Com alguma subtileza e sem hipótese de discussão passaram medidas económicas restritivas para todos nós, justificadas pela necessidade legítima de controle de défices financeiros mas realmente para agradar a agências financeiras e de rating. Compreendo a necessidade de controlar despesas. É economia elementar, daquela que não precisa de um doutoramento para ser compreendida - gasta-se o que se tem, e se se gasta mais do que se tem é bom controlar a coisa. Mas cada vez menos compreendo esta necessidade de dar aos mercados - leia-se financeiras, grandes bancos e agências de rating que controlam a direcção dos fluxos financeiros internacionais geralmente para uma direcção muito específica, sinais de que estamos dispostos a deixar populações na penúria para manter um sistema que dá cada vez mais sinais de uma volatilidade e instabilidade crescentes, talvez por ser controlado por algoritmos escritos para maximizar lucros a curto prazo em vez das necessidades reais da sociedade. Será que Adams reconheceria hoje a sua mão invisível?
Mas isto não se discute. Hoje, o pais reza. Assim é que se resolvem os grandes problemas contemporâneos, com o ajoelhar medievalistas. Goebbels ficaria apaixonado pela forma como hoje se consegue controlar as opiniões. Quem diria: afinal a liberdade de expressão é totalmente compatível com o controle dos media. Basta criar pontos de interesse e cobri-los até à exaustão que a atenção popular fica condicinada e submissa.