terça-feira, 4 de maio de 2010

Educação Visual e Tecnológica

Criada pelo Decreto Lei nº 344/90 de 2 de Novembro, a área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica está enquadrada nas áreas artísticas do ensino básico. A sua implementação, unido numa só disciplina as antigas disciplinas de Educação Visual e Educação Tecnológica gerou alguma polémica pela integração num mesmo espaço físico e curricular de professores destas duas áreas (Rocha, 2001), levando a ao privilegiar das áreas visuais sobre as tecnológicas pelos docentes da disciplina. Por esta razão, a disciplina é leccionada simultânemente por dois professores, constituídos em par pedagógico.

A disciplina contempla, no 2º ciclo do ensino básico, conteúdos ligados às artes visuais e à educação tecnológica. O currículo da disciplina prevê uma abordagem aberta aos conteúdos programáticos, centrada em grandes áreas de exploração. Como área híbrida, explora noções e experiências ligadas às artes visuais (desenho, pintura) e à educação tecnológica (mecanismos, materiais, mecanotecnias) onde “o processo criativo determina a acção de alunos e professores no desenvolvimento de artefactos e nas aprendizagens”(Martins, 2007, p. 54). É uma área que incentiva ao trabalho colaborativo, em que muitas das possíveis abordagens não são realizáveis apenas com trabalho individual. A gestão destas vertentes está a cargo de cada docente, através de propostas de unidades de trabalho que englobem estratégias que agregam vários aspectos das áreas que compõem a disciplina.

Rocha (2001), observando que as diferentes formas de ensinar são influenciadas por concepções sobre o valor educacional dos assuntos, assinala que “os professores manifestam concepções de carácter formalista, valorizando o desenvolvimento da percepção através da análise de elementos e princípios de design e que as actividades envolvem aprendizagens relacionadas com técnicas e materiais associados a produção de objectos de expressão plástica e com conceitos de design (2001, p. 4), privilegiando actividades “que focavam o estudo de elementos visuais (cor, forma, estrutura, textura, etc.), de princípios de design (equilíbrio, proporção, etc.) e de técnicas e materiais de expressão plástica (pintura, modelação, estampagem, etc.) (2001, p. 186). Ainda de acordo com esta autora os docentes da disciplina consideram que os principais contributos desta para a formação do indivíduo envolvem o desenvolvimento do pensamento crítico, aquisição de hábitos de trabalho autónomo, colaboração grupal, aquisição de competências estéticas e desenvolvimento da criatividade. São concepções que influenciam as experiências de aprendizagem propostas aos alunos.

A disciplina de Educação Visual e Tecnológica é muitas vezes avaliada e valorizada pelos seus produtos e não pelos seus processos. No entanto, o objectivo essencial do trabalho realizado na disciplina não é o de criar um produto final por si só, mas sim o de levar cada aluno a explorar processos de criação, concepção e resolução de problemas que privilegiam o questionar criativo de possíveis soluções para os problemas decorrentes do objectivo do trabalho numa perspectiva de “integração do trabalho manual e do trabalho intelectual, em que o exercício pensamento/acção aplicado aos problemas visuais e teóricos do envolvimento conduza à construção de uma atitude simultaneamente tecnológica e estética” (Ministério da Educação, 1991, p. 6).

Os pilares estruturantes desta área envolvem a criatividade, o trabalho de projecto a partir de situações-problema identificados pelos alunos e a exploração de diversos meios de expressão. Apesar do seu carácter criativo, a disciplina encontra-se muito ligada aos meios tradicionais de expressão artística – desenho, pintura, modelação, através da exploração de materiais pictóricos e da aprendizagem de técnicas de expressão plástica tradicionais