sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ele há dias...

Enquanto o espaço aéreo europeu se descongestionou graças à nuvem de poeira vulcânica islandesa, consegui sair de casa sem as minhas chaves. Sair não é problema, regressar talvez. Normalmente sou paranóico com as chaves e não saio de casa sem vasculhar os bolsos, mas hoje consegui confundir as chaves do carro, um maço de tabaco, o isqueiro e uma pendrive com o molho de chaves (da minha casa, de casa dos meus pais e de algumas salas e armários da escola... o molho é volumoso). Este auspicioso começo de dia desabrochou durante a manhã. Ao ajudar um grupo de alunos que quer criar um site, consegui alterar a password de um dos servidores que uso - password de acesso, ftp e mysql. Com isso alguns sites que tinha em wordpress... deixaram de existir. A maior parte estava paralisada, mas o de uma associação de pais é caso mais complicado. Passei o resto da manhã a editar os index.php a ver se safava a coisa. Sucesso nulo. Pelo menos deu-me algo que fazer enquanto aguardava por um magalhães com avaria, compasso de espera de uma hora. Tenho a certeza que mal saí da escola para ir a outra escola a propretária do magalhães chegou.

Mas na EB1 da Venda, à tarde, vi algo que me fez ganhar o dia. Tenho andado por lá a configurar trinta e poucos computadores doados com o mix habitual de office, open office, jogos e aplicações educativas open source. Já só faltam quatro. Enquanto instalava nuns e noutros, uma colega, professora do primeiro ciclo, convida-me (aliás, obriga-me) a ir à sala dela ver uma coisa. Que coisa? Uma turma inteira a trabalhar com o magalhães. Em processamento de texto, actividade algo primitiva para um professor doidivanas como eu que insiste em criar mundos virtuais com os alunos de 5º e 6º ano, mas é uma iniciativa a aplaudir: é preciso um grande esforço para arranjar tempo, actividades, gerir a turma e gerir a logística dos computadores. Sei bem o que isso custa, as dores de cabeça que dá e o esforço por vezes inglório de integrar o digital num sistema de ensino que apenas valoriza a memorização, apesar de tudo o que é dito em contrário. Foi um bom momento. Valeu pelas guerras, pelos sorrisos complacentes que se recebem quando falamos da integração da tecnologia na sala de aula, aqueles sorrisos de "isso é muito bonito mas... ".

E o compasso de espera entre chegar à Ericeira e poder entrar em casa permitiu-me tirar esta fotografia. O Xperia portou-se bem. Ele há dias em que há males que vêem por bem. Entretanto a poeira vulcânica continua pelos céus europeus. Menos emissões de CO2 das aeronaves...