Valorizando a construção activa do conhecimento através de actividades práticas, colaborativas, de questionamento da realidade envolvente, o Construcionismo/Construtivismo é a teoria de aprendizagem que melhor se integra na utilização do computador como potenciador do desenvolvimento completo da criança, utilizado como canal de expressão criativa e aquisição de conhecimento actuante. Como observam Oblinger e Oblinger, “it is not enough for us to accept a professor’s word. Instead, we want to be challenged to reach our own conclusions and find our own results. Lessons last longer, in our minds, if we understand the relevant steps to reach them” (2005, p. 57).
Coutinho (1995) aponta ao construtivismo raízes em Dewey, Piaget, Wittgenstein, Vygotsky, Bachelard, Bruner e Ausubel, definindo-o como aprendizagem enquanto processo activo de construção e não mero aquisição de conhecimento, implicando transferência do centro de ensino de professor para aluno para efectuar aprendizagens em equilíbrio entre individuo e contextos social, escolar e curricular.
Para Terwel (1999) o construtivismo tem raízes na tradição filosófica e é visto como uma aplicação das ciências cognitivas, ligado ao pensamento de William James e Dewey de instrução como reconstrução de conhecimento, encontrando princípios similares em Montessori, Freinet, Decroly, Petersen e noutros movimentos progressistas, enfatizando o papel activo desempenhado pelos alunos na aquisição de conhecimento e construção social de saber (Vygotsky), aprendizagem situadas em contextos significativos envolvendo comunidades de prática (Lave). A interacção social é um factor estruturante de aprendizagens: “as a consequence of many years of study, researchers now know that learning through interaction is a promising option. Under certain conditions and for certain purposes, forms of co-operative learning have proved to be motivating and effective” (1999, p. 3).
Valadares (2007) refere os ambientes de aprendizagem e investigação construtivistas como baseados em factores sociais nos processos de construção pessoal de conhecimento (Vygostsky), nos conceitos de acção (questionar, seleccionar informação, envolvimento; reflexão (reflectir no pensamento e objectivo correcto); colaboração (diálogo); cultura (pertença num mundo cultural como padrão de vida e pensamento sobre a realidade) postulados por Bruner, na negociação de significados postulada por Novak e Gowin, e na aprendizagem situada e comunidades de prática postuladas por Lave e Wenger.
Jonassen observa que “o argumento para o construcionismo é o conhecimento enquanto construção, que defende que a aquisição de conhecimento é um processo de concepção, facilitado quando os alunos se encontram activamente empenhados na construção de conhecimentos e não na sua interpretação ou codificação. Os alunos tornam-se criadores quando se centram na aquisição de informação em função de um objectivo, gerando casos-modelo e utilizando os argumentos proporcionados pela matéria em análise para justificar a concepção” (1996, p. 228).
Resnick aponta que Piaget demonstrou que a aprendizagem é mais do que um mecanismo de aquisição de informação transmitida, sendo um processo activo de construção de conhecimento através de exploração, experimentação, discussão e reflexão. Aqui os computadores podem auxiliar como ferramentas de criação e expressão, e se utilizados apenas como elemento de transmissão de informação o seu potencial é desperdiçado, uma vez que “computers are wonderful for transmitting and accessing information. Furthermore, they are a new medium through which people can create and express themselves. If we use computers to simply deliver information to students, we will fail to take advantage of the revolutionary potential of new technology for transforming learning and education” (2001, p. 3). Resnick defende actividades de expressão e criação no computador como experiências de aprendizagem significativas, sublinhando que a fluência digital, aprender a usar o computador, é mais do que aprender a utilizar aplicações, implica saber construir significados com a tecnologia, potenciadora de construção de ambientes de aprendizagem construtivista, efectuando trabalho e apoio colaborativo através de actividades e utilização de ferramentas e informação baseando-se no fomentar de colaboração e cooperação entre grupos, troca de ideias, ajuda mútua e construção de espírito de grupo (Valadares, 2007).
Bares, Zettlemoyer, & Lester (1998) reflectem que o construtivismo aplica-se como teoria pedagógica subjacente ao recurso a ambientes virtuais, pelas componentes de exploração activa e resolução de problemas, sendo que “most central among the tenets of constructivism is that learners should be engaged in active exploration, they should be intrinsically motivated, and they should develop an understanding of a domain through challenging and enjoyable problem-solving activities” (1998, p. 1).
Resnick (1996) aproveita o potencial das redes de computadores no apoio de trabalho cooperativo e colaborativo e eficácia no desenvolvimento de comunidades de construção de conhecimento para postular o conceito de construcionismo distribuído. Observando uma dicotomia entre distribuição de informação/instrução e pesquisa de informação para construção de conhecimento nas estratégias de utilização educacional do computador, Resnick aponta uma terceira via de construção comunitária de conhecimento como perspectiva que se insere o construcionismo distribuído. O autor baseia-se no construcionismo definido por Papert como teoria de aprendizagem e estratégia de ensino que a entende como processo activo de construção de conhecimento através de experiência, relacionando-se com o construtivismo inspirado em Piaget para maior eficácia na construção de conhecimento com envolvimento em produtos significativos. A focalizando na cooperação e colaboração através de redes de computador pode apoiar actividades de aprendizagem em três grandes vertentes: discussão de construções utilizando ferramentas de discussão para partilha de ideias, estratégias e pontos de vista, partilha de construções partilhando e reutilizando conteúdos elaborados), colaboração em construções de actividades em tempo real.