domingo, 18 de abril de 2010
Comics
The Unwritten: Esta interessantíssima série escrita por Mike Carey e Peter Gross conseguiu tornar-se mais interessante. Sátira inteligente à popularidade da literatura de fantasia sobre jovens feiticeiros que carregam um enorme peso sobre as suas costas enquanto aprendem a crescer, os mistérios de The Unwritten ainda estão por revelar, apesar das muitas peripécias de um personagem principal que poderá ser real ou ficcional na descoberta dos mistérios que atormentaram uma infância entre a realidade e as ficções imaginadas por um pai desaparecido. O número mais recente sobe a fasquia da metaficção: mergulha-nos dentro de um mundo ficcional com laivos de Wind in the Willows ou Beatrix Potter, espaço bucólico habitado por simpáticos animazinhos antropomorfizados e pela persona infantil da sua criadora, uma mulher envelhecida. Bucólico e pacífico para todos menos para o bonito e psicótico coelhinho, que se sente aprisionado e não hesita em cometer as maiores atrocidades para tentar fugir. Ver um animal estilizado nas convenções da ilustração infantil clássica a praguejar é de ir às lágrimas.
Daytripper: a vida de Brás de Oliveira é dissecada com pormenores Joycianos e Borgesianos nesta apaixonante série. Cada edição é uma pequena mas rica história sobre momentos chave da vida deste personagem, homem normal a viver uma vida normal. Curiosamente, os autores insistem em matá-lo no final de cada edição. Talvez para nos fazer reflectir sobre a inexorabilidade do tempo. O que vivemos já não voltaremos a viver.
Vertigo Crime: a nova série de graphic novels da DC surpreende. Iniciou-se com uma curiosa digressão com um personagem clássico da Vertigo (John Constantine) mas nos livros seguintes houve coragem de arriscar conteúdo novo. O resultado está à vista: The Chill, uma história de crime fantástico sobre mitos celtas e selvas urbanas escrita por Jason Starr e ilustrada por Mick Bertilorenzi; Area 10, onde um detective persegue os segredos da trepanação e um assassino em série peculiar, escrita por Christos Gage e ilustrada por Chris Samnee num notável registo noir; e The Bronx Kill, uma história magistral e tétrica que nada fica a dever aos melhores policiais, da pena de Peter Milligan com ilustrações de James Romberger.