domingo, 22 de março de 2009

The Time Machine



Wikipedia | The Time Machine
IMDB | The Time Machine

Ver este filme, gloriosamente colorido nas cores garridas do cinema technicolour dos anos 60, é uma das saudosas recordações da minha infância. Revisitar o filme não lhe retirou o encanto, permitindo-me vê-lo com olhos mais habituados às nuances e subilezas da FC sem perder o entusiasmo pela pura aventura.

Produzido e realizado por George Pàl, produtor responsável por alguns dos clássicos do cinema de ficção científica - A Guerra dos Mundos é uma das suas produções, The Time Machine adapta ao grande ecrã a obra homónima de H.G. Wells. A adaptação não é fiel. A narrativa sucede-se de forma similar à obra literária, mas o espírito social progressista do texto de Wells é trocado por uma forte mensagem pacifista.

Convém relembrar que The Time Machine, sob a pena de Wells, é uma parábola sobre a insjutiça social, para lá de um lamento sobre a inelutabilidade do tempo, que transforma as maiores obras e aspirações da humanidade em poeira esquecida. A metáfora dos Eloi/Morlock como um horrível deturpar das relações sociais entre a classe trabalhadora e a classe dominante é levemente abordada no filme produzido por Pàl. A tónica, comum à FC dos anos 50 e 60, coloca-se nas terríveis consequências da guerra. Reescrevendo o argumento com o benefício do conheciento da história, as pausas do bravo explorador da quarta dimensão levam-nos à Londres da I Guerra, à Londres debaixo do ferro e fogo do blitz, e a uma Londres dos anos 60, aniquilada por um ataque nuclear (a que o viajante miraculosa e incoerentemente sobrevive).

A estadia entre os Eloi adquire um carácter messiânico, com o nosso viajante, incompreendido na sua época, a tornar-se um líder para os adolescendes de cabelo dourado que são o principal prato na dieta dos Morlocks.

O melhor deste filme reside nos seus cenários, garridas visões de tecnologia vitoriana. A máquina do tempo é uma frágil jiga-joga de latão e veludo com luzes coloridas. O grande ponto alto do filme (felizmente, um longo ponto alto) é a viagem ao longo do tempo, cena clássica da cinematografia de ficção científica que granjeou ao filme um óscar pelos efeitos especiais.

Esta obra clássica do cinema pode ser vista em dez partes no YouTube. (E não me venham com a história dos direitos de autor. É um link para flash video pixelizado, não para uma torrente ilegal. Já tentaram encontrar cinema clássico por entre a lixarada que entope as estantes de dvds da fnac, por exemplo, que até é das lojas melhor servidas de dvds de cinema com mais de vinte anos?)