segunda-feira, 23 de março de 2009

Rebel



Bernard Cornwell | Rebel

Bernard Cornwell (1994). Rebel. Londres: Harper Collins.

Rebel coloca-nos nos primeiros meses da guerra da secessão americana. Um jovem nortenho, Nathaniel Starbuck, filho de pregadores e ex-estudante de teologia caído em desgraça, encontra refúgio junto da família de um amigo na Virgínia recém-secessionada. Aí encontra um imprevisível destino como soldado ao serviço da Confederação, ao alistar-se numa legião liderada e financiada por um patético coronel latifundiário com aspirações nobiliárias. O romance culmina na batalha de Bull Run, primeira das grandes conflagrações da guerra da secessão, onde Starbuck encontra a sua verdadeira vocação ao ser baptizado pelo fogo do combate.

Rebel é um livro com uma bem vincada divisão em duas partes. Na primeira, e mais longa, Cornwell monta o palco para a sua comédia. Detalha a chegada de Starbuck ao condado de Faulconer, cenário prototípico do velho sul, e retrata as figuras idiosincráticas do condado, que convergem na patética legião que representa as piores ilusões da política e da guerra. Por interessante que o autor tente tornar estas aventuras, e por importantes que sejam para o grande arco histórico do personagem, ler esta primeira parte é quase atravessar um lodaçal. Não é o que esperava de Cornwell depois do ritmo e mestria de Sharpe's Battle. Na segunda parte, o autor não desilude. O baptismo de fogo dos personagens, na batalha de Bull Run, é Cornwell no seu melhor, a descrever com precisão os movimentos, a excitação, o horror e o ambiente do campo de batalha. São cento e poucas páginas de leitura compulsiva, a contrastar com o esforço em ler a narrativa até este ponto crucial.

Apesar destes pontos fracos, Cornwell é um autor de sucessos que sabe o que faz e os momentos finais de Rebel dão imediatamente vontade de pegar nos próximos volumes da série. A história, essa, sabemos como termina. Está patente nos livros de história. Resta a curiosidade de saber onde vão parar as estórias entretecidas por Cornwell.