quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bolas...

... não se pode largar uma piada de reunião matinal frente à máquina de café que é-se logo crucificado por ter opiniões divergentes do que é de bom tom, hipócrita e defensor de ideais mortos e enterrados (como igualdade e justiça social, que sim, sei bem que estão mortos mas continuam a ser os meus). É óbvio que não posso defender o indefensável nem apoiar formas rudes de protesto. Por outro lado, como professor cujo horário normal de trabalho anda a oscilar entre as oito e as doze ou mais horas diárias, com a carreira congelada à mais de quatro anos, logo sem qualquer aumento que compense a maior quantidade de trabalho, que defendeu a alteração de um modelo de avaliação que pouco mais era do que uma formalidade apenas para ver, com desencanto, a imposição de um sistema de complexidade bizantina, de critérios difusos e méritos limitados por quotas, que apesar de não subscrever as opiniões mais radicais não deixa de se sentir revoltado e até insultado pela corrente equipe ministerial, que assiste ao desmantelar do sistema público de ensino em benefício de entidades privadas, reservo-me o direito de ser mauzinho, de quando em vez. Mesmo que isso escandalize eventuais leitores. Se calhar, se um professor tido como "sensato e moderado" não tem pejo em apreciar uma atitude obviamente incorrecta para com uma ministra talvez seja um sintoma de que o mal estar tem alguma razão de ser.

PS: quanto a arremessos de ovos, como ao contrário dos maus professores que infernizam as memórias de infância dos leitores (e também as minhas) e da corrente equipe ministerial, trato os meus alunos com humanidade, não os temo.