segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Enigma da Atlântida



Edgar P. Jacobs (2002). O Enigma da Atlântida. Lisboa: Meribérica/Liber

Pura aventura é o que nos espera quando abrimos as primeiras páginas deste livro. De férias na ilha de S. Miguel, o Professor Mortimer faz uma estranha descoberta: um metal misterioso, radioactivo, que se assemelha ao lendário ouricalco dos mitos atlantes. Contacta o seu amigo Capitão Blake, e juntos mergulham nas profundezas da terra. Após uma traição do inefável Olrik, arqui-inimigo da dupla, Blake e Mortimer vêem-se obrigados a explorar uma imensa caverna sem saída, onde acabam por descobrir a nova Atlântida, uma avancadíssima civilização subterrânea construída pelos sobreviventes do cataclismo milenar relatado por Platão. Aqui, mergulham em cheio nas querelas políticas, envolvendo-se na luta contra a traição de um nobre atlante, que deseja conquistar o poder com auxílio dos povos bárbaros que vivem nos subterrâneos para lá da Atlântida. Nas lutas que se seguem, as comportas que impedem o oceano de entrar nas vastas cavernas são destruídas, forçando os atlantes a um novo exílio, desta vez numa outra galáxia.

A premissa deste O Enigma da Atlântida é interessante, e a história criada por Jacobs fascina. No entanto, a leitura do album fica aquém das expectativas. O grafismo está longe do minucioso trabalho gráfico de A Marca Amarela e a história conta-se mais através dos cartuchos, contendo extensos textos, do que através do desenho. A maior parte das vinhetas limita-se a ser ilustrativa, não contribuindo visualmente para o desenrolar da história. Não sendo um dos trabahos de maior nível de Jacobs, O Enigma da Atlântida vale essencialmente por aquilo que sugere, pelo mundo fantástico que Jacobs constroi, mas não explora, à volta dos mitos atlantes.