terça-feira, 21 de outubro de 2008

Black Gas



Warren Ellis, Max Fiumara (2006). Black Gas. Rentouil: Avatar Press

A abordagem aos zombies é bastante repetitiva. Grupos perdidos em espaços urbanos ou rurais, massiças aparições assustadoras de corpos semi-decompostos, e muito, muito gore. Variam os espaços, variam as épocas, mas as histórias são geralmente as mesmas: um grupo de sobreviventes que vai vagueando por entre cenas dantescas, acabando por ser devorado um por um com requintes de talhante ensandecido. Black Gas não é excepção, e o que o torna interessante é a virulência do argumento de Warren Ellis.

Desta vez, o apocalipse zombie acontece numa plácida ilha na zona verdejante de Seattle. Uma erupção vulcânica liberta um gás negro que transforma todos os seus habitantes em zombies, excepto aqueles que estão contra o vento. Que de qualquer forma acabam dizimados nas mandibulas dos monstros. O vento leva o gás até à cidade de Seattle, que depressa se torna numa zona apocalíptica. O governo resolve o problema da pior maneira possível: bombardeia a cidade armas atómicas, que... causa fissuras na superfície e libertam uma imensa nuvem de gás negro que alastra a todo o planeta. The end.

São estes pormenores apocalípticos, típicos de um dos mais viscerais argumentistas de comics, que transforma Black Gas numa obra à parte. Ellis não acredita em salvações e redenções, deixando que nos identifiquemos com os personagens apenas para nos chocar com o seu inevitável destino.