terça-feira, 28 de outubro de 2008

Age of Reptiles


Ricardo Delgado (1997). Age of Reptiles: Tribal Warfare. Milwaukie: DC Comics

Os dinossauros e toda a era jurássica capturaram a imaginação popular. Toda a visão, dada pelos paleentólogos, de um mundo fervilhante misteriosamente desaparecido, povoado por criaturas gigânticas, misto entre monstro mitológico e animal selvagem, enraizou-se definitivamente na cultura popular. Os traços deste fascínio passam pelo King Kong vintage, cuja cena mais memorável, criada por Willis O'Brian, é um admirável stop-motion que retrata a refrega entre o gorila gigante e um tiranossauro que inspirou Ray Harryhausen a tornar-se um mestre dos efeitos especiais. Nos anos 90, este fascínio atingiu o apogeu com a indelével adaptação de Spielberg do romance Parque Jurássico, que surpreendem pelo realismo da animatrónica dos efeitos especiais. O dinossauro é um ícone da nossa cultura pop global, talvez por nos recordar dos limites da nossa própria superioridade enquanto espécie.

Age of Reptiles: Tribal Warfare explora com mestria o gosto pelos saúrios que povoaram eras geológicas agora reduzidas a pó. Destaca-se por um intenso realismo, apenas quebrado por alguma antropomorfização emocional das personagens. A história é simples: as criaturas vivas têm de se alimentar, e no desolado mundo jurássico a vida fervilha, implacável.

O grafismo é admirável. Socorre-se de linha simples, sem grandes efeitos plásticos, mas muito eficaz na sua leitura. O cuidado colocado na representação das criaturas jurássicas é extremo, bem como na caracterização dos ambientes dos primórdios da terra. Toda a história se desenrola sem qualquer texto, narração ou diálogo, sendo eficazmente contada através do grafismo.

Age of Reptiles: Tribal Warfare é um daqueles comics que, dentro dos espartilhos do lado comercial do género, atinge novos limites e derruba as fronteiras do esperado.