sábado, 25 de novembro de 2006

Leituras

Café polvilhado com umas gotinhas de leite, um par de croissants diligentemente recheados de queijo mascarpone, e as leituras.

BBC | Plastic paper to cut emissions A Toshiba desenvolveu uma ideia surreal - papel de plástico, imediatamente reutilizável. Imprimie-se uma vez, utiliza-se, limpa-se, e imprime-se novamente sobre a mesma folha. Por enquanto as folhas de papel plástico - que utilizam o tetraphtalato de polietileno - permitem apenas 500 reutilizações. O objectivo é diminuir o consumo de papel, utilizando este papel para realizar impressões que não são permamentes - precisamente a maioria das impressões que se faz no dia a dia.

BBC | Hong Kong climate change threat Um think thank baseado em Hong Kong realizou um estudo sobre as consequências das alterações climatéricas a nível local e não gostou das conclusões. Sendo o delta do rio das pérolas - Hong Kong, Shenzen, Guagzhou e Macau - o coração económico e industrial da China, até pequenas variações climatéricas poderão dar origem a cheias - paralizando as manufacturas que fazem pulsar a economia da China, e do mundo (uma aplicação in extremis do princípio pensar global, agir local). Durante décadas, os cientistas e os ecologistas avisaram a humanidade sobre as consequências do desenvolvimento desenfreado, com resultados mínimos perante a escala do problema. Os governos limitaram-se a medidas quase cosméticas e o grande capital simplesmente ignorou os resultados. Agora, entram em campo os economistas, que apontam para os prejuízos financeiros das alterações climatéricas - e aí o capital levanta a orelhas, atento. Ética à parte, o que é importante é que talvez este seja o momento de viragem em que a nossa sociedade se une para combater o nosso grande desafio generacional.

Correio da Manhã | O baptismo de fogo Recorda-se aqui a figura daquele que foi o nosso Rommel, o nosso Patton, o nosso Montgomery - António de Spínola, militar até à medula, que com o seu tradicional monóculo chegou ao raro posto de marechal. Um dos pormenores mais fascinantes da sua biografia está na sua presença como observador na Frente Russa durante a II guerra. É-me difícil compreender alguém que em sã mente se ofereceu como observador junto da Wermacht em Estalinegrado, e que mais tarde veio a escrever o livro Portugal que futuro, tornando-se a figura inspiradora dos capitães de abril, e o homem no qual estes depositaram o poder em 1974.

Guardian | You'll find it on the web A televisão anda pelas ruas da amargura. Os responsáveis pelas produtoras de conteúdos esgotam os miolos em busca dos programas mais degradantes que se possam imaginar. O ponto mais baixo parecia ter sido atingido com o reality shows, mas ainda é possível descer ainda mais: a Fox, cadeia de televisão detida por Rupert Murdoch, planeou transmitir uma entrevista onde um assassino ilibado graças à perícia dos seus advogados contava como teria assassinado a sua mulher caso tivesse sido ele a assassiná-la. Perante o coro de protestos, o todo-poderoso magnata dos media foi forçado a cancelar a emissão. Mesmo assim, há um último reduto para o lixo televisivo - a internet, onde há sempre alguém que coloca online aquilo que ainda é impensável colocar na tv.

The New York Times | When beige won't do A explosão e a consolidação das novas tecnologias na nossa sociedade está a levar-nos a evoluir na forma como conceptualizamos o computador. Agora, o aspecto visual da máquina começa a ser tão importante como as suas capacidades. E já não era sem tempo. Ainda bem que aqueles caixotes cinzentos estão em vias de extinção. O design conta!

The Times | Ethiopia confronts somali warlords O corno de áfrica não prima pela estabilidade - há o problema da Somália, mergulhada há décadas na anarquia, e o constante conflito entre a Etiópia e a vizinha Eritreia. O ressurgir dos tribunais islâmicos como um poder estabilizador na Somália está a gerar um campo de batalha regional - acusando a Eritreia de armar as milícias islâmicas, a Etiópia está armar os senhores da guerra somalis e o seu governo - que o é apenas de nome. Este atirar de lenha vem apenas atiçar a fogueira numa das regiões mais quentes do planeta. Esperem, a curto prazo, mais caos e catástrofes humanitárias, desta vez sem marines a desembarcar em grande estilo dia D nas praias da Somália para as câmaras de televisão.