terça-feira, 13 de junho de 2006

Leituras

Guardian | Football envy at the UN Kofi Annan, secretário geral das Nações Unidas, confessa a sua profunda inveja do campeonato mundial de futebol. Se as nações competissem tão alegremente pelos direitos humanos, igualdades sociais e económicas, liberdades, erradicação da pobreza, erradicação da fome e de doenças, como competem por uma taça efémera, teríamos um mundo muito melhor.

BBC | Mars chip to test for life signs A ExoMars, a próxima missão europeia ao planeta vermelho, terá um componente muito especial: um minúsculo instrumento científico cujo objectivo é investigar sinais de vida sob a superfície marciana. Pessoalmente, gostaria muito de ficar a saber de uma vez por todas se estamos sózinhos no universo ou não. Mesmo que os nossos companheiros alienígenas sejam microbianos.

Sky News | Learn To Smile, Singapore PM Orders Em Singapura, possivelmente o mais abertamente fascista dos estados democráticos, conhecido pela forma como policia os comportamentos dos seus cidadãos para evitar comportamentos indesejáveis, foi lançada uma campanha arrepiante: o primeiro ministro ordenou aos cidadãos da cidade-estado que sorrissem , para convencer os participantes num encontro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional que Singapura é um paraíso terrestre de optimismo. Apenas uma curiosidade: os bloggers de singapura são obrigados a registarem-se no ministério da cultura, e se se atreverem a escrever algo que os censores ministeriais considerem inapropriado, são detidos.

Agora, sem leituras.

No dez de junho, o desfile do largamente simbólico poderio militar luso frente às altas autoridades do estado teve um momento ainda mais simbólico, quando um tanque avaria em plena parada militar. Vergonhoso. Se vamos gastar o dinheiro dos nossos impostos em material militar, ao menos que o gastemos em material decente.

No dia onze de junho, a entrevista que Miguel Cadilhe deu ao programa Diga lá excelência transmitido na 2: foi, simplesmente, arrepiante. Sob a cobertura de uma maior eficiência, Cadilhe e a sua igualha pretende privatizar tudo o que o estado presta de serviços públicos. Como bem se sabe, a única função do estado é acarinhar a classe política; todos os outros serviços estatais que desviam os dinheiros necessários à classe política deverão ser privatizados, em nome da eficiência. E porque não manter públicos os serviços públicos, e privatizar a classe política portuguesa, para ver se melhora a sua eficiência?

O New York Times é avesso a links, por isso boa sorte para tentarem ler a reportagem original. Numa reportagem alarmante sobre o futuro da nossa sociedade interconectada, o New York Times revelou que é práctica comum dos departamentos de recursos humanos empresariais e das agências de emprego fazerem uma verificação dos blogs e das páginas de sites sociais (como o MySpace ou o Hi5) dos candidatos a empregos. Se um potencial candidato a um emprego tiver um excelente currículo, e uma página no mySpace com fotografias das suas bebedeiras, muito provávelmente não será contratado. Um dos funcionários de uma grande empresa justificou de uma forma eminentemente orwelliana que esta prática de pesquisa online nos diários digitais dos candidatos a empregos se destina a identificar elementos danosos à decência da cultura empresarial. O conselho dados pelos jornalistas à juventude que não se coíbe de, em nome da liberdade de expressão, de expôr online tudo o que pensa e o que faz, mesmo sem segundas intenções, é o de se restringir. Ficou também clara uma perigosa cultura empresarial em que a vida pessoal do trabalhador deve fazer parte da vida profissional - o funcionário que as empresas desejam a trabalhar para si não só deve ser um bom profissional, mas a sua moral e os seus costumes devem-se coadunar com aquilo que a empresa considera ser a boa moral e os seus bons costumes. Arrepiante fascismo de cara benévola são as palavras que me ocorrem para descrever isto.

Bem sei que não gosto de futebol, e confesso que pouco liguei ao jogo da selecção no mundial. Mas soube bem saber que o ganhámos.