quinta-feira, 25 de maio de 2006

Ligar os pontos

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Olhem para a imagem e digam o que vêem. Dois triângulos, um a cobrir o outro? Uma estrela hexagonal? Têm a certeza? Voltem a olhar, com mais atenção. O que realmente lá está são três formas circulares que se assemelham vagamente ao pacman e três linhas quebradas. Os triângulos, as estrelas, o triângulo branco que cobre o triângulo vermelho, tudo isso está apenas na vossa cabeça.

As ilusões de óptica são fascinantes. Não só porque são divertidas, mas porque nos revelam uma das constantes da programação básica do nosso cérebro: a nossa capacidade para organizar informações díspares em padrões visuais. É uma capacidade útil: na selva, aquele que é capaz de ver um par de olhos num padrão de folhas é aquele que não é comido por um predador, ou que leva para casa um jantar caçado na altura. Hoje já não utilizamos esta capacidade perceptiva para evitar ser a refeição de algum predador mais afoito, mas ainda dependemos largamente dela - e não falo aqui de todas as expressões artísticas que fazem tão brilhantes usos de padrões.

Esta capacidade da nossa estrutura perceptiva, estudada precisamente através de ilusões ópticas que enganam a nossa percepção visual, revela uma ideia alarmante: perante um conjunto de informações, a tendência da nossa mente é sempre de as organizar um padrão - mesmo que ele não exista, como no caso dos triângulozinhos da ilustração. Eles não estão lá, mas nós juramos a pés juntos que os vimos.

Fenómenos como o Código Da Vinci explicam-se precisamente por isto. Não há nada que mais nos fascine do que atribuir significados a ideias e imagens, e organizar esses significados em padrões. Quando nos surge algum padrão que nos dá um novo olhar sobre velhos símbolos, ficamos fascinados.