segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Triunfo Microscópico


Triunfo

Às vezes, é apenas divertido misturar imagens e ver qual é o senido que delas tiramos. E assim apresento o teatro microscópico.

Maldição da múmia, II

E cá continuo, a olhar para as minhas mãos entrapadas. Hoje não arrisquei ir trabalhar, mas fui à escola resolver uns assuntos. Esgotei as minhas piadas sobre sushi, coelho de cabidela e pontarias certeiras. "Então, o que te aconteceu?""Sushi", lá respondia.

A D. Idália, quem me chamou a ambulância, pediu-me que não desmaiasse, e contou-me que tinha deixado um saco com bastante sangue. Mais de meio litro. Que bom, pensei. Desta vez, as minhas armadilhas atingiram um novo nível.

E agora, burocracias. Terei de regressar a Mafra, onde a médica do centro de saúde me pediu a opinião sobre se deveria ou não tomar antibiótico (!!!), para ser novamente observado e pedir uma baixa. A solícita D. Clotilde, funcionária da secretaria a minha escola (sempre disponível para nos ajudar), pediu-me que o fizesse, para que o meu acidente contasse com acidente de trabalho (que até foi).

Mas ainda estou um pouco desorientado. Não me consigo imaginar a ter acidentes de trabalho - sempre equacionei a expressão acidente de trabalho com membros decepados por máqinas industriais, membros esmagados por maquinaria pesada, ou mortais mergulhos em caixões de cimento.

Mas tenho de me capacitar. Não foi trágicamente grave, mas não deixou de ser um acidente. Tenho de me deixar de heroísmos fúteis, e passar uns dias a recuperar. E o que tinha a fazer na escola, tem de parar. Os meus alunos, esses, terão de passar sem mim durante uns dias. (O que significa que os terroristas da minha direcção de turma se vão divertir à brava...)

E também havia de me deixar de posts lamechas.

domingo, 27 de fevereiro de 2005

Maldição da múmia

Há medida que a noite cai, não deixo de me sentir deprimido. O meu dedo parece uma batata, enrolado como está em ligaduras. Pouco falta para ser uma múmia.

Ando a ver demasiados filmes de zombies. Só mesmo efeitos especiais de extrema mutilação me convenceriam a desconstruir o dedo da maneira como o fiz. À primeira vista, parece uma tentativa falhada de cozinhar um prato sushi. Com mais pormenor, faz lembrar uma maquilhagem zombie, daquelas bem feitas.

E, claro, agora estou sujeito às deambulações pelos centros de saúde aqui da zona. Só isso, dava um romance. Ou um daqueles shows cómicos da moda. Com papeis à mistura.

Bem, vai ser uma semana relaxante. Já preparei alguns livros (é desta que eu vou conseguir ler a Ilíada?) - a Ilíada, Contos de Edgar Allan Poe, e um estudo sobre arte islâmica que eu ando para ler há já mais do que um ano. Ou dois. Agora, a minha única desculpa é que, com uma mão quase inutilizada, não consigo segurar nos livros...

No Estaleiro

Quem me conhece sabe que eu sou um pouco desastrado. Pronto, bastante desastrado. E também sabe que eu sou especialmente atreito a acidentes (tipo iman, por vezes).

Bem, na sexta feira à tarde, em plena aula, cometi a proeza de deixar um dos meus dedos no meio do caminho de um x-acto que cortava uma cartolina. Não deixei lá o dedo, mas fiquei umas gramas mais magro... e agora, estaleiro comigo.

Não vou perder tempo com reminiscências sobre a vida equanto olhava as luzes da sala do hospital. Ou o ridículo que me senti dentro da ambulância. Sei que vou passar uns dias apenas a recuperar, e a planear novas aventuras com x-actos. Bem afiados.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Fio do Horizonte


horizonte

O fio do horizonte começa a ficar monótono. Enquanto a norte neva, por aqui o horizonte continua azul. Azul, sempre azul.


fio azul

Edgar Allan Poe


Poe

O Corvo, o mais famoso poema de Poe, na nossa língua
The Work of Edgar Allan Poe
Biografia
Algo para ler

"Com certeza que estamos condenados a navegar continuamente nos limites da eternidade, sem nunca darmos o mergulho final para dentro do abismo." - Edgar Allan Poe, in "Manuscrito Encontrado Numa Garrafa"

Mestre literário do final do século XIX, amado pelos simbolistas franceses devido à sua prosa densa e obscura. Escritor do oculto e surpreendente, não se deixou ficar pela prosa infantil de contos de casas assombradas em charnecas esquecidas. O oculto está nas profundezas da alma humana, algo que Poe explora sem cessar nos fabulosos contos que escreveu. Ler William Wilson, O Poço e o Pêndulo, Mensagem Encontrada Numa Garrafa, Ligeia, Berenice, O Enterro Prematuro e outros contos, é mergulhar nas profundezas do século XIX, onde alguma superstição e obscurantismo se misturam com o dealbar da ciência moderna.

Não há fantasmas nem horrores mais profundos do que aqueles que atormentam a alma humana. Poe aborda os seus contos de forma mórbida, descrevendo minuciosamente os mais pequenos detalhes das monomanias que afectam a alma dos personagens. Em Ligeia, as saudades da primeira mulher do personagem do conto levam à morte da sua segunda mulher. As fobias, os medos aterrorizantes que consomem o nosso íntimo são dissecados ao pormenor - no conto O Enterro Prematuro, a terrível fobia do personagem, cujo maior medo é ser enterrado vivo, aliado a desmaios catalépticos, levam o personagem a acordar dentro de um caixão, e a concluír que todas as precauções que havia tomado haviam falhado, e uma vez salvo deste perigo, decide esquecer o medo e viver mais alegremente.

E muito poderia escrever sobre as profundezas psicosexuais do conto A Queda da Casa de Usher, ou sobre a ciência da época de Poe - mas a esta não resisto um cheirinho.

Antes das expedições polares de Peary (no norte) e Amudsen e Scott (no sul) ninguém sabia o que se encontrava no pólo sul. Gelo? Terras? Mistérios? Assim surgiu uma das mais curiosas teorias sobre a terra - a teoria da Terra Oca. Postulava esta teoria que a terra era oca, constituída por várias camadas interiores, e que nos pólos havia um grande buraco que servia de entrada para as terras interiores.

Pronto, sem comentários. Mas lembrem-se que as fotos tiradas por satélite são relativamente recentes. Foram até inventadas depois da roda.

Era uma teoria com alguma aceitação. Edgar Rice Burroughs (esse do Tarzan) e Júlio Verne (no livro Viagem ao Centro da Terra) fizeram uso dessa teoria. Mas nunca passou de uma teoria paracientífica, que não resistiu ao teste do tempo.

Se para esses lados tiverem virados, caríssimos e raríssimos leitores, sugiro que passem por uma livraria e adquiram um exemplar dos Contos Extraordinários de Edgar Allan Poe. A Fnac tem umas edições de bolso baratíssimas. E vale bem a pena o mergulho na prosa obscura do fantástico do final do século XIX.

O Corvo

O CORVO
Edgar Allan Poe

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

Tradução de Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Liga de Cavalheiros Extraordinários


Liga de Cavalheiros Extraordinários

Comics de Alan Moore
Devir


Alan Moore sempre foi o mestre dos comics. Qualquer comic, qualquer personagem tocada pela imaginação fértil de Moore, é sempre sinónimo de qualidade literária, que muitas vezes não está aliada a uma grande qualidade visual. Mas é assim o mundo dos comics - versão anglo-americana da Banda Desenhada, que está na fronteira entre o artístico e o comercial.

Alan Moore foi o autor dos comics mais influentes publicados desde os anos 80. Watchmen, V for Vendetta, From Hell, America's Best Comics, Monstro do Pântano, Miracleman... a lista é infinda.

Publicado pela Devir no ano passado, a Liga de Cavalheiros Extraordinários é um conto de aventuras numa inglaterra vitoriana idealizada a partir dos escritos dos escritores populares da época vitoriana: Conan Doyle, Bram Stoker, Edgar Allan Poe, H. Ridder Haggard, Verne. Moore pega nos imortais personagens, já um pouco esquecidos, e junta-os no clássico formato comic de clube de super-heróis. Allan Quatermain, o Capitão Nemo, o Professor Moriarty (arqui-inimigo de Sherlock Holmes), Willelmina Murray (a que sobrevive a Drácula), o Homem Invisível, Dr. Jekill/Mr. Hyde - unidos no combate às ameaças ao imperio britânico.

Divertido, erudito - aconselho a leitura.


Liga de Cavalheiros Extraordinários

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Fio do Horizonte


Fio do Horizonte

Hoje o fio do horizonte está mais próximo, embora nebuloso. Não era suposto estar a chover a cântaros?


Finisterra

Adeus Clié


Clié

Adeus Clié

O PDA que sempre quis ter. Nunca tive (muito caro). E agora jamais o terei.

A Sony lançou-se no mercado dos pda's com o Clié - um pda a utilizar o Palm OS (o mesmo dos meus palms) mas com o design sony, e invoações que a palm só se atreveu a lançar anos depois. Foram os primeiros palms com capacidades multimédia, com ecrã a cores, e com um design de fazer crescer àgua na boca.

Mas como a moda anda pelos telefones inteligentes, a Sony vai descontinuar os Cliés. A partir de junho, acabou-se. O Clié vai pelo mesmo caminho que o Newton da Apple.

Sistema Educativo

Fala-se muito em portugal do mau estado do sistema educativo. Todos dizem mal, e todos apostam em mais dinheiro, em formação de professores, novos métodos pedagógicos, reformas curriculares, e, perante o quase falhanço de todas estas medidas, intervenção divina. Pelos vistos, só com milagres.

Mas esquecemo-nos do mais óbvio - o próprio espaço escolar. A grande maioria das escolas onde passei eram autênticos pardieiros. Salas desadequadas, espaços degradados. Autênticos bunkers cinzento-sujo, com salas escuras, com condições mínimas. Salas de aula com tanta humidade que, no inverno, os trabalhos de pintura não secavam. Salas de aula onde, por razões de segurança, a àgua das torneiras está cortada - se não o fosse, a electricidade teria de ser cortada. Quadros de electricidade abertos, expostos às brincadeiras dos miudos.

Isto, para não falar da própria arquitectura dos espaços escolares. Prevalece o cimento, prevalecem espaços desadequados com poucas condições de segurança - escadas em cimento com poucas protecções, janelas com arestas vivas, falta de espaços interiores de lazer (quando chove, os alunos geralmente abrigam-se em telheiros). Escolas inadequadas às condições climatéricas - fornos no verão, congeladores no inverno.

E são estes os espaços onde os nossos alunos passam grande parte dos dias mais fulcrais para a sua formação como pessoas. Pardieiros.

Tempos houve em que a pobreza geral do país justificava a pouca manutenção das escolas existentes e a construção apressada de escolas de baixa qualidade arquitectónica. Mas esses tempos já passaram.

Quando fui votar, depositei o meu voto no clássico liceu Filipa de Lencastre, no coração de Lisboa. Num bairro renovado, com as casas construídas nos anos 40 a brilharem, o liceu era um desastre - sujo, mal equipado, com um soalho de tábuas que devem datar da construção do edifício. Não é excepção à regra. Pelo contrário, é a regra.

Educamos mal os nossos alunos. Boa parte da educação, a que fica, é informal - é o exemplo que damos, o que se passa fora da sala de aula, fora do âmbito de programas e planificações.

E as condições dos espaços escolares representam um tremendo risco de segurança para as crianças. Quantos joelhos esfolados, quantos braços partidos não se evitavam com uma atenção mais cuidada na manutenção e construção dos espaços escolares? Há poucas horas atrás, numa aula minha, um aluno meu sofreu um acidente perfeitamente evitável, devido à arquitectura do espaço escolar. Ao sair da sala para ir buscar materiais para ajudar na limpeza da sala, bateu com a cabeça na aresta viva do caixilho de uma janela que se encontrava aberta. Felizmente, foi pequena a mossa. Mas poderia ter sido gravíssimo.

Queixamo-nos tanto da educação. Mas não nos importamos de dar aulas em locais onde jamais aceitaríamos viver, mas onde as nossas crianças têm forçosamente de viver todos os dias.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Top dos anos

Everyhit

Dêem um pulo ao site, preencham o formulário, e descubram qual era a música que estava a bombar nos tops no dia em que nasceram. No dia em que nasci, o pessoal curtia ouvir Tammy Wynette - "Stand By Your Man" (como single)e Stylistics - "The Best Of The Stylistics" (como album).

(Felizmente, tenho melhores gostos musicais.

Tecnofantasia

Blog de Luís Filipe Silva, Tecnofantasia

O blog de um dos melhores escritores portugueses de Ficção Científica. Vale a pena ver (e ler)

Venera


Venera IV

Soviet Exploration of Venus

Nos velhos tempos da União Soviética, havia recursos ilimitados para a investigação aeroespacial russa. A isso se devem os brilhantes avanços russos no espaço - sputnik, soyuz, mir... e as sondas venera a vénus.

Esta interessantíssima página conta a história desse projecto soviético. Desde as sondas interplantetárias aos foguetões que as lançaram.

Estéticamente, a tecnologia soviética sempre me fascinou. Herdeiros conscientes ou inconscientes do construtivismo, os engenheiros e designers soviéticos não fazem concessões à beleza. Tudo o que desenhavam, projectavam e construíam tinha formas utilitárias, denotando força pura e bruta, ângulos rígidos e arestas vibrantes. E é essa qualidade futurista de objecto sempre inacabado, de constante redesign e re-engenharia que transmite beleza aos objectos tecnológicos soviéticos - quer aos Mig 25 ou Mig 29, quer aos Proton, quer a estas esculturas feéricas que são sondas espaciais.

E pensar que o futuro já é história?

Cause du jour


cause du jour

Comittee to Protect Bloggers

Qual a importância destes nomes? São iranianos, escritores de blogs, que estão detidos por terem expresso nos seus blogs opiniões dissidentes. O regime dos mullahs iranianos não gostou.

Os blogs começam a aterrorizar. Há relatos de pessoas que perderam os seus empregos porque as empresas onde trabalhavam não concordavam com os conteúdos dos seus blogues. E há países onde este simples acto leva à prisão.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Eleições, II

Ontem terminaram mais umas eleições legislativas. O resulato era previsível - vitória do PS, com maioria absoluta, e derrota do PSD e do PP.

Boas notícias.

Santana Lopes, uma curiosa nulidade de língua afiada a condizer com forte vacuidade mental, desapareceu do radar. Políticamente, está morto, e espero que brevemente o enterrem.

Como não sou especialmente messianista nem sebastianista, não espero no Sócrates um salvador da pátria. Sabendo que os governos, hoje, são essencialmente governos de gestão, submetidos às conjunturas sócio-económicas, às directivas da UE e aos orçamentos e planos plurianuais, apenas espero do PS uma gestão cuidada. Talvez, à luz da história recente, uma esperança utópica...

Mais boas notícias. O CDS/PP sempre foi um partido que vivia acima das suas possibilidades, e exercia uma influência vastamente superior ao seu real poder. Mas os demolidores resultados para a direita destas eleições estão a levar à demissão do Paulo Portas. Como o PP sempre viveu (e se tornou "partido de estado") a partir do carisma do Portas, o PP sem portas irá reduzir-se a mesquinhas lutas internas e a uma posição na vida política equivalente à sua real nulidade. Não há aí grande perda.

Outra boa notícia: o meu voto contribuiu para uma subida em flecha do Bloco de Esquerda. Longe vão os tempos em que o BE disputou (e perdeu) um mísero deputado com o PSD. Agora estão lá oito bem seguros, e se continuarem a trabalhar bem, mais se seguirão. A esquerda moderna, intelectual e em sintonia com o século XXI, está a chegar ao poder. E o PCP está a perder as suas oportunidades, mantendo-se como se mantém na sua arqueológica posição campesino-proletária. Embora isso não lhe retire influência nem importância histórica.

Sempre fui um péssimo jogador de xadrês. A falta de paciência sempre se impôs sempre que me vejo frente a um tabuleiro. Mas mesmo se fosse um bom xadrezista, nunca jogaria contra o Presidente da República. Com jogadas e manobras subtis e seguras, Jorge Sampaio conseguiu cilindrar o PSD (lembrem-se que ele é do PS), eliminar Santana Lopes, limpar o PS e criar condições para o PS ter a sua maior vitória eleitoral de sempre.

Como? Vejamos:

A corrente crise política foi despoletada pela nomeação de Durão Barroso para a presidência da comissão europeia. Todos o criticam por isso, apelidando a atitude de fuga e "tachismo".Eu não partilho dessa opinião - a comissão europeia é o governo de facto da união europeia, e tem poder supra-nacional. Ao nível mundial, dos grandes jogos políticos, diplomáticos e económicos, é a comissão europeia que dá cartas, não os governos nacionais. Ter um português como presidente da comissão europeia é honroso e prestigiante. Não o perceber significa esquecer-se de que há um mundo para além das fronteiras portuguesas.

Após a demissão de Durão Barroso, o Presidente da república tomou a decisão mais contestada da sua carreira: manter o status quo político, mantendo o partido vencedor das últimas eleições (o PSD) no poder, o que permitiu a ascensão de Santana Lopes. Isto com a justificação da legalidade e contra a vontade de todos, que queriam eleições antecipadas. Mas eleições antecipadas pouco iriam resolver. Na altura, os partidos de direita detinham os votos. E o PS estava sob a liderança de Ferro Rodrigues, líder desacreditado pela sua presença nos governos de Guterres e pelos escândalos a envolverem-no no escândalo Casa Pia. O PS dificilmente chegaria a governo. Contra quase todos, o PR esperou. Deixou Santana Lopes enterrar-se mais, a cada dia que passava no governo. Os media, os jornais e as televisões, estavam ao rubro com cada vez mais críticas à actuação e incompetência do governo. E Ferro Rodrigues, percebendo a decisão do presidente como uma ofensa pessoal, demite-se da liderança do PS, abrindo caminho ao mais carísmático e acarinhado Sócrates. Meses depois, perante mais um sinal de incoerência e desgoverno, quando todos já estavam bem fartos do PSD, o Presidente demite o governo, e convoca as presentes eleições, que terminaram com este resultado inédito para o PS. Tudo isto, sem perder a imagem e a credibilidade, aparentando estar acima das tricas políticas.

Jogada de mestre. Xeque-mate.

Alba, II

Página de Edurado Kac


A coelhinha de Eduardo Kac é mais do que um mini-escândalo ou propaganda. Levanta profundas questões sobre o significado da arte, do papel do artista, e do significado da ciência.

A alba segue a tradição iniciada no século XX com os ready-mades de Duchamp ou algumas obras de Moholy-Nagy - em que o artista surge como teorizador e criador, mas não como construtor. O obejcto artístico tanto pode ser algo encontrado, como mandado fazer por artesãos. O valor artístico está não no objecto em si, mas sim no processo de criação. Isto quebra com a tradição do artista como um artesão superior e esclarecido, um mestre da pintura ou da escultura. Kac não pintou nem esculpiu Alba - encomendou-a a um laboratório francês. Então, o que é o artista? Um teórico na sua torre de marfim, manipulando e direccionando artesãos, ou um fazedor?

E quanto ao objecto em si? Alba não é uma pintura ou escultura, é uma coelha. Um ser vivo, não um objecto. Será o objecto de arte mais do que um simples objecto? Temos tendência a olhar para a arte como objecto - pinturas, quadros, desenhos, esculturas. Edifícios. Artes como a dança, a música e as performances poem em questão o domínio do objecto enquanto produto da arte. Alba eleva esta questão a órbitas geoestacionárias.

Para que serve a ciência? Alba é um animal genéticamente modificado. Para que serve a pesquisa científica? Qual será o impacto da ciência genética, e qual a posição ética de um cientista que manipula os genes de um animal para o prazer estético de um artista?

Se estas questões tivessem resposta, Alba seria um trabalho artístico desinteressante.

Red Sky


RedSky

Sobre esta colagem digital, recebi o melhor elogio que jamais recebi, da parte de uma colega, ceramista e professora em Alhandra. Para ela, este desenho provou que "os computadores também têm coração".

Fio do Horizonte




Finalmente chuva. Hoje o fio do horizonte está cinzento e enublado. Vai chovendo. Mas o mar é sempre belo, mesmo quando chove.

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Eleições

Hoje é dia de eleições. E, preguiçoso com sou, ainda não me registei na freguesia da ericeira, o que significa uma penosa viagem até à avenida de roma para deitar o meu voto no bloco de esquerda.

O voto inútil. Em oposição ao sr. Portas e ao sr. Santana. o voto pela voz dissidente e incómoda, com a qual por vezes não concordo. Mas não é a esquerda de gabinete do PS, nem a esquerda ultrapassada, arqueológica e proletária, do PCP. Esquerda moderna, urbana, ainda indefinida nos seus objectivos, mas disposta a lutar.

Os resultados das eleições são preveisíveis. Vivemos no novo rotativismo. É por isso que voto inútil - para tornar o marasmo político (são piores que as velhas peixeiras dos mercados com a sua mesquinhiçe) mais interessante.

Bons votos!

Alba


Alba, a coelhinha verde

Neofiles: uma publicação editada por R. U. Sirius

Onde a arte se encontra com a genética. Há uns anos, o artista brasileiro Eduardo Kac disputou em tribunal a custódia legal desta linda coelhinha verde com um laboratório de pesquisa francês. O laboratório tinha modificado a sequência genética da coelha para que esta tivesse uma cor verde sob certas luzes. Eduardo Kac tinha tido a ideia, e tinha trabalhado com o laboratório para a desenvolver. A que pertencia Alba?

O que chocou as pessoas foi a verdura do bicho. Um coelho, albino, anão, de olhos rosados, branquinh... não, verde?

É a nova arte criada não com tintas e telas, mas com tubos de ensaio e sequências genéticas.

Scitoys

SciToys

Um site curioso que ensina a fazer um motor eléctrico com fio de cobre e uma pilha, ou uma bomba atómica de plástico.

Pequenos brinquedos que ajudam a ensinar princípios básicos da ciência.

Concursos, II

Formulário para verificar a correcta inscrição do candidato

Concorri finalmente, ontem à noite. Corrigo: não concorri, inscrevi-me. Aguardarei agora ansiosamente o papel com a minha password e senha de acesso. Ah, e ainda tenho de entregar na escola o papel para os informar que estou a concurso.

O papel? Qual papel?

Mas o sistema funcionou bem. Tirando aquele verde horrível, com símbolos amarelos. Os designers estão de parabéns pela programação - está óptima, rápida e intuitiva, tendo cuidado com aemaças mais arcanas (é essa a razão daquele .gif com um número de controlo), mas devem ser daltónicos. No mínimo.

E agora, a melhor das sortes àqueles que estão a concurso. Porque vão precisar.

sábado, 19 de fevereiro de 2005

Vitruvius


O Homem de Vitrúvio é uma das mais conhecidas imagens de da Vinci. Aqui apropriei-me dela, num simples exercício que estética que não pretende interpretações, ilações ou quaisquer outras questões.

É simplesmente um exercício de prazer nos padrões incautos que se formam quando os elementos visuais se combinam pela mão do acaso.

S a l o m é

Insónia roxa. A luz a virgular-se em medo,
Luz morta de luar, mais Alma do que a lua...
Ela dança, ela range. A carne, álcool de nua,
Alastra-se p'ra mim num espasmo de segredo...

Tudo é capricho ao seu redor, em sombras fátua..
O aroma endoideceu, upou-se em cor, quebrou...
Tenho trio... Alabastro!... A minha Alma parou...
E o seu corpo resvala a projectar estátuas...

Ela chama-me em íris. Nimba-se a perder-me,
Golfa-me os seios nus, ecoa-me em quebranto...
Timbres, elmos, punhais... A doida quer morrer-me:

Mordoura-se a chorar - há sexos no seu pranto...
Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me
Na boca imperial que humanizou um Santo...

Mário de Sá Carneiro

Languidez

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

Florbela Espanca

Citação

Ever at my back I hear Time's winged chariot drawing near...
Yonder all before us lie Deserts of vast eternity.

Brian Aldiss, “Marvels of Utopia”

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Ariane 5


Ariane 5

Lançamento do Ariane 5

A ESA lançou com sucesso o super-foguetão europeu Ariane 5, no dia 12 deste mês. Parabéns a este projecto europeu que se está a impôr na cena aeroespacial. Para além do prestígio, já temos material capaz de competir com os melhores - os Proton russos e os DC-X americanos.

E ainda dizem que a europa não tem futuro. A meu ver, está cada vez mais brilhante.

Space Transport


Space Shuttle / Buran

Space Transport

As coisas realmente importantes: projectos de naves espaciais capazes de assegurar o nosso salto para fora deste poço gravitacional até ao nosso futuro nas estrelas.

O elogio dos maus professores

Elogio dos Maus Professores

Mea culpa. Sou professor, mas não frequento muito páginas, blogs ou fórums dedicados à profissão (já chegam os dias dedicados, agora também as noites?). Mas de vez em quando, desço da minha torre de marfim ornada a arte e ficção científica e deparo com pérola como este Elogio dos Maus Professores.

Maus professores?

Entendemos sempre a escola como um espaço utópico. Tem tudo de melhorar, ser sempre perfeito e bom. Os alunos serão sempre aplicados, estudiosos e bem comportados. Os professores sempre competentes, dedicados, bons professores. E quando este modelo utópico choca com a realidade, bem, aí temos as correntes neuroses histéricas sobre o mau estado do sistema educativo. Que não é perfeito, mas funciona.

Neste curioso artigo, em nome da diversidade de ideias e formações, este colega elogia os professores que o marcaram pela negativa. Talvez tenham sido aqueles que lhe tenham ensinado mais - não sobre matérias e programa, mas sobre bom senso e humanidade.

Não posso deixar de concordar com o artigo. Não só pelo exemplo pedagógico (o mau professor ensina-nos o que não fazer), mas também pelo sentido de que a escola não se resume a matérias programáticas, mas também inclui aprendizagens altamente formativas (a chamada escola informal) baseadas nas experiências do dia a dia dos alunos.

Serei eu bom ou mau professor? Essa questão nunca anda longe do meu cérebro. Tento ser o melhor professor que sei ser, mas fico mais descansado sabendo que os meus maus exemplos também servem para ajudar à formação dos petizes.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Fios do horizonte


Grandioso Azul

Mais um dia de inverno com este grandioso céu azul sobre a Ericeira. Dia lindíssimo, mas gelado.


O fio do horizonte

Lamento d'Arianna

Lamento d'Arianna

samples em Real Audio

Ariadne, filha do rei de Creta, queda-se abandonada numa ilha solitária. Teseu, aquele que venceu o minotauro, aquele que deslindou o labirinto cretense graças ao fio que a apaixonada Ariadne lhe deu, abandonou-a. Por ele, Ariadne traiu o seu pai e o seu país. Salvou Teseu, mas este abandona-a. Na ilha, Ariadne lamenta-se, um lamento de amor e de ódio.

O Lamento d'Arianna é o fragmento de uma ópera de Monteverdi, compositor italiano do século XVII. O Lamento d'Arianna é uma peça triste, melancólica, profunda.
Lasciatemi morire
E chi volete voi che mi conforte
In così dura sorte
In così gran martire?
Lasciatemi morire.
É um lamento gritante, lancinante, desesperado.

Como Medeia, Ariadne é uma das grandes heroínas trágicas da mitologia grega. Pelo amor de um homem, elas traíram o que lhes era mais precioso, apenas para serem abandonadas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

2010


Fuel Cell

Blog de Sterling, Beyond the Beyond

Bruce Sterling, um dos meus escritores de ficção científica favoritos, está a dar um curso de design na Escola de Design de Pasadena, nos E.U.A.. Qual é o tema do seu curso? Como será o mundo em 2010, visto através de capas de jornais e revistas "contemporâneos".

Os resultados são fantásticos. O mundo de hoje, transportado/evoluído/transmutado até 2010. Diferente, mas muito semelhante. Morte de Isabel II, reinado de Carlos III... Jipes eléctricos blindados construídos por consórcios sino-japoneses ou sino-americanos... o declinio dos jornais, a vida na auto-estrada...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

8img


RedChina

Tudo vem da mente, como objectos saindo da manga de um ilusionista. À medida que reflectia sobre a medula da coisa, reparei em subtis mudanças perspécticas que alteravam os edifícios onde me revolvia. De uma parte à outra a cidade parecia que continuava em perspectiva, multiplicando o seu repertório de imagens

E no minuto a seguir já nada disto o era.

Irmã Lúcia

Hoje, os media estão a dar um grande destaque ao funeral da Irmã Lúcia, uma religiosa fanática e "vidente" de fátima, dessas alucinações histéricas que tão bem serviram ao Estado Novo, legitimizado por uma religiosidade alicerçada na crendiçe popular (e continuam a bem servir a economia local através do turismo religioso).

Pronto, mais um (uma) fanático que se vai. E depois? Será que somos um país ainda tão atrasado que ainda dê importância a estas crendices?Sim. A estas, religiosidades provincianas, e a outras, mais New Age (pensem no reiki, medicinas alternativas, espiritualidades e outras tretas do género). Sim, infelizmente.

Não é que a morte da senhora em questão não mereça respeito. A morte, esse momento de passagem, é sempre algo a respeitar. Mas dar a importância que se dá a estas crenças, nos inícios do século XXI....

O mais assustador nas notícias sobre a Irmã Lúcia foi a relação entre ela e Mel Gibson. Após terminar o execrável Paixão de Cristo, este famosíssimo actor deslocou-se a Coimbra para falar com a Irmã Lúcia. O que prova a importância do"milagre" de fátima para os fanáticos cristãos. Um grupo, pelos vistos, em expansão plena e do qual o senhor Gibson faz parte. Não haverá por aí nenhum islamista fanático que se voluntarie para se fazer explodir ao lado do senhor Gibson?

Anotações sobre as cores

"A indefinição no conceito de cor reside, sobretudo, na indefinição do conceito de identidade das cores, isto é, do método, de comparação das cores"

"Seria possível que alguém visse pretas todas as coisas que vemos brancas, e vice-versa?"

"Àgua branca que seja pura é tão inconcebível como leite transparente"

"Que assim pareça aos homens é o seu critério para assim ser"

Wittgenstein, "Anotações sobre as cores"

Wacom Cintiq 21 UX


Hello


Wacom Cintiq 21 UX - um lcd de 21 polegadas com ecrã sensível ao toque. Por 2500$... mais ou menos a mesma coisa em euros. São as telas do século XXI. Tenho de ter um!!!!!

Turandot, II: Nessun Dorma

"Dilegua, o notte!...
tramontate, stelle!
All'alba vincerò!
Vincerò! Vincerò!"

Puccini, Turandot

Turandot, I

"Amor!
O sole! Vita! Eternità!
Luce del mondo è amore!
Ride e canta nel sole
l'infinita nostra felicità!
Gloria a te! Gloria a te!"

Puccini, Turandot

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Contracções Peristálticas ( do Tálamo Louco )

Dois cadáveres conversando dizem que a morte tem o grande inconveniente de dificultar engates porque as mulheres gostam deles vivos e há discriminação e estes dois mortos em particular estão mortinhos por uma rapidinha já que desde que morreram que não conseguem nada. Eles riem-se e no acto (processo) cai a mandibula putrefacta de um deles enquanto o outro se desmembra a rir . Uma matilha de cães sarnosos excitados pelos cheiros vivos da morte atira-se à mandíbula e (acto continuo) aos membros desmembrados dos cadáveres que ainda reclamam os seus direitos mas a cabeça de um deles desaparece ao virar da esquina na boca dum pastor alemão que se baba sobre os restos ressequidos de pele putrefacta pingo a pingo drip drip a baba branca torna-se castanha.

Isto dificulta um bastante o diálogo dos dois cadáveres.

O cão leva a cabeça por entre praças e ruas ( becos infectos ) pulando caixotes que não contêm o lixo. A cidade de prédios arruinados afunda-se no lixo. A maré está a subir.
Dois cães correm e lutam entre si disputando o rádio e o cúbito ainda ligados por pedaços ressequidos de carne músculo e veias. Uma multidão atenta atentamente em dois amantes que se abraçam . Expressões de ternura. É decidido incentivar a relação. Os cabecilhas agrilhoam os dois amantes a si mesmos para que um não se livre do outro. Até que a morte os junte O cão pastor alemão lambe a cabeça decepada mas uma mão sem braço aproxima-se subrepticiamente à reptil (ofidius ofidicus -sq ) e estrangula o cão até morrer de morte .É que a morte é a principal causa de apodrecimento. Isto foi provado em pesquisas levadas a cabo por Eigermann ; Foster ; Newmann ; Adler ; do Mega Instituto de Pesquisas Cientificas Estatais, responsavel pelo desenvolvimento de novas ( revoluçionárias ) tecnologias e ideias e sua posterior aplicação aos cidadãos do sagrado Estado. Tudo para tornar a submissão (manipulação) mais completa e agradàvel


No decurso da acima referida pesquisa foram processados pelos pesquisadores cerca de cem pessoas . Segundo os principios do método lógico cartesiano o estudo compunha-se do estudo de várias formas de provocar a morte dos pacientes o que incluia entre outros métodos e processos o esfaqueamento sistemático a tortura lógica o churrasco a imersão em vários tipos de ácido a ingestão de objectos cortantes e o estudo do decompositivo processo de decomposição própriamente dito, o que incluia processos naturais e artificiais e desmembramento. No fim do estudo as entrevistas feitas aos pacientes revelaram um completo sucesso e todos foram recuperados e levados para suas casas declarando que seriam consumistas conformistas consentaneos com o Ideal Sistema Social idealizado pelos nossos queridos e amados grandes líderes. Três Hurras.

Como se vê a experiência foi um sucesso total registando-se apenas pequenos inconvenientes nos doentes tratados por desmembramento. Sugere-se a recolocação domiciliária da população canina e a aplicação sistematica e completa do tratamento para a maior Glória e Louvor do nosso Regime e amados Líderes
Em reunião: analisa-se o conteudo da mensagem transmitida por implante bio-neuronal . O sujeito portador da mensagem jaz no salão da sala do concelho, vitimado por um virus desconhecido causador de degeneração a nivel genético. Os concelheiros entreolham-se: desconhecem o significado da mensagem cujo destino é ignorado e a origem desconhecida.
O que se pode fazer?

É assumido que perante esta situação algo terá de ser feito portanto o quarto e mais sádico membro do konselho sugere a exterminação imediata de todos os dissidentes e inclusive dos não dissidentes, pois nunca se sabe. Nunca se sabe! O conselheiro religioso sugere uma cerimónia a nível nacional de penitência e perdão dos pecados civis, com flagelações e outros espectáculos de grande natureza piedosa O segundo conselheiro ressona. O grupo toma isto como sugestão para um estado de sonolência nacional a ser imediatamente implantado com a colaboração sempre disponivel e sempre inestimável dos media.O primeiro conselheiro acende um cigarro e desaperta o colarinho. Mero fantoche estúpido que é, e ainda por cima resolutamente demokraticamente eleito e reeleito e reeleito, está a entrar no mais profundo e completo pânico. Começa a gritar mamã mamã mamã. O quarto conselheiro defende a terraplanagem total seguida da imprescidível lavagem cerebral à totalidade dos cérebros nacionais.

Uma vez que aparentemente não conseguem chegar a nenhuma conclusão (isto foi o concluido) e um moscardo voa por entre as suas veneradas cabeças, chegando mesmo a poisar no nariz do conselheiro que está a dormir é decidido:

Desenho 01


Desenho 01

O primeiro desenho que acabei este ano. Começou como mais uma investigação livre sobre linhas, trasformou-se neste simpátuico monstro.

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Edifício


Concepção Posted by Hello

O edifício é demoníacamente alto para os olhos humanos. Um produto de tentativas de urbanização barata para os pobres deste país, o edifício obedece à ideia da maximização do número de apartamentos disponíveis. No entanto, o arquitecto que projectou este edifício provavelmente decidiu criar uma obra estruturalmente inquietante. O edifício é composto por três corpos... o primeiro, um paralelepípedo, eleva-se até ao ponto em que suporta um imenso cubo que parece desafiar a gravidade, uma vez que apenas um dos seus vértices realmente se apoia no paralelepípedo que lhe serve de base... o terceiro corpo do edifício é, de novo, um pequeno paralelepípedo que nada faz para equilibrar visualmente a estrutura.

Visto do exterior, o edifício dá a inquietante sensação de que está prestes a desabar sobre as nossas cabeças... impressão que é reforçada pela visão de vários pátios imensos que se projectam das paredes do edifício.

A única concessão à graciosidade estética presente neste edifício (que é realmente uma homenagem à pura geometria estrutural, e que reflecte alguma utopia interior do arquitecto envolvendo cidades geométricamente perfeitas ao ponto de se tornarem inquietantes) reside nos murais de azulejo que decoram as paredes exteriores, disfarçando a sucessão de pequenas janelas e varandas num redemoínho de cor.

Talvez por causa das terríveis impressões visuais que este edifício causa naqueles que o observam, os seus habitantes são considerados os mais miseráveis de entre os habitantes dos bairros sociais. Neste edifício, a pobreza e o crime atingem níveis inimagináveis, sendo óbvio que muitos desses crimes passem despercebidos dentro do labirinto insondável que constitui esta homenagem à lógica estrutural da geometria.

Muito pouco do que realmente se passa dentro do edifício chega aos ouvidos da sociedade.
Em vez de uma obra barata para albergar os deserdados da nossa sociedade, o edifício tornou-se realmente num labirinto que troça da alma humana, conduzindo à indigência e ao desespero todos aqueles que foram infelizes ao ponto de habitarem em tal enormidade.
É no interior desse labirinto que penetram dois algo temerários jornalistas, armados com uma câmara de video. Qual é o objectivo da aventura destes dois nos recessos deste labirinto aqruitectónico, não sei. Não é essa a minha função. Eu apenas observo, surpreendido, enquanto os jornalistas filmam os corredores, um mostruário de toda a miséria presente neste labirinto. Observo as suas expressões transformarem-se em rostos de profundo nojo perante a parada de doentes imundos que se abrigam nos corredores.

Observo sem expressão, sem sentimento, enquanto eles penetram, de câmera em punho, no espaço apertado de um dos apartamentos. Imperturbáveis, provavelmente já afectados pelo sentimento de indiferência à miséria que este labirinto tem o estranho condão de provocar. Observo-os enquanto filmam toda a podridão e sujidade do apartamento, os restos de peixes fritos semi-apodrecidos naquilo que passa por cozinha do apartamento. Eis, finalmente, alguma expressão de surpresa, ao filmarem as estranhas formas que as plantas de arroz tomam por terem sido fertilizadas com sémen humano. Existe algo no monte de terra que nutre o arroz que se assemelha demasiado a um feto humano ainda nos primeiros estágios da sua formação para não deixar os jornalistas indiferentes.
A câmera filma imparcialmente o feto abortado, demorando-se com um carinho de mãe sobre a sua cabeça acastanhada, sobre os pequenos braços que protudem do tronco já algo roído pelos ratos que infestam todo este edifício. Nos orifícios dos olhos existe apenas um vazio da cor do sangue seco.
Talvez tenha chegado o momento de eu actuar. Quase incoscientemente, apresento aos jornalistas outro dos horrores deste labrinto de podridão. As moscas, bem nutridas na carne putrefacta das feridas dos habitantes deste prédio, precipitam-se sobre o par de jornalistas, com toda a sua carga de germes e vírus adquirida na poridão deste labirinto.

Os jornalistas gritam e tentam fugir, apesar de saberem que a partir do momento em que as moscas os começaram a morder ficaram contaminados por toda a podridão deste edifício. A fuga é impossível. Os jornalistas perdem-se por entre o labirinto de corredores e portas travessas da geometria labiríntica desta obra de arquitectura... estão, para sempre, encurralados, e o seu destino é tornarem-se corpos deambulantes, vagueando cobertos de chagas pelos corredores, em busca de uma saída que não existe. Gradualmente, tornar-se-ão seres catónicos no meio da imunda miséria...
Insensível ao pequeno drama que acabou de se desenrolar, deixo os olhos passear pelas formas negras da câmera, enquanto me preparo para lutar com os meus demónios interiores.
Como um doente de elefantíase, de faces disformes, com tentáculos pustulentos que me nevolvem num abraço mortal, a personificação física dos meus demónios interiores arrasta-me para o chão, com tantas vezes já o fez. Eu não consigo vencê-lo, tal como ele não me consegue vencer... é uma situação paradoxal, sem solução possível.

Degladiando-me eternamente com demónios, pouco diferentes sou dos seres catatónicos que percorrem os corredores imundos deste labirinto, no qual não existem carcereiros, existem apenas prisioneiros.

A inclemência da distância.


Desenho 11 Posted by Hello

Um estranho sonho com estepes sul-americanas, algures na Patagónia, onde cavaleiros cavalgam sem parar em estepes infinitas. Rochas. Uma praia rochosa que encerra um castelo semi arruinado. É perfeitamente visivel a ferrugem a corroer os ferros da fortaleza. O mar está violento, as ondas batem violentamente contra as rochas. O passadiço corroido de pedra incrustada na rocha revela uma entrada para as profundezas do rochedo, uma entrada com estalactites e estalagmites negras a gotejarem àgua nas escadas em caracol molhadas e ferrugentas. Dentro do rochedo um jardim encantado, uma floresta tropical que cobre o chão, as paredes e os tectos da grutas geométricamente alucinantes. A luz é amarela, azulada, verde. Há passadiços de madeira semelhantes às pontes pênseis do Afeganistão, mas estão húmidos, as cordas estão humidas e cobertas de fungos verdes.

P a r t i d a

Ao VER ESCOAR-SE a vida humanamente
Em suas águas certas, eu hesito,
E detenho-me às vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito.

Afronta-me um desejo de fugir
Ao mistério que é meu e me seduz.
Mas logo me triunfo. A sua luz
Não há muitos que a saibam refletir.

A minh'alma nostálgica de além,
Cheia de orgulho, ensombra-se entretanto,
Aos meus olhos ungidos sobe um pranto
Que tenho a força de sumir também.

Porque eu reajo. A vida, a natureza,
Que são para o artista? Coisa alguma.
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza.

É subir, é subir além dos céus
Que as nossas almas só acumularam,
E prostrados rezar, em sonho, ao Deus
Que as nossas mãos de auréola lá douraram.

É partir sem temor contra a montanha
Cingidos de quimera e de irreal;
Brandir a espada fulva e medieval,
A cada hora acastelando em Espanha.

É suscitar cores endoidecidas,
Ser garra imperial enclavinhada,
E numa extremaunção de alma ampliada,
Viajar outros sentidos, outras vidas.

Ser coluna de ferro, astro perdido,
Forçar os turbilhões aladamente,
Ser ramo de palmeira, água nascente
E arco de oiro e chama distendido.

Asa longínqua a sacudir loucura,
Nuvem precoce de sutil vapor,
Ânsia revolta de mistério e olor,
Sombra, vertigem, ascensão - Altura!

E eu dou-me todo neste fim de tarde
À espira aérea que me eleva aos cumes.
Doido de esfinges o horizonte arde,
Mas fico ileso entre clarões e gumes!

Miragem roxa de ninbado encanto -
Sinto os meus olhos a volver-se em espaço!
Alastro, venço, chego e ultrapasso;
Sou labirinto, sou licorne e acanto.

Sei a distância, compreendo o Ar;
Sou chuva de oiro e sou espasmo de luz;
Sou taça de cristal lançada ao mar,
Diadema e timbre, elmo real e cruz.

O bando das quimeras longe assoma.
Que apoteose imensa pelos céus!
A cor já não é cor - é som e aroma!
Vêm-me saudades de ter sido Deus...
*

Ao triunfo maior, avante pois!
O meu destino é outro - é alto e é raro.
Unicamente custa muito caro:
A tristeza de nunca sermos dois...

Mário de Sá Carneiro

Intergalactic Robot

Com tantos nomes possíveis, porque é que me lembrei de um nome tão estúpido para o blog? Decididamente, estava com uma inspiração muito avariada, nesse fatídico dia.

Em parte, a culpa do nome é do que estava a ouvir na altura em que criei o blog. Tinha acabado descobrir os mashups, género sonoro que mistura duas canções de diferentes artistas num ritmo hip-hop. Estava todo entusiasmado, a fazer downloads de mashes dos Beatles e dos Beastie Boys, e a ouvir um mash entre a canção Intergalactic dos Beastie Boys e We are the Robots dos Kraftwerk. Duas canções de duas das minhas bandas favoritas.

A moda dos mashups passou-me depressa. É mais uma variante do hip-hop, um género musical bastante desinteressante. É divertido, mas cansa depressa.

Foi-se a moda, ficou o nome. Mais um monumento às decisões tomadas sem pensar. Como dizia a minha avó, "se o arrependimento matasse..."

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Bizzarias


Bizarro! Curioso!

One Man Safari
Um blog que ainda tenho de explorar antes de comentar. Eye Candy.

Músicas

Béla Bartók
Béla Bartók
The Shining (IMDB)
Krzystof Penderecki
J. S. Bach




Curiosamente, a minha introdução à música clássica foi com o filme The Shining, de Stanley Kubrick. O enredo do filme é baseado num livro do mestre do terror, Stephen King, e conta-nos o que acontece quando uma família passa um inverno isolada num hotel do Colorado. O pai de família é um homem que tenta ser escritor, e o filho é uma criança sensível, capaz de sentir aquilo que outros não sentem - acontecimentos passados, premonições futuras. E o hotel era um local maldito, assombrado por acontecimentos sangrentos de um passado recente. Há medida que o inverno passa, e o isolamento se adensa, o pai, representado brilhantemente por Jack Nicholson, entra numa queda em parafuso psicológica, com sangrentas alucinações à mistura, que o leva a tentar desmembrar a família com o machado. A história tem duas leituras. Por um lado, temos o conto de terror, sobre o oculto, temível e assustador. Por outro lado, temos os efeitos do isolamento absoluto, e o falhanço da mente do personagem de Jack Nicholson, que se desmorona ao perceber que não consegue atingir a sua maior ambição - escrever um livro. Nesta obra, o falhanço criativo leva ao delírio e ao uso de machados pouco afiados.

Mas o que mais me impressionou no filme foi a música. Era estranha, diferente de tudo o que havia ouvido até então. A música clássica está sempre presente, e todos conhecem algumas melodias mais acessíveis, como as Quatro Estações de Vivaldi, ou a Carmen de Bizet, talvez a Nessun Dorma, de Puccini, a Quinta Sinfonia de Beethoven, com o Hino à Alegria, um pouco de Mozart, ou a Cavaleria Rusticana (e aqui falha-me o compositor). Mas a música que Kubrick escolheu para o filme, nunca tinha ouvido tal música.

Era poderosa, dissonante, profunda, assustadora. Quando o filme terminou, nos créditos, apareceram os nomes de Béla Bartók, Krysztof Penderecki e Gyorgy Ligetti.

Quem? Nomes impronunciáveis? Música assombradoramente diferente?

O início do filme é inesquecível. Uma sinfonia, penso que de Penderecki, ressoa, enquanto um minúsculo Volkswagen Carocha branco circula perdido na imensidão dos vales do rio Colorado. Uma das minhas grandes frustrações é ainda não ter descoberto que sinfonia. Kubrick, esse maroto, apenas indicou o nome dos compositores... (nota mental: gastar mais uns € em cds de Penderecki)

Durante o filme, somos surpreendidos com intrigantes peças musicais, que nos envolvem no terror do filme. E no final, no delirante e assustador final, outra potente Sinfonia, esta de Béla Bartók.

Tive de os descobrir. Fui procurar Penderecki, e encontrei a sua avassaladora Segunda Sinfonia. Ligetti desiludiu-me - encontrei apenas obras para piano, e eu tenho uma relação curiosa com o piano. E Béla Bartók... aí, acertei. Encontrei a exacta sinfonia com que Kubrick me impressionou. Leitores atentos e inexistentes, recomendo sériamente que ouçam a Música para Cordas, Percussão e Celesta, Sz.106. Vai mudar a vossa vida.

Mas aqui falámos de música contemporânea.

A música clássica é ao mesmo tempo acessível e inacessível. O que não faltam são gravações de obras dos grandes (e dos menos grandes) compositores, com vários preços e variações (infelizmente, os € sempre foram uma preocupação). Mas por onde começar? Pelos clássicos, já um pouco bolorentos de tantas audições? Arriscar? Grande parte das gravações clássicas são interpretações, e quando se desconhece, ouvir algo desconhecido tende a dificultar as coisas.

Que fazer? Há sempre as colecções da Naxos, a baixo preço, e algumas edições da EMI e da Deutsche Grammophon. E é arriscar...

O primeiro Cd clássico em que arrisquei foi uma interpretação de Vivaldi, As Quatro Estações, acompanhado do Adagio de Albinoni e do Concerto para a Noite de Natal de Corelli. As Quatro Estações fascinaram-me, o Adagio tanto o ouvi que me cansei, e Corelli... vim mais tarde a apaixonar-me pela música deste compositor barroco.

Em seguida descobri Bach. Bach, considerado um dos génios, levou-me a aprofundar mais o meu conhecimento de música, e despoletou em mim a vontade de conhecer as grandes sinfonias e obras musicais de todos os tempos. Daí em diante, passei a arriscar - e descobri a Sheherezade de Rimsky-Korsakov, Turandot de Puccini, as sinfonias de Beethoven, a Missa em Si Menor de Bach, Romeu e Julieta, de Tchaikovsky... tantas, inúmeráveis, avassaladoras, imponentes, apaixonantes.

O que me falta ouvir? Aquilo que é menos acessível. Xenakis, Emanuel Nunes, Stravinsky, Boulez, mais Penderecki, Stockhausen... algumas coisas já conheço, outras terei de arriscar.

Sugestões?

Xenakis (1922 - 2001)

Iannis Xenakis.org
Modern Music: Xenakis
Xenakis
Xenakis: bibliography and discography

Geralmente associamos música grega a atrocidades clássicas como Demis Roussos e Nana Mouskouri, ou aos inenarráveis Vangelis e Yannis. Tal é o poder da cultura comercializada, que dá fama efémera ao banal e ao acessível.

Compositor contemporâneo da mais alta "tradição" modernista, Iannis Xenakis cria uma música densa, rigorosa e altamente abstracta. Compositor muito independente, Xenakis não tempredecessores nem sucessores.

Independência é uma palavra que define bem Xenakis. Partisan grego ferido na II guerra, estudou matemática e arquitectura (foi assistente de Le Corbusier) antes de se dedicar à música. É este background que o inspira - foi um dos primeiros compositores a estudar a aplicação musical das leis de formalização matemática (há 300 anos atrás, Bach aplicou tabelas logarítmicas na composição musical). Esta componente abstracta de exercício teórico torna a música de Xenakis pouco acessível, difícil de ouvir. Mas a liberdade e a imaginação tonal de Xenakis transformam as suas peças em obras vibrantes, texturadas, dinâmicas. A música dissonante, obediente a uma ordem formal própria, ressoa no nosso espírito como só as obras abstractas conseguem - com uma lógica imaterial, pura, espiritual.

A sensação que tenho ao ouvir Xenakis é a mesma que sinto perante as obras seminais da arte moderna - pinturas de Malevich, Mondrian, Kandinski, obras de Duchamp e Beuys. Uma sensação indescritível de pureza, frieza cerebral e transcendência lógica.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Vermeer


Vermeer - Vista de Delft

Site bastante interessante sobre Vermeer

Vermeer em português
Galeria de quadros de Vermeer
Um site essencial

Quem foi Jan Vermeer? Oficialmente, quase não existiu. Os registos oficiais da sua vida são ínfimos.Temos o seu registo de baptismo a 31 de outubro de 1632, na Niuewe Kerk, em Delft.

Temos o registo civil do seu casamento em Delft, com Catharina Bolnes. Quatro dos quinze fihos que viria a ter com Catharina morreram com tenra idade.

Temos os registos da Guilda de S. Lucas, a corporação dos pintores de Delft. Vermeer aderiu à corporação em 1653 como mestre pintor. Em 1662, Vermeer foi eleito presidente da guilda. Não se sabe com quem estudou pintura, nem onde - se em Delft, Amsterdão ou Utrecht. Mas para aderir à corporação eram necessários seis anos de aprendizagem com um mestre da corporação, excepção feita aos filhos de membros da corporação. O pai de Vermeer, tecelão de fina tapeçaria, foi membro da corporação.

Temos o registo do funeral do pintor de profissão Jan Vermeer, no dia 16 de dezembro de 1675, na igreja velha de Delft.

É o gue se sabe sobre Vermeer. Sabe-se que foi um pintor metódico, lento, minucioso, um mestre da luz. Compunha os quadros de forma rigorosa e geométrica, sem que estes se tornem estáticos. Pintou interiores com uma ou duas figuras, cenas intimistas da vida burguesa, repletas de símbolos e intenções morais. Pintou algumas paisagens urbanas.

Pintou sempre o mesmo interior, variando pormenores como a janela - por vezes envidraçada, por vezes vitral. A parede ora é pintada nua, ora com quadros, espelhos ou tapeçarias. É um pintor de interiores, capturando cenas intimistas de forma metódica e rigorosa, mas sem que o rigor as torne estáticas - as figuras de Vermeer são dinâmicas e fluídas, capturadas num momento que dura uma eternidade (como insectos em âmbar)

São temas também abordados pelos seus contemporâneos, como Pieter de Hooch, Gerard Ter Borch e Nicolas Maes. Mas o que destaca Vermeer é a sua mestria compositiva, e o arrojado uso da luz para criar ambientes, contrastes e destaques. Mais do que um pintor de banais cenas burguesas, Vermeer foi um pintor da luz.

Apesar do boom económico que se vivia na Holanda da época, Vermeer sempre teve dificuldades financeiras, agravadas quando a França invadiu os Países Baixos em 1650. Vermeer morreu pobre.

Após a sua morte, a viúva de Vermeer tentou resgatar os quadros aos credores. Os seus quadros foram comprados, guardados, esquecidos. Infelizmente, os seus quadros foram açambarcados por uma elite de coleccionadores e conhecedores, o que impediu que a fama de Vermeer se espalhasse.

Em 1842, o crítico e historiador de arte Joseph Théophile Thoré (também conhecido como William Bürger, o nome com que gostava de ser chamado) descobriu a Vista de Delft, e apaixonou-se. Devotou vinte anos da sua vida a redescobrir Vermeer, e a ele devemos o conhecimento da obra deste artista ímpar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

Leonardo and the engineers of the renaissance

La Fornarina


Rafael - La Fornarina

La Fornarina no Salon.com

Quem foi La Fornarina? Pintado em 1520, este é um dos quadros mais sensuais do renascimento. Se o sorriso da Mona Lisa pode implicar muita coisa, o sorriso da Fornarina sugere muito mais. Mas quem foi esta mulher, imortalizada por Rafael?

Os especialistas divergem. Antes de mais, é preciso perceber que, para pintar uma mulher nua naqueles tempos, era perciso ser muito íntimo dessa mulher. Os retratos femininos pintados por da Vinci não são nús, apesar de belos. Como Rafael passou os útlimos anos da sua vida perdidamente enamorado por Margherita Luti, filha de um padeiro de Siena, especula-se que a modelo deste quadro foi a amante do pintor (daí o título, la fornarina, a padeirazinha).

Nada como uma bela história de amor para completar um belo quadro.

Mas a modelo também poderia ser outra mulher, sugerem os especialistas. Mais específicamente, a jovem noiva do mais rico mecenas de Rafael, Agostino Chigi, banqueiro do papa.

Terá Rafael pintado por amor, ou por dinheiro?

As fontes contemporâneas de Rafael pouco ajudam. Vasari, o biógrafo dos grandes pintores do renascimento, apenas nos diz que Rafael gostava imenso de mulheres, estando sempre pronto para as servir.

Quem foi, então, a Fornarina?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

Vida nos bairros de lata

Authors in the front line: Martin Amis

Colombia hiperviolenta, ou as delícias da urbanização: relato assustador da vida nos bairros de lata das grandes cidades colombianas, por Martin Amis.
Realtos de assustadora e banal violência - bairros onde quase não há adolescentes, pois estão presos ou mortos. Métodos de assassíno por telefone - encomenda-se e pronto. Rixas sobre quem paga as cervejas ou qual a melhor equipa de futebol que terminam em tiroteios. Volência fria e aterradora - para vinganças, os atiradores já não atiram à cabeça dos alvos, mas sim à coluna. Em vez de morte imediata, uma vida incapacitada, sem andar e sem poder ter relações sexuais (imaginem os traumas que isto dá, numa sociedade altamente machista). E, sobretudo, muita pobreza.

Um relato arrepiante.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Artes Romanas

Para que não fiquem a pensar que a arte romana era essencialmente pornográfica, cá vão mais umas imagens de pinturas da época romana, provenientes de pompeia.


Fantástico uso das cores neste retrato de Vénus.


Natureza morta


Perspectivas romanas - lembrem-se que a perspectiva foi "inventada" pelos artistas do renascimento

O que surpreende nestas pinturas, para além da sua elevadíssima antiguidade, é o seu naturalismo e realismo, o que revela uma grande mestria no domínio de forma, linha e cor por parte dos pintores romanos. Outra característica surpreendente é a noção de perspectiva, geralmente considerada como tendo sido "inventada" no renascimento, mas que teima em aparecer em obras muito anteriores.

E não esqueçamos as complexidades da téncnica do fresco: há que aplicar os pigmentos sobre o estuque fresco, antes deste secar. Tem de se ser rápido e preciso - não há lugar para enganos. O que só aumenta o meu respeito por estes artistas ignorados da época romana.


Hardcore, Estilo Romano

Notícia da abertura das termas
Link em alemão


Sempre olhámos para os romanos como um bando de depravados que adoravam passar o tempo em orgias descomunais. Claro que o império romano foi mais do que isso, mas quem se interessa?

Poucas provas havia disso, tirando textos históricos por vezes pouco confiáveis, os fragmentos sobreviventes do Satyricon de Petrónio (escritor romano contemporâneo de Nero), as Odes e a Arte do Amor de Ovídeo, e pouco mais.

Felizmente, o Vesúvio enterrou Pompeia debaixo de um manto de cinzas. Com isso, preservou para o futuro a vida e a cultura romanas. Felizmente para nós, que assim descobrimos a vitalidade do dia a dia romano.

Uma das mais surpreendentes descobertas em Pompeia foram os frescos, as pinturas que decoravam as casas romanas. Foram surpreendentes pelos pigmentos utilizados, técnicas de desenho e pintura, e até pelos laivos de perspectiva. E também pelos temas.

Nas termas públicas de pompeia, as paredes estavam decoradas com pinturas altamente eróticas, que foram escondidas mal foram descobertas, devido à sensibilidade da época. Lia-se sobre elas, ocasionalmente via-se um detalhe, mas pouco se conhecia delas. Mas estão finalmente abertas ao público.

E como comentário, permitam-me afirmar que nada do que se faça hoje é inovador. Os romanos já experimentaram.


Fresco de Pompeia



Fresco de Pompeia


Fresco de Pompeia


Fresco de Pompeia


Margarida


Margarida

A terrorista, a cadela com o pior feitio da ericeira, a dormir tranquilamente.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Concursos, II

Portal dos Professores

Sindicato dos Professores da Grande Lisboa

Quadros e Concursos 2005/2006

Concursos para Docentes 2005/2006

O Ministério da Educação tem disponível uma pequena demonstração do que poderá vir a ser o formulário de candidatura. Se tiver curiosidade dê um "salto" ao site da DGRHE.

Consultar no site da DGRHE:
Mensagem de Director geral da DGRHE
Notas Importantes sobre a demonstração da Inscrição Electrónica Obrigatória
Demonstração para experimentação da Inscrição Electrónica Obrigatória

Em conferência de imprensa realizada ontem (27 de Janeiro) a Ministra da Educação divulgou o calendário dos concursos, confirmando:

- Candidatura Exclusivamente electrónica;

- Existência de duas fases: Fase de inscrição e de concurso.

CONCURSOS PARA 2005/2006

Data previsível de publicação do Aviso de Abertura : 11 de Fevereiro

Inscrição obrigatória (incluindo a dos candidatos que estão a realizar estágio): de 14 de Fevereiro a 1 de Março

Envio do cartão com a password (correio): até 4 de Março

Candidatura: 7 de Março a 15 de Abril

A a H : 7 de Março a 18 de Março
I a M : 21 de Março a 4 de Abril
N a Z : 4 de Abril a 15 de Abril


Primeira validação pelas escolas e feedback ao candidato
A a H : 21 de Março a 4 de Abril
I a M : 4 de Abril a 15 de Abril
N a Z : 18 de Abril a 2 de Maio

Segunda validação
3 a 5 de Maio


(no site da SPGL)

Calendário dos concursos 2005
- Inscrição de 14 de Fevereiro a 1 de Março
- Envio de "passwords" até 7 de Março
- Candidatura electrónica de 7 de Março a 15 de Abril
- Listas provisórias última semana de Maio
- Reclamações durante Junho
- Listas definitivas início de Julho
- Manifestação de preferências durante mês de Julho
- Pedidos de horários pelas escolas primeira semana de Agosto
- Colocações definitivas terceira semana de Agosto

Voyager


Voyager Posted by Hello

Quando descobri o Photoshop, descobri um novo e fascinante mundo de possibilidades estéticas. Esta colagem digital faz parte dos primeiros trabalhos que fiz no photoshop. Mesclando fotografias e textos, consegui dar através da colagem digital noção da textura da sociedade moderna, intricada e comunicativa, tecnológicamente avançada, talvez um pouco obscura, mas certamente cheia de fascinantes possibilidades.

À estética visual não é estranho o som que eu estava a ouvir - Transglobal Underground, uma potente colagem de world music com electrónica.

Concursos de Docentes

Página do Ministério da Educação

Demo do "sistema inteligente"

Testei agora o novo sistema inteligente de concursos, apregoado pelo ministério da educação como o milagroso salvador do pântano de confusões que são os concursos de professores. Não fiquei muito surpreendido - é mais uma aplicação em asp feita por engenheiros informáticos estéticamente inaptos... mas competentes em algoritmos.

Que me desculpem, mas aquele cinzento e aquele verde...

Eu gostei do sistema do ano passado. Não do backend, que tantas confusões deu, mas o frontend, as páginas da dgrhe com os formulários de candidatura. Eram intuitivos, de fácil preenchimento, visualmente coerentes (replicavam os anteriores formulários em papel, o que facilitiva a vida a quem está pouco habituado a formulários web). Do meu ponto de vista de utilizador, a minha crítica vai para a infernal falta de capacidade dos servidores do ministério - algo que a ministra prometeu resolver. A ver vamos.

Espero, sinceramente, que corra tudo bem. Seria inadmissível mais uma confusão como aquela gerada no ano passado - assustadora e vergonhosa incompetência. Eu não me queixei muito, pois como QZP tinha sempre a colocação e o ordenado assegurado. Para mim, foram férias prolongadas a expensas do erário público. O que éticamente é insustentável - os contribuintes a pagarem a professores para nada fazerem. Mas foi o que aconteceu, graças às competências das cabeças pensantes que pululam nos corredores dos ministérios (essas sim, são régiamente pagas para fazerem o que fazem).

Se correr tudo bem, óptimo. Senão, a ver vamos... vai ser outro festim mediático, outra ridicularia como no ano passado. Os media agradecem, é sempre bom haver notícias escaldantes. E os professores também. Gostamos muito de ser enxovalhados.

Max Ernst


Max Ernst - Estandarte para uma escola de monstros Posted by Hello

Sinal para uma escola de monstros

Max Ernst

Sob um céu negro, sobre uma terra vermelha, está este simpático monstro. Monstro de fronteira, simpático e incompreendido. Um monstro é um monstro. Mas um monstro simpático é uma monstruosidade. Um monstro deve ser ameaçador, assustador, sanguinário e violento assassino obscuro nas noites tenebrosas.

Mas este monstro não sabe isso. E assim está só, entre uma terra a que não pertençe, e um céu cujas trevas não o acolhem.

É um sinal. Um aviso para os novos monstros. Para que não se sintam tentados à simpatia, às boas emoções da vida. O bom monstro, o verdadeiro monstro, não deve ter escrúpulos. Deve ser um assassino tenebroso, sanguinário, que não hesita em arrancar as vísceras ao mais incauto dos inocentes.

Sem piedade. Porque um monstro piedoso é um monstro solitário.

domingo, 6 de fevereiro de 2005

Matisse Três


Matisse Três Posted by Hello

Este já tem uns aninhos. Trabalhei com acrílicos a partir de desenhos de matisse, um artista cujo domínio da linha e da cor sempre me fascinaram. Recordo-me de ficar transfixo, num museu em Liége, com a linha de um simples desenho de matisse. Era contínua, única.

The Others - Os Outros


The Others Posted by Hello

The Others na IMDB

Vi ontem, em casa de uns amigos, um curiosíssimo filme. Na ilha de Jersey, algures após o final da II guerra, vive numa mansão vitoriana uma mulher comf filhos problemáticos. Grace, a mulher, vive com dois filhos que ela crê serem fotossensíveis (uma fortíssima alergia à luz) isolou-se do mundo numa casa onde as cortinas estão sempre corridas, e onde todas as portas estão fechadas à chave.

A chegada de três curiosos novos empregados vem alterar as rotinas instaladas na casa. Grace convence-se que a casa está assombrada - ouve ruídos, as crianças falam de presenças perto delas, as cortinas abrem-se, as portas abrem-se sem explicação aparente. Como pormenor macababro, Grace descobre um album de fotografias onde todos os fotografados parecem estar a dormir. A estranha governanta informa-a que as fotografias são de pessoas mortas - um costume do século xix, que consisitia em fixar uma última recordação dos defuntos através de uma chapa fotográfica onde eles pareciam dormir em paz.

As assombrações continuam. E a casa, sempre rodeadada de um nevoeiro pesadíssimo, parece isolada do mundo.

O final do filme é surpreendente. Descobre-se que os três estranhos empregados da casa são fantasmas - há, inclusivamente, uma fotografia deles tirada post mortem. E Grace fica fechada em casa, com os filhos e as assombrações, enquanto os empregados observam friamente do exterior da casa.

O final do filme é um cresecendo de terror clássico, com um amontoar de situações aterrorizantes que levam à revelação final de que as assombrações, os outros, eram pessoas vivas. As presenças que as crianças viam eram mediums em sessões espíritas. E os fantasmas, eram Grace e os seus filhos, incapazes de compreender que morreram, incapazes de abandonar a casa onde viviam. Os três estranhos empregados estavam apenas a tentar ajudar Grace a perceber isso, e a ajudar a expulsar os intrusos (os vivos) da casa.

É uma história de terror contada do ponto de vista dos fantasmas. Geralmente, este tipo de histórias conta o ponto de vista contrário.

Como nota final, gostava de salientar o brilhantismo da fotografia e da realização. O filme é passado no meio do nevoeiro, e as cores são frias, escuras, soturnas, suavizadas pelo nevoeiro omnipresente. Apenas Grace utiliza tons vermelhos nas roupas que usa. O único toque de calor é o da luz dos candeeiros que ilumina a reclusa vida das crianças.

A realização de Alejandro Amenábar também é curiosa. O filme avança com um passo lento, mas seguro. Tudo tem o seu tempo, tudo é revelado na altura certa. Se bem que se adivinha o final do filme muito antes deste acontecer, o final não deixa de ser altamente surpreendente.

Saliento também o facto de o filme ser uma produção espanhola, rodada na Cantábria. E como curiosidade final, note-se que as crainças afectadas com xeroderma pigmentosum, uma doença genética raríssima, não podem ser expostas à luz solar. O que faz levar a pensar que o filme é sobre doenças genéticas, mas o tapete é-nos tirado debaixo dos pés...









sábado, 5 de fevereiro de 2005

Pintura 6


Pintura 6 Posted by Hello

Esta não foi uma aguarela. Antes foi um obsessivo preencher de espaços levado a cabo com marcadores. Horror Vacua

Pintura 24


Pintura 24 Posted by Hello

Sou fascinado por rabiscos, obras do acaso, sombras, caligrafias ilegíveis.