sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Edgar Allan Poe


Poe

O Corvo, o mais famoso poema de Poe, na nossa língua
The Work of Edgar Allan Poe
Biografia
Algo para ler

"Com certeza que estamos condenados a navegar continuamente nos limites da eternidade, sem nunca darmos o mergulho final para dentro do abismo." - Edgar Allan Poe, in "Manuscrito Encontrado Numa Garrafa"

Mestre literário do final do século XIX, amado pelos simbolistas franceses devido à sua prosa densa e obscura. Escritor do oculto e surpreendente, não se deixou ficar pela prosa infantil de contos de casas assombradas em charnecas esquecidas. O oculto está nas profundezas da alma humana, algo que Poe explora sem cessar nos fabulosos contos que escreveu. Ler William Wilson, O Poço e o Pêndulo, Mensagem Encontrada Numa Garrafa, Ligeia, Berenice, O Enterro Prematuro e outros contos, é mergulhar nas profundezas do século XIX, onde alguma superstição e obscurantismo se misturam com o dealbar da ciência moderna.

Não há fantasmas nem horrores mais profundos do que aqueles que atormentam a alma humana. Poe aborda os seus contos de forma mórbida, descrevendo minuciosamente os mais pequenos detalhes das monomanias que afectam a alma dos personagens. Em Ligeia, as saudades da primeira mulher do personagem do conto levam à morte da sua segunda mulher. As fobias, os medos aterrorizantes que consomem o nosso íntimo são dissecados ao pormenor - no conto O Enterro Prematuro, a terrível fobia do personagem, cujo maior medo é ser enterrado vivo, aliado a desmaios catalépticos, levam o personagem a acordar dentro de um caixão, e a concluír que todas as precauções que havia tomado haviam falhado, e uma vez salvo deste perigo, decide esquecer o medo e viver mais alegremente.

E muito poderia escrever sobre as profundezas psicosexuais do conto A Queda da Casa de Usher, ou sobre a ciência da época de Poe - mas a esta não resisto um cheirinho.

Antes das expedições polares de Peary (no norte) e Amudsen e Scott (no sul) ninguém sabia o que se encontrava no pólo sul. Gelo? Terras? Mistérios? Assim surgiu uma das mais curiosas teorias sobre a terra - a teoria da Terra Oca. Postulava esta teoria que a terra era oca, constituída por várias camadas interiores, e que nos pólos havia um grande buraco que servia de entrada para as terras interiores.

Pronto, sem comentários. Mas lembrem-se que as fotos tiradas por satélite são relativamente recentes. Foram até inventadas depois da roda.

Era uma teoria com alguma aceitação. Edgar Rice Burroughs (esse do Tarzan) e Júlio Verne (no livro Viagem ao Centro da Terra) fizeram uso dessa teoria. Mas nunca passou de uma teoria paracientífica, que não resistiu ao teste do tempo.

Se para esses lados tiverem virados, caríssimos e raríssimos leitores, sugiro que passem por uma livraria e adquiram um exemplar dos Contos Extraordinários de Edgar Allan Poe. A Fnac tem umas edições de bolso baratíssimas. E vale bem a pena o mergulho na prosa obscura do fantástico do final do século XIX.