G. Willow Wilson, M.K. Perker (2025). The Stoneshore Register. Portland: Image Comics.
Já tinha saudades da voz narrativa de G. Willow Wilson, que na Vertigo assinou o fabuloso Air. A dupla clássica Wilson e M.K. Perker voltam a reunir-se para contar uma daquelas histórias de realismo mágico em que a argumentista é excelente. Neste Stoneshore Register, acompanhamos uma refugiada somali que encontra emprego como jornalista no jornal local de uma pequena e isolada vila à beira do oceano pacífico. Uma vila com a peculiaridade de estar à sombra de um gigante de pedra. O jornal é um one man show, onde o editor faz todo o trabalho, e a vila está numa aparente decadência. Intrigada pelos mistérios da terra e das suas gentes, a refugiada provoca algumas irritações nos seus habitantes pela forma como questiona situações estranhas que são vistas como normais pelos locais. Da sombra do gigante aos súbitos desaparecimentos e reaparecimentos de crianças, passando pelas lendas de uma mulher esbelta que sai das ondas, a jornalista esbarra sempre com a normalização dos habitantes. Mas, no final, perante a ameaça de agentes da imigração que buscam a refugiada, a comunidade une-se para a ocultar e proteger, mostrando que também ela, com os seus mistérios e traumas de fuga à guerra, se tornou parte dos sergredos da terra.
Lucas Varela (2015). The Longest Day of the Future. Seattle: Fantagraphics.
Um livro peculiar, que vive de muita ironia e de uma excelente estética de retro-futurismo estilizado. As utopias distópicas hiper-urbanizadas mediadas por tecnologias e espaços elegantes, no seu confronto com o sempre inefável e inquieto espírito humano com todos os seus defeitos e raras virtudes, são o tema abrangente da obra. O destaque vai para a estética, de singular elegância retro.