domingo, 16 de fevereiro de 2025

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Erik Visser, 1996
: Surfistas dos céus.

Leituras da semana (#47 / 30 Dez 2024): Destaco a nota do João não tanto pelo artigo, mas pela observação sobre o progressivo poço fétido que é a cultura audiovisual. Não uso serviços de streaming, e das raras vezes que ligo a televisão fico abismado pelo que vejo: uma sucessão de maus filmes repetidos até à exaustão, séries medíocres em constante repetição, canais supostamente culturais que vivem de falsos reality shows sobre os temas mais abstrusos ou propalação de teorias da conspiração e falsa ciência, canais noticiosos onde painéis de supostos especialistas dissecam todas as notícias (no que é um notável exemplo do conceito de enchimento de chouriço). O nível cultural já passou há muito a barreira do zero.

Star Trek’s Cold War: Redescobrir um artigo antigo, sobre o poder cultural da série original.

The Best Horror Novels: The 2024 Bram Stoker Awards, recommended by The Horror Writers Association: Confesso que vejo ali uns autores cuja alta qualidade é duvidosa. Confesso que me diverti a ler Camp Damascus, mas Tingle não é assim tão bom. E de Grady Hendrix li o The Final Girl Support Group, um livro com um conceito muito interessante, mas uma execução indutora de sonolência.

Top 5 Sci Fi Books with Weird Landscapes: Como literatura de ideias, a FC é o género perfeito para se imaginar geografias bizarras.

Fredric Brown: Chronicler of Con Artists, Clowns, and Capitalist Excess: Com uma vénia ao Luís Filipe Silva, esta nota biográfica sobre um prolífico autor de literatura popular com bons créditos na ficção científica (embora mais conhecido pelos seus contos policiais), é um daqueles textos que merece mesmo ser lido. Não pelo conteúdo em si, a menos que sejam mesmo muito curiosos sobre este autor, mas pela forma como está escrito, somos mergulhados no tecido de narrativas e histórias que é muito sedutor.

“Twelfth Night Till Candlemas” – the story of a forty-year book-quest and of its remarkable ending: Nova vénia ao Luís, desta vez com um texto que toca no coração de qualquer amante da literatura. Todos temos livros elusivos, que recordamos vagamente e gostaríamos de reler, mantendo a sua busca com projeto paralelo. Este leitor, durante décadas, manteve a procura por um conto mal recordado da sua infância. Tem um final muito feliz, ao fim de quarenta anos conseguiu localizar o livro, com ajuda de bibliotecários. Uma história tocante, sobre os sucessos da rede de especialistas bibliográficos, mas também dos perigos (ou completa idiotice) do confiar na informação prestada por IA generativa.

Tintin, Now in Public Domain, Gets a Modern Day Reboot in The Big Lie: Todo aquele negócio exclusivista da Moulinsart vai começar a erodir. Note-se que Tintin não entrou totalmente em domínio público, apenas as suas primeiras edições e na zona de direitos de autor americana. A europa terá de esperar até 2035, se não me engano.

A intransigência artística de Bill Watterson: João Campos recorda-nos o trabalho de Bill Waterson, mas também a sua insistência em manter a sua criação dentro de estritos limites, sem se deixar levar pelo alastrar dos merchandisings e IP explorável em múltiplo conteúdo. Na verdade, o mundo não ficou mais pobre por não termos peluches do Hobbes ou aparições do Calvin no universo Marvel. Temos sempre os livros originais para nos enriquecer.

Nosferatu‘s Vampire Inspiration Is Even More Ancient Than You Realized: Um curioso easter egg histórico, num filme que ainda não vi, mas tenho a curiosidade aguçada.

Links – As melhores leituras de 2024: A Cristina partilha as suas melhores leituras do ano, além das que já nos falou no Fórum Fantástico.

Nosferatu Director Says He Tried And Failed To Adapt Frankenstein: E, depois de ver o badalado filme de Eggers, percebo porquê. O seu Nosferatu é pouco mais do que um exercício de estilo que passa demasiado tempo a fazer citações visuais góticas, pulp, b-movie e pré-rafaelitas (o final, então, é DG Rossetti all the way) em modo midjourney. Skarsgard e Dafoe levam as palmas, mas a realização consegue tornar este filme um tédio. O filme é um acumular de demasiados momentos de susto mal conseguidos, uma banda sonora irritante, e um encher de chouriços narrativo que quase adormece,. Lilly Depp tenta ser uma scream queen gótica, e falha redondamente. Tem os seus momentos, a estética é gira, e pouco mais. Ainda bem que Frankenstein se livrou deste tipo de destrates.

Five Books That Offer Readers Intellectual Exercise: Cinco livros algo desafiantes, pela forma como questionam os limites ficcionais.

5139) Notícias do fim do mundo (3.1.2025): Um olhar para cinematografias apocalípticas fora do habitual, entre Melancholia e On the Beach.

Melhores Leituras de 2024: Mais partilhas de leitura da Cristina Alves, que teve um ano muito profícuo nestas andanças.


Uncredited, 1984: No espectro.

AI tools may soon manipulate people’s online decision-making, say researchers: Na verdade, já o faz, a perfilagem e curadoria algorítmica assistada por IA para capturar a atenção dos utilizadores é o modelo de negócio das redes sociais e grandes plataformas digitais. Este artigo olha para o próximo passo - manipular os assistentes de IA, que aparentam ser o próximo passo dos LLMs, como ferramentas de marketing direcionado silencioso. Se já é um problema a mania de perguntar informações ao ChatGPT, imaginem o potencial de ligar isto com o posicionamento de produtos, uma minha de ouro publicitária, e, claro, um ataque à capacidade crítica dos utilizadores.

6 reasons why Google should switch Chromebooks from Android to Linux: Não me tinha apercebido desta vontade da Google de terminar com o Chrome OS e migrar tudo para Android. Uso no dia a dia um Chromebook (é pouco mais do que uma máquina de escrever, não aguenta com muito), e é-me tentadora a ideia de começar a usá-lo para brincar com Linux.

Volkswagen leak exposed precise location data on thousands of vehicles across Europe for months: O excesso de recolha de informação combinado com más práticas de segurança dá nisto. Há duas perguntas a fazer sobre isto. Primeiro, e a mais óbvia, como é que é possível que fabricantes protejam tão mal os dados dos seus clientes. Segunda, e talvez a mais importante, porque é que a telemetria dos fabricantes guarda informação precisa sobre a localização e percursos dos veículos? A telemetria faz sentido, mas a quem serve este nível de intrusão? Olhando para a app de informações do meu carro, faz sentido que recolha e me mostre as estatísticas de consumo em modo elétrico e gasolina, ajuda-me a conduzir de modo mais eficiente e a perceber os comportamentos do veículo. Mas não faz sentido que guarde, como faz, o mapa detalhado de todas as minhas deslocações.

“Make a cyberpunk image of Turin, Italy.”: Certíssima, a observação do Sterling - "the generators are getting worse at these assignments as more people use them. They seem to be heading for some lowest-common-denominator".

Is this too “Mastodon” to be popular on Tumblr: Há quem resista. Eu, sem RSS, teria uma vida intelectual muito mais diminuta.

El Google Maps de los cables submarinos: un imponente mapa interactivo que nos permite conocer el esqueleto del mundo moderno: Nunca me canso de analisar a intricada rede de cabos submarinos que interliga o planeta, e sustenta o nosso mundo digital.

Elon Musk Uses Cybertruck Explosion to Show Tesla Can Remotely Unlock and Monitor Vehicles: Até que ponto as capacidades de gestão remota de veículos se tornam excessivas? É preocupante perceber que o fabricante de um veículo detém capacidades completas de gestão remota, podendo agir sobre o veículo sem intervenção ou autorização do seu utente e dono. É algo que parece sempre muito bem em casos extremos, como o deste ataque terrorista, mas que se pensarmos nas implicações de privacidade, potencial abuso e caraterização de um bem que não é totalmente controlado por quem o adquiriu, assusta pelas potenciais ramificações.

We’re All in ‘Dark Mode’ Now: O alastrar dos temas escuros nos interfaces digitais.

How (and Why) a Reverse Engineer 3D-Printed an iPhone: Num tempo em que os bens de consumo estão concebidos para dificultar ao máximo a sua personalização e compreensão de como funcionam, este tipo de projetos representa um símbolo da luta por uma apropriação democrática da tecnologia.

Self Driving Like it’s 1993: Meter chaços como carros autónos. Porquê? E porque não?

How to transform your doodles into stunning graphics with Apple's Image Wand: Fiquei curioso, parece-me uma implementação das ferramentas de rabisco para imagem com IA.

Fast-learning robots: 10 Breakthrough Technologies 2025: Robots que aprendem no seu meio ambiente, uma das tecnologias promissoras.

Generative AI search: 10 Breakthrough Technologies 2025: Confesso que é algo que vejo com preocupação, dada a propensão da IA Generativa para o que se convencionou chamar de alucinações.

Small language models: 10 Breakthrough Technologies 2025: Um dos campos de inquestionável utilidade da IA, aplicar as capacidades dos LLMs às pequenas tarefas do dia a dia, e fazê-lo de forma local, nos dispositivos.

Meta's AI Profiles Are Indistinguishable From Terrible Spam That Took Over Facebook: Confesso que a lógica disto me ultrapassa. Qual é a piada, do ponto de vista de um utilziador, de interagir com perfis gerados por IA, ver e comentar as suas fotos de pessoas que não existem, ou conversar com algoritmos? Não compreendo de todo, mas para os detentores das redes sociais, há aqui novas formas de ganhar dinheiro disfarçando o marketing puro por detrás de aparentes pessoas que querem partilhar conosco os seus produtos preferidos.


Paul Lehr, from the September 1971 issue of Playboy: Fantasmagorias.

What will the world look like in 2024 AD?: Tenho de agradecer ao redditor a partilha desta pérola - a digitalização de uma revista de 1974, cheia de depoimentos das grandes personalidades da época sobre como viam as possibilidades do mundo em 2024. Uma pérola de retrofuturismo.

How History Has Become “Post-Literate”: O papel da boa escrita na perpetuação dos mitos da história, com ideias tornadas lugar-comum que já há muito a investigação académica mostrou serem falsas percepções ou desatualizadas, mas que se arreigaram na visão do público em geral porque quem as propalou, escreveu com verve.

Experts Alarmed by Huge Wall at Airport That Jet Crashed Into, Killing 179 Passengers: Fiquei siderado com as imagens desta tragédia. Uma aterragem sem trem não é inédita e faz-se, sendo arriscada, mas possível. Nas imagens é claro que o que provoca a tragédia é o avião embater contra um muro inexplicavelmente colocado.

Radical Software: Uma exposição sobre arte digital e computacional criada por mulheres. Cruzemos os dedos e esperemos que o MAAT nos traga esta exposição a Lisboa.

morning computer brain rot 2025: Entre os efeitos danosos do conteúdo acéfalo, aos mecanismos cerebrais de defesa perante traumas.

Boeing’s B-47 Stratojet Goes Cold War Spying: The story of the RB-47: A história de uma aeronave que sofreu alguns recontros contra Migs no espaço aéreo soviético.

Tamujuntu, prima?: Um relato de proximidade dos tempos tumultuosos que se vivem em Moçambique.

Parents, Put Down Your Phone Cameras: Do que se perde, no afã de querer registar todos os momentos e memórias.