domingo, 12 de fevereiro de 2023

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Esta semana, destacam-se (muitas) sugestões de leitura, o fenómeno booktok, e o cinema de desastre. Olha-se para a inteligência artificial generativa, a ligação entre economia de dados e o preço dos televisores, e possibilidades holográficas no telemóvel. Reflete-se sonbre indícios de guerra atómica, bizarrias do mundo das artes, e o ambiente enquanto armazém.

Ficção Científica e Cultura Pop 

*These Artificial Intelligences don’t seem to be “aligning” with the interests of women: Deveras, mas diria que estes robots devem estar em conluio com os heróis de queixo quadrado que vão salvar as donzelas.

Welcome to 2023, the year of The End of the Dream: Já li um livro de Wylie, às voltas com a sobrevivência uma guerra nuclear (e muito otimista, como se a radiação atómica não passasse de um leve incómodo). Agora, confesso muita curiosidade com este futurismo catastrófico passado em 2023. Porque... flatulência explosiva? 

The Top 10 Films of 2022: Os melhores filmes do ano para o Hyperallergic. Destes, apenas vi os Crimes do Futuro, um Cronenberg mediano (mas francamente melhor que a esmagadora maioria da oferta cinematográfica contemporânea.

It’s Been Quite The Year Of Drama On BookTok: O TikTok tem sido o espaço mais dinâmico para a corrente fandom literária, e como todos os espaços onde há fãs ao rubro, há dramas e escândalos.

books read 2022: Uma lista fortíssima, com claros percursos de descoberta pelas obras de William Gibson, Alan Moore e Warren Ellis.

Cyberpunk 2077 (PS5): Uma análise profunda ao caráter narrativo de um dos jogos mais conceituados dos últimos tempos.

The Quintessential Film Genre Of the 21st Century? Considering The Technical Disaster Movie: Uma cinematografia definitivamente prometeica, onde as catástrofes não são naturais, mas sim o resultado da hubris, cegueira ou estupidez humana face à ciência e tecnologia.

What I’ve been reading in 2022: Analiso com atenção as leituras daqueles bloggers que sigo, dão excelentes pistas de livros que me poderão ser intelectualmente estimulantes.

4899) O robô artista (3.1.2023): Os algoritmos de geração por inteligência artificial estão na berra, mas, será que na ficção científica, já se falou deste assunto?

BookTok’s Little Tropes Problem: Bem, não se pode esperar grande profundidade de observações sobre livros numa plataforma que privilegia os videos curtos, e se o vídeo não agarra em dois ou três segundos, não é visto sequer. De facto, a tendência booktok parte muito deste género de estereótipos, de mini-listas temáticas.

Algunos libros que regalar (o autoregalarse) para Reyes (o para empezar el año): Sugestões de leitura. É preciso argumentar?

Melhores Leituras de 2022: Os melhores livros do ano do Rascunhos, com algumas sugestões que parecem bem interessantes.

How Stan Lee Reinvented The Comics: É surpreendente ver o foco cultural em Stan Lee, e a visão dos comics como culturalmente significativos. É ainda mais peculiar porque Lee representa uma vertente industrial do género, de produção a metro focada em atrair leitores.

Tecnologia

Chris Foss, Asteroid Collision, 1980: Órbitas mortíferas.

How China is building a parallel generative AI universe: Inteligência artificial generativa em modo shanzai? As peculiaridades do mercado digital chinês, isolado do mundo pelas leis do partido, são também uma oportunidade de desenvolvimento de tecnologias fora do âmbito dos gigantes globais.

Máquinas de contar histórias: A criação automática de textos, agora fortemente impulsionada pela inteligência artificial generativa, tem um longo historial técnico, filosófico e artístico.

EEUU lidera en inteligencia artificial y China no quiere quedarse atrás: Europa está en una situación muy distinta: De acordo com os relatórios, as empresas europeias não têm vontade de investir no desenvolvimento destas tecnologias. Que é como querer dizer que querem deixar de existir a médio prazo, dado o potencial económico da inteligência artificial.

Creative AI May Just Be The Next In A Long Line Of Tools: É por estas que quando dizem que a ia generativa é arte fico logo eriçado.  Não, não é, porque ruminar e debitar conteúdos que remisturam o que já existe não é novo nem original, é uma ferramenta que automatiza o remix cultural (o que não significa que a IA generativa não possa ser usada para desenvolver projectos artísticos): "Of course, that it is unoriginal is no criticism of AI. It seems likely, however, that it will contribute to the proliferation of cultural content designed not to be original or even to say anything, but to produce, like a drug, the same experiences over and over again, to call them up on demand. This is what our culture has already been up to for some time, as many commentators—most recently, Ross Douthat in The Decadent Society—have noted. The culture repeats itself over and over again, relying on sequels, reboots, and remixes rather than genuine creativity to produce reliably profit-making content that can be delivered with algorithmic precision into people’s feeds. GPT may help further mechanize the production side of our culture as much as the delivery side has already been mechanized. The net effect, Douthat argues, is a kind of cultural doom loop—stagnation, where, as Antonio Gramsci put it, “the old is dying and the new cannot be born.”" O corrente estado da ia generativa sublinha o replicar do passado, o gerar imagens cruzando estilos anteriores. E isso, por voltas que lhe queiram dar, é tão importante em termos artísticos como a fan art, ou as colagens dos adolescentes... já a ia generativa como ferramenta para criação artística, tem um potencial incrível, é preciso é ultrapassar este tactear de deslumbre inicial. A questão do misturar algo que já existe ser ou não arte depende do que sai dali... se for um decalque dos originais, dificilmente se pode considerar algo de novo. e o problema é que a esmagadora maioria das produções assistidas por ia generativa são tão esteticamente conservadoras que fazem o art renewal center parecer progressista. A discussão não é obviamente linear, e é de recordar que nos primórdios da fotografia, houve fotógrafos que tentavam recriar as estéticas da pintura da época. Ficaram como notas de rodapé quase esquecidos, porque a fotografia requeria o desenvolvimento de novas estéticas. Creio que a ia generativa também irá percorrer esse caminho, mas por enquanto, ficar de queixo caído perante cada output do midjourney ou SD e dizer "wow, arte"", é um notório exagero.

AI is bringing the internet to submerged Roman ruins: E se se perguntam porque precisam as ruínas afundadas de internet, a resposta prende-se com a monitorização ambiental. 

The End of the Silicon Valley Myth: De facto, 2022 foi o ano em que o mito silicon valley, dos super homens geniais com ideias brilhantes que se moviam depressa, quebravam coisas, e tornavam tudo melhor começou a ruir. O space karen foi o exemplo mais visível desse colapso, mas o problema está na própria raiz da mitografia das empresas tecnológicas, que disfarçam a procura nua de lucro a todo o custo com o mito de que estão a mudar o mundo para melhor. E como já percebemos, a começar nos ambientes tóxicos das redes sociais e acabar nos escândalos com os dados, não é isso que está a acontecer.

Our Strange New Era of Space Travel: Um olhar para os primeiros passos de um maior acesso ao espaço, apesar de ainda demasiado dependente dos caprichos de bilionários.

Just How Badly Does Apple Need China?: Quando falam de potenciais guerras entre a América e a China, penso sempre que se não é um cenário de colocar de parte, na verdade será muito implausível. E a razão está aqui, nas intricadas cadeias de produção industrial e tecnológica que tornam os países, de facto, interdependentes. É possível alterar isso, mas requer investimentos avultados e tempo, muito tempo.

Farewell to 3G: É uma das condições da evolução tecnológica. O que foram tecnologias de promessa brilhante acabam sempre por se tornar obsoletas e desligadas, em direção ao esquecimento.

India set an ‘incredibly important precedent’ by banning TikTok, FCC Commissioner says: O mais interessante neste artigo é o que está escrito entre as linhas - a vontade, discreta mas assumida, de banir o TikTok do mercado americano. As razões são securitárias, entre a perfilagem e eventual espionagem, ao risco do feed algorítmico poder ser manipulado às ordens do governo chinês em operações de manipulação da opinião pública. Ressalva-se ainda o elogio a uma ideia de soberania digital assertiva, exemplificado pelas ações indianas.

Qué fue de Silk Road y su creador, Ross W. Ulbricht: el caso que marcó el tráfico de drogas en Internet: Recordar o destino do fundador do Silk Road, que no seu auge foi um dos mais importantes sites da dark web.

To Look Forward, Sometimes You Have to Look Back: Em tecnologia, as previsões, otimistas ou não, têm o bizarro hábito de divergir do previsto.

Ciberlândia - Apresentação: O crescimento das instâncias mastodon em português, com esta iniciativa da D3. Por mim, mantenho-me no masto.pt, mas todas as novas instâncias são bem vindas!

There's no GPS on the moon. NASA and ESA have to fix that before humans return in 2 years: E a razão mais óbvia para se desenvolver sistemas de navegação lunares nem é aquela que estão a pensar, a de haver mapas para astronautas, mas sim o simplificar o cálculo das rotas das naves que irão à lua.

The Hidden Cost of Cheap TVs: Se o preço relativamente baixo dos televisores LCD ou OLED planos de alta definição parecer surpreendente, é de notar que nos dias de hoje, onde os dados são mercadoria, até o humilde televisor é um instrumento de recolha de dados dos seus espetadores.

Holographic Cellphones Coming Thanks to AI: Isto é mais prova de conceito e tecnologia embrionária, tão cedo não chega aos telemóveis. Mas a ideia é prometedora, e poderia abrir novas formas de interagir com o mundo digital.

Transcribing all our conversations 24/7 will be weird and also useful maybe: Houve uma altura em que este tipo de ideias parecia fresca, revolucionária, de transformação positiva. Nos dias que correm, soa arrepiante, com laivos de totalitarismo, e algo assustadora. Traumas de estarmos a viver numa cultura digital que, entre as suas características, tem uma certa implacabilidade para crucificar pessoas a partir do que elas terão deixado escrito num texto, ou dito num vídeo, no seu passado.

Generative Music Created in Minimalistic Javascript Code: Algoritmos generativos (sem IA) para gerar música.

Modernidade

Chris Moore: As estrelas, o destino.

The Best Art Books of 2022: Livros que nos falam de arte, artistas e movimentos.

What Ukrainian attacks on Russian airbase mean, by Guy Plopsky: Como o articulista bem identifica, a principal consequência destes ataques é o dano que fazem à moral e ao prestígio militar russo. Se é que, depois de ver a ineficácia e selvajaria das tropas russas, ainda se lhes poderá aplicar este conceito.

The Wildest Art Stories of 2022: Do Mondrian pendurado ao contrário, aos pruridos trazidos pelos amuletos fálicos romanos. Quem disse que a arte era cinzenta e formal?

Cinema Central: Um vislumbre do interior de um cinema esquecido. E onde fica? Não saberemos, uma das regras da fotografia UrbEx é não divulgar as localizações, para evitar vandalismo.

PORTFOLIO: CLAES OLDENBURG: Uma forma diferente de perceber o trabalho deste escultor pop, através das suas fotos banais.

These Are The Signs That A Nuclear War Is About To Start (Video): Uma análise a documentos soviéticos que indexavam os indícios de uma eventual guerra nuclear, monitorizando ações indicativas de preparativos para a guerra. Ações aparentemente táo díspares como parques de estacionamento congestionados nos principais centro de decisão, ao abrigar de artefactos culturais. 

World Store: O ambiente como armazém, ou uma reflexão sobre a forma como no antropocénico todos os espaços são mercantilizáveis.

A Visit to the French Southern and Antarctic Lands: Um vislumbre de magníficas desolações geladas, nos territórios franceses dos mares do sul.