Esta semana, destacamos a síndrome de Stendhal, visões de diversidade no espaço, e o projeto de banda desenhada portuguesa Uluru. Fala-se de robótica no code, uso de ferramentas de texto gerado por inteligência artificial na educação, e a sedução comercial da vigilância. Olha-se para as cidades chinesas de imitação europeia, Buckminster Fuller, e a incapacidade de agir perante evidências.
Ficção Científica e Cultura Pop
Temple of music by Robert Fludd: Esoterismos
Junji Ito Maniac: Japanese Tales of the Macabre: New Titles & Images: Uma série de televisão a partir das histórias negras deste mangaka? Será que os espectadores terão estômago para a ver?
(Re)Assistindo: O Ciclo "Dark Disney" de 1979 a 1985: Se a Disney está associada a estéticas limpas, de otimismo conservador, houve uma altura em que experimentou com cinematografias mais arrojadas.
Tom Sachs Makes Spaceships: Uma divertida intersecção entre arte contemporânea e ficção científica, embora o texto de apoio evite tocar na FC, como se o género fosse uma praga.
4873) A paisagem perturbada: Estive recentemente em Florença, e se não desmaiei perante a beleza da cidade (não conseguiria, com tantos encontrões de turistas e lojas sucessivas que vendem precisamente o mesmo, ou restaurantes que nos oferecem sempre as mesmas iguarias). Mas compreendo este texto, porque já senti este tipo de sintomas. Confesso, saio mentalmente exausto de um mergulho no Prado, na Thyssen, ou outro grande museu, daqueles cheios de obras impressionantes. Saí da Uffizi saturado, já incapaz de ver mais beleza. Em parte, isto vem da forma de visitar, sabemos que são locais onde dificilmente regressaremos. Não sinto o mesmo nos museus portugueses, porque sei que posso sempre regressar para rever, descobrir o que me passou despercebido. Mas a sensação de saturação após um mergulho profundo é forte, e algo desconcertante. Quanto à síndrome de Stendhal em si, não desmaiei em Florença, mas recordo que ao entrar na Sagrada Família, senti tal comoção que me vieram lágrimas aos olhos. E, note-se, sou ateu, foi mesmo a sensação provocada pela beleza do jogo arquitetónico de Gaudi.
The best books on The Day of The Dead, recommended by Regina Marchi: Ainda em modo halloween, que é das melhores desculpas que conheço para mergulhar nas literaturas que fazem ter medo do escuro, algumas leituras sobre a colisão sul-americana entre catolicismo e religiosidade pré-colombiana que é o Dia dos Mortos.
EROGURO PARA LA ERA ESPACIAL | Jesús Palacios: Os espanhóis são uns sortudos. Antologias e romances de ficção científica japoneses traduzidos? Que inveja. Por cá, ainda estamos na fase do manga.
Five SF Works About Climate Change Published Before the 1980s: Ballard é o nome mais incontornável aqui. Mas antes do aquecimento global ter chegado ao mainstream, já a ficção científica olhava para as preocupações ambientais.
Let's celebrate Gene Colan, Marvel's master of horror: Não sei se será dos melhores desenhadores de comics de terror (Bernie Wrightson, Esteban Maroto, Wally Wood ou Al Williamson vêm-me à mente), mas dentro dos limites da estética Marvel, Colan foi de facto um praticante excelso do estilo de horror gótico.
How Sci-Fi Changed Who Gets to Go to Space: Das visões clássicas sobre o homem branco nas estrelas a visões que integram a rica diversidade da cultura humana, a ficção científica abriu o caminho para a diversidade na exploração espacial contemporânea.
Nazis burned the book and started a riot in theaters when it went to film but now it has its own version from Germany: Confesso que estou muito curioso com esta adaptação do romance clássico de Erich Maria Remarque. Foi um dos livros que me formou, é um romance impressionante sobre a realidade suja e dura da guerra. Esperemos que a adaptação esteja ao seu nível.
Uluru – Crónicas do Tempo e do Espaço – Marco Fraga da Silva, Matthieu Pereira e Sofia Pereira: Análise a uma das mais interessantes propostas de banda desenhada portuguesa deste ano.
Lançamento: H-Alt #12: Este projeto tem-se revelado teimoso na forma como se mantém, criando um canal formal de divulgação dos novíssimos talentos da Banda Desenhada portuguesa.
Tecnologia
retroscifiart:Gary Lasasso ‘Eye-O on Jupiter’: Terras distantes.
The Edtech Gold Rush: Muito pode ser dito, e escrito, sobre tecnologia educativa. Mas a esmagadora maioria dos produtos é essencialmente instrucionista, esgota depressa o pouco interesse que tem.
Big Tech employees are TikToking on the job — and their bosses don’t always like it: Na intersecção entre redes sociais e relações laborais, há áreas cinzentas complexas.
TikTok Has Taken Over The Internet. It’s Worth Reflecting On How: É uma das mais interessantes plataformas na internet, hoje, por muitas razões, positivas e negativas. Está a ter uma ascensão meteórica e um forte impacto cultural.
Students Are Using AI to Write Their Papers, Because Of Course They Are: Não há aqui grandes novidades. Se os algoritmos automatizam o que é rotineiro e repetitivo, vão ser usados por estudantes para despachar o lado entediante da educação.
New AI Tool Turns Your Ugly Photos Into a Beautiful Selfie: Uma ferramenta intrigante, na prática, permite treinar um algoritmo para recriar o nosso rosto.
Published Via Desktop: Uma pequena história dos softwares de publicação no desktop.
How To Scan, Sign and Share Documents From Your Phone: Arquivar em ferramentas úteis. Só falta integração com cartão do cidadão, no nosso caso, para ser um excelente sistema.
Ally is building a dead-simple, no-code robot arm: É interessante ver o movimento no code/low code a chegar à robótica, e em aplicações de nível comercial.
Cómo se construye un parque eólico marino: así es el gran proyecto de Iberdrola que es inviable en España: Um raro vislumbre de tecnologia de ponta em modo infraestrutura, com esta reportagem que nos mosta a construção de um parque éolico marítimo.
NATO Just Deployed Its First Killer Ground Robot: Na fronteira lituana, sob bandeira holandesa, os primeiros robots de combate terrestre europeus começam a ser experimentados.
Revyze is building the TikTok of educational videos: Se à partida a ideia de vídeos educacionais ao estilo TikTok parece um pouco cringe (uma tendencia típica no desenvolvimento de software educativo, de imitar produtos comerciais de sucesso entre os jovens), na verdade o projeto está bem concebido. Os vídos estimulam aprendizagem entre pares, sendo criados por alunos; e está a implementar um sistema de recompensas virtuais que se poderá tornar uma criptomoeda, ou seja, com o potencial de recompensar financeiramente os criadores de conteúdos para a plataforma, de forma direta.
The Rise of ‘Luxury Surveillance’: Se nos impusessem no interior das casas sistema de escuta, câmaras de videovigilância e sensores que monitorizam os nossos comportamentos, consideraríamos isso como um atentado à liberdade e privacidade. Mas se nos venderem esses mesmos sistemas, ficamos deslumbrados com as capacidades das nossas casas inteligentes.
Artificial Intelligence & Enterprise Content Management in the Future of Education-1: Quando eu e muitos dos meus colegas falamos de Inteligência Artificial na educação, falamos de empoderamento dos nossos alunos através da experimentação com estas tecnologias. Quando a EdTech fala deste tema, é a ladaínha do costume: monitorização das crianças, acenando com cenoura da correção automática do trabalho dos alunos (que, eu professor me confesso, é sedutora) e a personalização dos currículos (uma ideia que já vem dos anos 70, dos antigos sistemas tutoriais inteligentes, mas hey, hype comercial não se coaduna com memória da história da tecnologia).
Copilot ya escribe el 40% del código de lenguajes como Java o Python que llega a GitHub. En cinco años llegará al 80%: Note que isto não significa que já não é preciso saber programar para trabalhar com programação, mas que os programadores percebem o poder que a automação de parte do trabalho lhes dá.
China aspiraba a ser tecnológicamente autosuficiente. Hasta que EEUU inició la "guerra de los chips": A tecnologia como campo de batalha, com as clássicas visões geoestratégicas a quebrar o deslumbre neoliberal com a produção ao mais baixo custo.
In Our Own Image: Do We Need Humanoid Robots?: De facto, já há muito que se percebeu que a forma humanóide é das menos eficientes no desenvolvimento de robots. Mas persiste esta tentação, de criar seres artificiais à nossa imagem. Algo que já nos vem de há muito, dos mitos clássicos.
The art behind NASA’s scientific space photos: Se os telescópios espaciais nos dão imagens de cortar a respiração, elas na verdade não correspondem exatamente ao que os telescópios captam. São compósitas, criadas a partir de várias fontes de dados, e há um dedo de estética humana nestas visões do cosmos.
Modernidade
[no title]: Fantasmagorias.
Pluralistic: 15 Oct 2022 How lawyers became sadists: Um texto brilhante sobre ética económica, ou como o culto do lucro a qualquer custo acaba por prejudicar todos.
Will Putin Use Nuclear Weapons? Watch These Indicators: A retórica nuclear anda ao rubro, mas qual será o ponto em que deixa de ser preocupante e começam a haver sinais de que armas atómicas serão usadas? Algumas decisões e eventos poderão ser indicadores que se passa dos discursos a uma ação, funesta para todos.
A Forgotten 1920s Magazine Gives a Glimpse of the Paris Jazz Age in the Flesh: Estes objetos são sempre uma boa recordação que os nossos antepassados não eram tão bem comportados como gostamos de os imaginar.
The Liz Truss Travesty Becomes Britain’s Humiliation: As confusões na brexitlândia são um exemplo perfeito do que acontece quando populistas extremistas chegam ao poder. A sanha de favorecer os mais ricos é tanta, que arriscam arrasar o próprio país.
The Nude That Artemisia Gentileschi Painted For Michelangelo’s House Was Covered Up By Prudes: O puritanismo tem um longo historial, mas um projeto de restauro está a procurar reverter os danos a uma obra dessa raridade que é uma artista renascentista.
The Unheeded Warning: Um deprimente recordar que, apesar de se apregoar a boa vontade no respeito pelos direitos humanos aos quatro ventos, temos tendência a reagir com rejeição perante até mesmo as evidências mais fortes.
China ama tanto a Europa que se ha construido una propia: así son las ciudades-réplica que pueblan el país: Espaços profundamente ballardianos, uma confluência entre capitalismo e a curiosa inversão do nosso orientalismo, com os orientais a recriar as estéticas arquitetónicas do ocidente. Será assim tão diferente das reproduções orientalistas que gostamos de colocar em jardins e parques?
Llega el otoño, la mejor época del año para la cámara: cómo salirse de las mismas fotografías de siempre: Boas dicas para tirar o melhor partido da luz outonal.
China Is Luring Retired British Pilots To Train Its Military: Como é que é aquele adágio histórico? Conhece os teus inimigos? Uma forma de o fazer é aprender táticas de aeronaves ocidentais com os seus próprios pilotos.
Inside the 20th Century's Weirdest Architectural Breakthrough: Um olhar para o trabalho de Buckminster Fuller, o inventivo arquiteto americano que nos legou as estruturas geodésicas.
