Esta semana, destacamos a obra de Ray Harryhausen, as tropelias do cinema com estéticas da computação, e o romantismo másculo de Top Gun. Olha-se para as possibilidades criativas das ferramentas de inteligência artificial, da relação entre memória e telemóveis, e hilariantes visões psicopáticas do problema ético do elétrico. Reflete-se sobre a impossibilidade de enfrentar as alterações climáticas, explorações urbanas e o recente Festival Aéreo de Beja.
Ficção Científica e Cultura Pop
Chris Foss, ‘Atlantis’: Como é mesmo a canção de Donovan? Way down, below the ocean?
The brilliance of Ray Harryhausen: Um daqueles casos de excelência, aliando brilhantismo técnico, criatividade, e um imaginário fortíssimo. O trabalho deslumbrante deste animador ficou para a história do cinema.
The best books on Language and Post-Truth, recommended by Nick Enfield: Confesso não apreciar o termo "pós-verdade", sempre me pareceu uma forma de relativizar a gravidade da mentira.
Plot Point Does Not Compute: Quando cinema e computação se cruzam, raramente dá resultados verosímeis. Um olhar para a forma como os filmes retratam a computação de forma infiel, a começar pelo infame Independence Day (que, diga-se, é um daqueles filmes patetas e divertidos, que não se leva a sério).
A Map Of Fictional Tube Stations: Referencias ficcionais londrinas, mapeadas nas linhas de metro da cidade. Hobbs End é particularmente aconselhável.
'Stranger Things' debe parar: por qué a la serie le conviene renunciar a una quinta temporada: Quase diria que, se não parar, vai acompanhar o crescimento dos personagens até serem cinquentões e a nostalgia dos anos 80 passar a ser a nostalgia do tempo presente. O artigo vai mais a fundo, claro, mas confesso que deixei de ver a série no final da primeira temporada. E sempre senti que o seu melhor, a forma rigorosa e brilhante com que regressa a uma época, é também o seu pior, como mergulho na nostalgia pura, que é o seu verdadeiro tema.
A Pior Novela Gótica já Escrita?: Não sei se é a pior história gótica, mas que é um pouco pulp demais para Stoker, isso é.
What We’re Reading This Summer: Uma lista de leituras mais mainstream,mas hey, nem tudo o que se lê tem de ser ficção científica e fantástico.
Hell Yeah, Tom Cruise: Uma divertida crítica a Top Gun, focada nos óbvios subtextos homoeróticos dos filmes. Que até é das coisas mais divertidas de ambos os filmes, a forma como a apologia da testosterona é homoerótica, e a superficialidade das personagens femininas (também notei que a principal qualidade da atriz que, neste segundo filme, quebra o machismo sendo piloto top gun, é o seu ar másculo). No entanto, confesso, estas interpretações são interessantes, mas estes filmes são um prazer culposo, para mim, por causa dos aviões.
Eight Books in Which Ignorance Is the Point: Ignorância, que tanto pode ser a abismal falta de conhecimento, como compreender a vontade de conhecer mais.
Tecnologia
A super subway by David Schleinkofer: O futuro, eram as linhas férreas.
Consciência, Inteligência Artificial, e porque é que estamos tramados: Talvez a melhor análise que li ao tema da possibilidade de consciência de algoritmos de inteligência artificial, e que coloca o dedo no grande problema: enquanto estamos distraídos a discutir o sexo dos anjos 2.0, especulando sobre consciências artificiais, estas tecnologias poderosas já estão a uso, com um enorme potencial para nos influenciar das piores formas possíveis.
China’s new Mars images show off the country’s robust (but secretive) space program: Alguns indícios visíveis do crescimento sustentado do programa espacial chinês, capaz de manter a sua própria estação orbital, explorar a Lua e Marte com rovers, entre outros projetos.
Frolicsome Engines: A robótica, os simulacros mecânicos e as tentativas de criar seres artificiais já têm uma longa história. Aqui, alguns exemplos, que nos chegam da antiguidade grefa, da época árabe, ou do renascimento. Autómatos e mecanismos que pareciam, aos olhos dos seus contemporâneos, ter vida artificial.
Quantum Computing for Dummies: Uma curta e incisiva introdução à computação quântica, e seus principais conceitos.
AI Image Generation Sharpens Your Bad Photos and Kills Photography?: Faz sentido. Estes algoritmos são uma excelente ferramenta de criação, e o corrente foco no promptism com correspondente deslumbre com os seus outputs um ponto de partida. The street finds its way, dizia Gibson, e usar o poder computacional do DALL-E para recriar fotos melhores que o original parece muito promissor.
Japón fue durante décadas el líder mundial en tecnología de consumo. Esta es la historia de su caída: De referência tecnológica global a símbolo de estagnação.
Evenly Distributed | 2226: Recordar um dos sistemas que antecedeu, e ajudou a estabelecer as bases conceptuais, para a nossa corrente cultura digital. Nos anos 60, o PLATO, baseado em mainframes, permitia jogos e comunicaçáo entre utilizadores.
X-Bow’s mobile rocket 3D printing technology slated for Air Force testing: Soluções móveis de linha de fabricação com manufatura aditiva.
AI can convert almost any 3D scene into the style of a famous artwork: Bem, dados são dados. Confesso uma enorme curiosidade sobre algoritmos capazes de gerar modelos 3D.
Los smartphones están destrozando nuestra memoria. La gran pregunta es si debería importarnos: Não há aqui grande novidade, já sabemos que um dos mais importantes usos do smartphone é como elemento externalizador de memória. Quer das nossas memórias pessoais, através das fotos e outros dados, quer como forma rápida de manter apontamentos e aceder a informação, que já não temos de memorizar.
AML3D to WAM 3D print colossal eight-tonne pressure vessel for ExxonMobil: Uma aplicação de manufatura aditiva industrial, no âmbito da indústria naval.
Absurd Trolley Problems: O problema do elétrico, esse dilema ético para o qual não há soluções boas, revisto de formas visivelmente sociopáticas. Acho que nunca me diverti tanto a meditar sobre ética.
Enabling Creative Expression with Concept Activation Vectors: Uma proposta intrigante, normalmente o uso de datasets visuais em algoritmos está mais ligado ao reconhecimento ou geração de imagens. Este trabalho mostra outras possibilidades, com inteligência artificial usada para gerar moodboards, para inspiração humana.
How Social Media Platforms Decide Which Ideas Are Allowed: A curadoria algorítmica, e as decisões das empresas detentoras das plataformas digitais que usamos sobre o que é conteúdo legítimo ou não, acabam por condicionar imenso aquilo que vemos e discutimos. É uma faca de dois gumes, tanto trava conteúdo danoso como dá destaque desmesurado a alguns temas em detrimento de outros. O real problema está no facto destas plataformas se terem tornado o principal meio de acesso a informação digital para milhões de pessoas. É um poder censório, de potencial manipulação de opiniões e pontos de vista, que nem os mais totalitários regimes repressivos conseguiram atingir.
Para automatizar a censura, clique aqui: Análise às novas leis europeias para o mundo digital, que apesar de visarem proteger os direitos dos cidadãos europeus, não são imunes a problemáticas censórias, nem à sua manipulação pelos regimes políticos e legais de alguns estados-membro que estão em tendência iliberal.
Modernidade
David A. Hardy’s cover for Worlds of If: Daqui saem os sonhos.
How Did The Romans Keep Wine From Going Bad In Their Amphorae? Like This: A arqueologia biológica permite descobrir alguns dos segredos culinários das civilizações que nos precederam.
20+ Memes Introverts Will Relate to From a Solitary Location: Eu, confesso introvertido, atesto a veracidade destes memes. Hmm. Será que se pode usar a expressão "sair do armário" para qualificar o assumir que se é introvertido? É que os introvertidos gostam de estar dentro dos armários... (*ironia, e piada, ok, não é boca homofóbica, apenas jogo de palavras).
Frescoed domus under Baths of Caracalla opens: Não resisto a artigos que nos mostram os fabulosos vestígios da pintura romana.
Davos Was a Case Study in How Not to Talk About Climate Change: Por detrás das promessas luminosas dos muito ricos, dos anúncios do seu empenho em descarbonizar e apostar em energias sustentáveis, está a realidade estatística. As promessas são meras gotas de água, uma pequena percentagem daquilo que poluem. No que toca ao clima, estamos tramados. A ganância ganhou ao humanismo.
Casa dos Baús: Os exploradores urbanos, de vez em quando, surpreendem com locais reais muito, muito arrepiantes. Estas fotos fazem sonhar com enredos de horror.
A mysterious cult that predates Stonehenge: Como Lovecraftiano que sou, ler sobre antigas civilizações desaparecidas e as ruínas que deixaram no deserto arábico, deixa-me logo a pensar no sábio louco Abdul Alhazred e o seu necronomicon, o livro ficcional que sustenta os mythos de Cthulhu. Ficções à parte, a realidade desta civilização desaparecida nas areias do deserto arábico não é menos fascinante.
South Korea’s KF-21 Begins Ground Tests Ahead Of Imminent First Flight: Uma aeronave bonita, e interessante, este projeto de tecnologia aeronáutica sul coreano.
FORÇA AÉREA COMEMORA 70 ANOS NO CÉU DE BEJA: Também visitei este evento. Vim de lá com um escaldão (esqueci-me por completo do óbvio protetor solar), dores no pescoço de tanto olhar para os céus, e o espírito empolgado com o que foi uma festa da aviação. Ter assistido a incríveis mostras de perícia aeronáutica dos Frecce Tricolori, Marche Verte, ou dos pilotos de F-16 portugueses, entre muitos outros momentos, foi inolvidável.
The Machine Stops: Um belíssimo ensaio de Oliver Sacks, sobre conexões, barreiras tecnológicas, e a confusão entre factos e conhecimento profundo. Entre o humanismo e a tecnologia.
FMI: as três letras mais detestadas do mundo: Um olhar para os mecanismos internos do fundo financeiro global.