domingo, 7 de agosto de 2022

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Esta semana, fala-se sobre Spaceballs!, história do cosplay, e da visão cinematográfica de Blade Runner. Olha-se para os desafios da criação artística utilizando ferramentas de inteligência artificial, de novos projetos de foguetões orbitais, e da pegada carbónica dos documentos digitais. Reflete-se sobre mecanismos do capitalismo, viver em simulacros, e fantasmagorias urbanas. 

Ficção Cientifica e Cultura Pop


Does Junk Media Rot Your Brain?: Estão a ver aqueles discursos sobre se se ver televisão popular ou ouvir música da moda diminui a nossa capacidade mental Não é um discurso novo, e já foi aplicado aos romances, à poesia. O que não quer dizer que uma dieta cultural exclusiva de reality tv e música funk seja benéfica para a nossa personalidade, mas exageros à parte, a exposição â cultura low brow não nos torna atrasados mentais.

S. Alves Morgado: A Morte da Terra: Confesso que quando li este livro, toda a dimensão política que o Jorge encontra nele me escapou. Mas faz sentido, interpretar esta raridade da ficção científica nacional, como uma forma velada de criticar o imobilismo repressivo do estado novo e a guerra colonial.

The Best of World Literature: The 2022 International Booker Prize Shortlist, recommended by Frank Wynne: Cinco sugestões saídas dos candidatos a um dos mais prestigiados prémios literários em língua inglesa.

Mel Brooks' Spaceballs Remains a Sensational Sci-Fi Spoof: De facto, esta comédia de Mel Brooks não só goza à descarada com Star Wars, como antecipa o poço de comercialismo que os filmes de George Lucas se iriam tornar. Mas fá-lo com erudição, com piadas slapstick mas cheias de referências à história do cinema. Mel Brooks era um mestre num estilo de sátira popular, mas profundo conhecedor do que satirizava. May the schwartz be with you!

Which White British Guy’s Vision Of A Nightmare Society Are We Trapped In?: Em ambas. Entre o orwellianismo do panopticon digital e o huxleyismo do dilúvio de entretenimento digital. Deixou de ser uma escolha, passou a ser uma fusão.

'Blade Runner' at 40: Why the Ridley Scott Masterpiece is Still the Greatest Sci-Fi of All-Time: Bem, bestas coisas as opiniões absolutas não são boa política. Blade Runner é genial, mas ombreia com 2001, e deve imenso a Metropolis. Sem a obra seminal de Lang, todo o visual de filme de Scott não existiria. Mas, e agora empino o nariz, como snob literário que sou: o verdadeiro valor da ficção científica não está no cinema, que apenas apresenta uma visão limitada do que é o género, ainda por cima diluído sob a forma de filme de ação para as massas. Se querem mesmo mergulhar no melhor da ficção científica... caros, ide abrir os livros.

A brief history of cosplay, explained in 5 historical conventions: O cosplay, a ser levado a sério como área de investigação. Pessoalmente, tenho um enorme carinho pela ideia de fãs que se dedicam a recriar os seus personagens favoritos, em modos DIY amador. Apesar das óbvias incursões comerciais, a comunidade cosplayer valoriza imenso a capacidade de cada um construir o seu próprio fato, é mais um símbolo do seu gosto pelo personagem que encarna.

How John Carpenter's "Escape From New York" Made Kurt Russell A Star: Diga-se que foi o ator perfeito para este filme, um dos grandes clássicos da ficção científica apocalíptica dos anos 80.

Tecnologia

God turns his back on humanity: Sempre brilhante, Jack Kirby.

AI-Guided Robots Are Ready to Sort Your Recyclables: Combinando robótica e visão computacional dirigida por algoritmos, pode-se tornar os processos industriais de reciclagem mais eficazes.

Who wants to live forever? AI and our digital (after)lives: Somos das primeiras gerações que se vê na necessidade de questionar o que fazer com os nossos dados, após a nossa morte. Deverão ser apagados? Memorializados? Mantidos nas enormes bases de dados que sustentam os lucros das empresas de tecnologia?

The smart city is a perpetually unrealized utopia: As cidades inteligentes como uma instância mais atual dos urbanismos utópicos, e a relação estreita com as tecnologias militares, que apostam no desenvolvimento do tipo de redes e sensores que alimentam as colheitas de dados que caracterizam os projetos de cidades inteligentes.

Yann LeCun has a bold new vision for the future of AI: É o grande objetivo da verdadeira inteligência artificial, o desenvolvimento de sistemas capazes de aprender como nós, usando senso comum, sem necessitar de exaustivas bases de dados meticulosamente identificados. Resta o como os desenvolver, isso tem sido elusivo para os investigadores.

DALL·E 2 Will Disrupt Art Deeper Than Photography Did: O título do ensaio é provocatório, até porque se sabe que a fotografia não veio destruir a pintura, pelo contrário. Ao criar uma forma de representação mecânica do real, veio dar força a um impulso artístico de encontrar novas formas de representação, para lá dos espartilhos do realismo. Formas essas que já estavam presentes no mundo das artes muito antes do desenvolvimento da fotografia. Por detrás dos quadros mais intensamente realistas, escondem-se estruturas abstratas e formas de condicionar o olhar de quem visualiza. A geração de imagens por inteligência artificial tem sido discutida sob o deslumbre cego da ideia da máquina capaz de criar, que é uma ideia falsa. O potencial "disruptivo" desta tecnologia não está no suposto destronar da criatividade humana, mas sim naquilo que a criatividade humana poderá atingir com esta nova ferramenta.

The hacking industry faces the end of an era: Vamos por partes. A absorção do infame NSO Group significa duas coisas: não só a exploração mercantilista desta vertente escura do mundo virtual se cimentou, como se tornou algo de respeitável. O hacking ofensivo deixou de ser o domínio de cibercriminosos, agências secretas ou empresas de reputação duvidosa, e passou a ser respeitável. Explorar vulnerabilidades, atacar alvos. Uma atividade normal, como todas as outras, a ética é desnecessária.

Google’s AI spotlights a human cognitive glitch: mistaking fluent speech for fluent thought: É compreensível. Até agora, ao longo de toda a história humana, nunca nos deparámos com entidades não-humanas capazes de falar com fluência. Medimos a inteligência com este instinto, se fala, é inteligente, algo que nos está enraizado desde a pré-história, provavelmente. Se este argumento vos soa estranho, lembrem-se qual a sensação que temos quando o nosso interlocutor tem dificuldades em estruturar o seu discurso, ou não fala a mesma língua. Transferimos para as máquinas essa sensação, se o algoritmo ordena palavras de forma coerente, interpretamos como sinal de inteligência consciente, mesmo que saibamos que o discurso do algoritmo seja o resultado da interação complexa de regras estatísticas.

Robots Play with Play Dough: Robots e plasticina, ou uma forma de desenvolver metodologias e tecnologias de preensibilidade complexa.

How Much Carbon Could a Google Doc Really Emit?: Uma iniciativa intrigante. Sabemos que a vida digital se mede em consumo de energia, cada bit corresponde a um gasto, e a infraestrutura imensa de servidores e redes que sustenta a conectividade ininterrupta a que estamos habituados requer geração massiva de energia. Cada bit, cada imagem, cada tweet, documento, post, pesquisa, tem um consumo, e é interessante que se começe a pensar nesse impacto.

AI’s progress isn’t the same as creating human intelligence in machines: Boa análise, que recorda as duas grandes vertentes da inteligência artificial - a busca pelo desenvolvimento de uma verdadeira inteligência, até agora um objetivo elusivo, e a potência computacional dos algoritmos restritos, que sustentam as ferramentas de inteligência artificial que estão a revolucionar a nossa vida digital.

A Love Story Created By Artificial Intelligence (And What It Does And Doen’t Mean For Writers): Mais interessante do que o conto, é a forma como foi concebido, e as observações do autor sobre o uso de algoritmos como ferramenta criativa. Não automatizando o acto criativo, mas ampliando o seu espectro e possibilidades.

People Are Using AI to Generate Disturbing Kids’ Bedtime Stories: Porque, e porque não, eis porquê. Esta fase é interessante, de experimentação pura com estas ferramentas, com criadores a experimentar um pouco de tudo o que lhes vem â cabeça.

The Creator of That Viral Image Generating AI Loves All Your Weird Creations: É uma adpatação do DALL-E, e como permite experimenta um pouco do que a ferramenta da Open AI consegue, tornou-se viral em pouco tempo.

We Can’t Wait for These Futuristic Rockets to Finally Blast Off: Um apanhado dos novos modelos de foguetão orbital que estão prestes a ser testados. Eu sei, à Arianespace ninguém liga muito, e a SpaceX está na moda, mas pessoalmente, sou fã da Relativity Space e o seu foguetão impresso em 3D.

How Technology Is Rediscovering Lost Art: As ferramentas tecnológicas tornaram-se essenciais para compreender melhor a arte, desde algoritmos que reconstroem quadros perdidos ao uso de inteligência artificial para decifrar textos contidos no interior de rolos de papiro carbonizados.

Thanks to fans, the weirdest official Doom game is now playable on Windows: Vai um pouco de retrogaming puro, jogando a adaptação para telemóvel (não smartphone) de DOOM, emulada no computador?

Modernidade

‘School, Work and Play,’ 1981: A eterna metáfora do aprender como "criança olha para cenas, criança repete umas cenas"...

On medieval kink (part one): Mesmo nesses tempos de moralismo pio que era a Idade Média, havia espaço para diferentes sexualidades. Confesso, depois de ler este texto, nunca mais conseguirei ver representações medievais do martírio de santas com olhos exclusivamente religiosos. A marotice é algo transversal a todas as épocas.

Dreaming Beyond AI, a space for Artificial Intelligence: Usar a arte para melhor compreender os impactos e potenciais desta tecnologia. Faz todo o sentido, precisamos de pontos de vista que não se restrinjam aos preconceitos do otimismo tecnológico ou do conservadorismo social, o olhar artístico permite abordagens que ultrapassam os limites cognitivos.

A Suit Of Capitalism: Warren Ellis, certeiro: "capitalism is the environment into which we are born, and conditions within it are corrosive: we either adapt to those conditions in order to survive — people will always have to be taught how to tend the machines, and it has been said, after all, that humans are the reproductive organs of machines — or build a sturdy environment suit, or we are seriously harmed".

Antikythera Hercules’ head found 120 years after his body: Os despojos do naufrágio continuam a dar-nos descobertas de enorme valor arqueológico.

History Is Never Only One Person’s Story: As biografias múltiplas mostram-nos os pontos de confluência entre diversas personalidades da história, recordando que as mudanças não são o produto do esforço individual, mas sim da conjugação de esforços e ideias.

Hace 450 años, alguien recorrió media España apuntando todos tipo de animales y plantas: el resultado es un atlas bizarrisimo de un mundo que ya no existe: Seria interessante se houvesse igual documento para nós, dado que partilhamos o mesmo espaço e espécies. Esta relação medieval permite redescobrir como era o mundo natural e agrícola pré-descobrimentos, onde as bases alimentares eram totalmente diferentes das que importámos das américas, e muitos animais hoje extintos andavam pelos cerros.

If We’re Truly Living In A Simulation, The Beings Running It Are, To Put It Mildly, Problematic: Problemático? Estão a gozar conosco? Se formos seres simulados a viver uma simulação, claramente foi criada para testar a lei de murphy ao máximo. Só mesmo cientistas sádicos alienígenas se poderiam lembrar de criar uma simulação com a nossa realidade de guerras, violência, intolerância, estupidez e pandemia. Não havia outras variáveis para estudar?

The Perils Of Smashing The Past: Andar depressa, partir a loiça, e depois... quem tem de limpar os cacos perde os seus referenciais, mergulha em incertezas. E isso, é receita certa para radicalismo e totalitarismos.

Cold War Flashpoints: 20th air combat from Suez to Iraq with former Tornado pilot Michael Napier: Recordar o lado aéreo de momentos quentes da Guerra Fria.

The Ghosts Inhabiting Cities: Dos fantasmas urbanos, entre lendas, histórias locais, ou os arrepios aleatórios na espinha causados por momentos fugazes por entre as arquiteturas citadinas.