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Esta semana, destacamos ficção científica portuguesa de João Ventura para ouvintes australianos, a geografia do apocalipse segundo Newton, e propostas editoriais da Sendai. Olha-se para o estado da Inteligência Artificial, implementação de pensamento computacional nos sistemas educativos europeus, e a suspensão da ExoMars. Reflete-se sobre guerra informacional, o lado infantil da pintura rupestre e os dilemas morais da arte. Mais leituras vos aguardam, nas Capturas da semana. 

Ficção Cientifica e Cultura Pop

A relatively subtle Space Helmet Reflection Saturday: Das obras primas da ficção científica russa.

Everything Everywhere All At Once is charming, sprawling, and completely ridiculous: Pela descrição de puro surrealismo de ficção científica, parece-me que este filme merece ser marcado na lista dos a ver. Ainda por cima com Michelle Yeoh, que apaixonou o fandom com a sua participação em Star Trek Discovery. Espero que estreie por cá, e não seja remetido para os serviços de streaming. Nisto, sou cada vez mais antiquado, em parte por apreciar o ritual da ida ao cinema, e também porque na azáfama do dia a dia, o tempo não abunda e dedicar-me aos streams retiraria precioso tempo a outras atividades.

5 Books About the Lives of Artificial Objects: Livros que antropomorfizam objetos, de robots a algoritmos, algo que em si é um dos pilares temáticos da ficção científica. Ted Chiang é sempre recomendável, Martha Wells divertida, e Iain Banks... é apenas fabuloso.

The AntipodeanSF Radio Show: Apanhado no grupo da Trëma, este programa de webrádio australiano levou aos seus ouvintes um conto de João Ventura, um dos nossos mais interessantes e discretos autores contemporâneos de Ficção Científica. É contista, e recomendo vivamente o livro Tudo Isto Existe, uma edição da Divergência que colige os seus contos sintéticos, rigorosos, bem humorados e cerebrais.

I, Libertine: Confesso, fiquei com alguma vontade de ler este romance, escrito como uma piada após aquilo que hoje consideraríamos uma escandalosa manipulação da opinião pública.

Jared Leto Went Super Method For Morbius [But Didn't Drink Blood]: Confesso que estou muito curioso com esta nova adição ao universo fílmico da Marvel. Morbius é uma das suas personagens cinzentas, ligadas ao terror, e vendo quão intensamente Leto mergulha nas suas interpretações, o seu filme poderá invocar a dualidade dos comics.

Isaac Newton’s Map of the Apocalypse: É um dos paradoxos de um dos maiores génios da história humana, o seu fascínio pelo esoterismo. Uma atração que se traduziu em inúmeros textos, e até num mapa do apocalipse.

Novidade: Neuromancer – William Gibson: E é sempre uma boa novidade, quando surge uma nova tradução de uma das obras seminais do Cyberpunk.

Marvel Omnibus Lining Up For 2022 & 2023: Se há algo que a Marvel faz muito bem, é no reciclar do seu material antigo em infindas reedições. Mas atenção, fanboys: esta corrente leva de edições Omnibus, para lá das habituais reciclagens de comics antigos, traz-nos The Unbelievable Gwenpool, uma das mais geniais (e metacontextuais) séries da Marvel.

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PETRA ERIKA NORDLUND: Uma visão do trabalho, visualmente fascinante, desta ilustradora finlandesa.

How Charles Dickens Made the Novel New: Da importância literária, e sociológica, da visão de Dickens, de como os retratos da vibrante e desigual Londres vitoriana não só encantam pela capacidade literária, mas mudaram a mentalidade de uma sociedade.

Literature Isn’t Bound by the Rules of Time: Num artigo sobre sugestões literárias, recordamos a atemporalidade da literatura, que nos transporta a outros tempos e geografias.

Na Prisão, de Kazuichi Hanawa: Um dos mais intrigantes lançamentos de mangá recentes, vindo da Sendai, uma editora que aposta claramente em trazer aos leitores portugueses propostas de leitura muito desafiantes. Este, está na minha wishlist.

Neal Stephenson, The Tech Billionaires’ Favorite Sci-Fi Writer: Sem grande surpresa. Não só pelo retrato muito favorável que faz das elites tecnológicas e financeiras, que são os personagens no cerne dos seus romances, mas também pela fé no solucionismo tecnológico que pervade a obra deste autor.

Tecnologia

Just another Monday on the bus: Colocar o sub em suburbano.

Why We Haven’t Seen Debilitating Cyberwar in Ukraine: A resposta não é animadora. Porque, nesta fase, são as armas cinéticas que contam, para arrasar e amedrontar. No entanto, à medida que o conflito evolui, espera-se um incremento do uso de ciberarmas, especialmente no que toca a guerra informacional.

12 Graphs That Explain the State of AI in 2022: Uma análise às tendências e desenvolvimentos no domínio da Inteligência Artificial, com alguns dados surpreendentes. Destaco um, o da suposta supremacia chinesa neste domínio, que se tem demonstrado por um número esmagador de pedidos de patentes. Algo que, no entanto, não tem correspondência na atribuição de patentes, ou seja, os verdadeiros avanços não estão a vir destas avalanches técnicas.

‘Netwar’ Could Be Even Worse Than Cyberwar: Da diferença entre ciberataques, limitados no seu conceito, e guerra em rede, combinando diferentes frentes reais e virtuais.

Why Werner Herzog thinks human space colonization “will inevitably fail”: Não é uma visão otimista, mas aponta as dificuldades trazidas pela exploração espacial. Apesar dos sonhos risonhos da Ficção Científica, a realidade é complexa e pouco animadora. E, no entanto, o próprio Herzog não se importava nada de pegar numa câmara e rumar a Marte para filmar.

El avión más rápido del mundo: una bestia que fue capaz de volar a tres veces la velocidad del sonido: O Xataka recorda-nos o prodigio tecnológico que foi o SR-71, uma aeronave única.

Beautiful Engineering In This Laser Unit From a Tornado Jet Fighter: Não é todos os dias que pode analisar o interior de peças de engenharia aeronáutica avançada.

5-Axis 3D Printing For The Rest Of Us: Um projeto aberto, que está a trazer à comunidade maker o potencial das impressoras 3D de cinco eixos.

Reviewing Computational Thinking in Compulsory Education: Uma leitura importante para professores que se dedicam ao trabalho de estimular o uso profundo de tecnologia digital em crianças e jovens. Este relatório traça as iniciativas de introdução do Pensamento Computacional na escolaridade obrigatória, na União Europeia, e os seus primeiros resultados. Ainda não li, mas vai para pilha (virtual) das leituras urgentes.

A Mission to Find Life on Mars Suspended Over Russian Invasion: Mais uma vítima da guerra na Ucrânia. A missão ExoMars, iniciativa conjunta da ESA e agência espacial russa, foi suspensa.

Google Domains is finally out of beta after more than seven years: Para quem quiser ser Google em tudo o que é vida digital, o seu serviço de domínios já está disponível para todos.

Augmented reality’s half-decade of stagnation: É uma das tecnologias mais promissoras da atualidade- Pensem lá bem, o que é que é mais interessante, alienarem-se num metaverso, ou mesclarem o real com o virtual?

In 2045: Alpha Centauri: Recordar o projeto de lançar uma micronave espacial, propulsionada por uma vela solar, em direção às estrelas.

Modernidade

Danger Ahead!: Quando o comboio era sinónimo de aventura excitante.

A Brief, Fluttering History of Butterflies in Art, From Symbols of Regeneration to Reminders of the Fleetingness of Life: A estética, e a simbologia, da borboleta, explorada através da história da arte.

The War in Our Country and on Our Phones: Um olhar artístico, cru, tocante, sobre a vida sob as bombas russas.

This Is a Uniquely Perilous Moment: Sobre a dimensão do perigo nuclear trazido pela guerra na Ucrânia. Um perigo que se traduz no uso tático de armas atómicas, com as consequências imprevisíveis daí advindas.

F-16 "X-TIGER" - DEMONSTRAÇÃO AÉREA DA FA BELGA [M2303 - 20/2022]: Confesso, partilho apenas pelas belíssimas fotografias.

We Have Reached a Hinge of History: Não resisto ao comentário amargo. Bolas, século XXI. Mal começa e levamos com uma crise financeira global, seguida de pandemia e agora sai uma guerra da forja. Que mais nos espera? Asteróides? Invasão alienígena?

How is Artificial Intelligence Weaponized in Warfare, the Untold Story: Leio este artigo com um grão de sal, soa demasiado a especulação otimista. Mas acerta em cheio num pormenor, no lado informacional desta guerra, e especialmente na forma como o ocidente está a saber travar a guerra das ideias. 

Possible Outcomes of the Russo-Ukrainian War and China’s Choice: Uma rara visão chinesa sobre o que se está a passar na Ucrânia, que traça um caminho inesperado, concluindo que o alinhamento anti-russo é o que serve melhor os interesses da China. 

Fourth shot “is necessary” Pfizer CEO says as experts monitor BA.2: Surpreendidos? Nem por isso. Reparem que se a guerra ocupa as atenções, a Covid não se eclipsou. A pandemia continua, as mutações sucedem-se, não surpreende o apontar para a necessidade de mais doses de reforço vacinal.

A Study of Prehistoric Painting Has Come to a Startling Conclusion: Many Ancient Artists Were Tiny Children: As marcas de mãos pré-históricas, que são um assombro por nos recordarem a vida de humanos que viveram há milhares de anos atrás, podemos não recordar os seus nomes ou saber quem foram, os seus anseios e desejos, mas conhecemos as suas mãos, poderão ter sido feitas por crianças. O que as torna ainda mais deliciosas!

15 Things Museums Do That Piss Me Off: I can relate. Especialmente quando vou revisitar os queridos espaços lisboetas e sou tratado como se fosse carteira de turista, como se o papel de um museu fosse a mera atração turística e não a memorialização e análise da cultura.

Animals Can Be Refugees Too: Algumas das imagens mais tocantes sobre o sofrimento do povo ucraniano têm a ver com a sua recusa em, neste momento de incomensurável aflição, se recusarem a abandonar os seus animais de estimação. É um sinal de profundo humanismo.

Love the art, disgusted by the artist? Maybe philosophy can help: É um clássico entre os apreciadores de cultura, a necessidade, muitas vezes, de separar a personalidade intragável (ou criminosa) de um artista, da qualidade do seu trabalho criativo.

The Strange, Unspoken Glorification of Sexual Assault in Art History: Ou, colocando a questão noutros termos - os nossos antepassados tinham sensibilidades menos respeitosas do que as nossas. Ainda bem que evoluímos.