Para estes dias forçosamente mais tranquilos, sugerimos leituras que nos falam da influência de Ray Bradbury, dos planos da editora FABD, ou de listas de boas leituras de BD portuguesa. Fala-se de arte criada em Amiga, coreografias com robots ou ataques cibernéticos incómodos. Ainda se reflete sobre a economia tecnológica de Lisboa, do autoritarismo discreto que mina a democracia, ou de ilustrações muito raras do Inferno de Dante. Mais artigos vos aguardam, nas Capturas desta semana.
Ficção Científica e Cultura Pop
Starblazer: Nostalgia retro.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/640159070769348608
Dylan Dog: Mater Morbi (Roberto Recchioni e Massimo Carnevale): Uma das mais poderosas obras recentes de Dylan Dog, numa leitura do Corvo. É, de facto, um daqueles livros marcantes.
http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2021/01/dylan-dog-mater-morbi-roberto-recchioni.html
2020: 10 Obras de autores portugueses a ler: Ainda estamos com sugestões de leitura do ano passado? Claro, nunca são demais, e estes autores portugueses merecem mesmo ser lidos.
https://outrasleiturasdopedro.blogspot.com/2021/01/2020-10-obras-de-autores-portugueses-ler.html
Max Bertolini: Space Opera.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/640000497023139840
Del Halcón Milenario a los Destructores Estelares: estas son las 11 naves y vehículos con mejores diseños de 'Star Wars': É daquelas discussões geek clássicas, quais as naves mais giras de uma série de FC. Pessoalmente, coloco as X-Wing clássicas no topo das preferências.
https://www.xataka.com/cine-y-tv/halcon-milenario-a-destructores-estelares-estas-11-naves-vehiculos-mejores-disenos-star-wars
A ficção especulativa em Portugal – 2020: Foi um ano de retração a todos os níveis, e a cultura fantástica não escapou. O pior de 2020, neste campo, foi a suspensão de eventos. São momentos essenciais para encontro de fãs e criadores, e determinantes para que os projetos de educação cheguem aos leitores. É aí que se adquirem as novas BDs e livros de criadores portugueses. Apesar das vicissitudes, o fandom de fantástico por cá não parou.
https://osrascunhos.com/2021/01/10/a-ficcao-especulativa-em-portugal-2020/
Ray Bradbury’s Outsized Influence On American Culture: Uma interessante análise ao papel deste escritor de FC na literatura global, que parte de um pressuposto ofensivo - a FC enquanto literatura infantilizante, mas acaba por ser uma excelente análise à obra de Ray Bradbury. E, de caminho, esta excelente observação sobre a importância do estímulo (e não a imposição) da leitura às crianças: "You can’t force young people into literature. They need to be led by pleasure and wonder. Creating a new generation of readers is important. When a society loses the capacity to read fiction, it loses one of the most powerful ways by which we grow and refine our inner lives, our understanding of ourselves, and our understanding of other people".
https://lareviewofbooks.org/article/ray-bradbury-at-100-a-conversation-between-sam-weller-and-dana-gioia/
Funko Announces A Board Game Version Of Groundhog Day: Um jogo que sabemos que começa, mas não sabemos se acaba.
https://bleedingcool.com/games/funko-announces-a-board-game-version-of-groundhog-day/
FABD Plano de Edições: Esta editora independente divulgou o seu plano de edições para 2021, e deixou-me curioso com algumas propostas. A FA aposta na edição de cultura livre, e para este ano propõe A Herança das Cores de David Revoy, Mimi e Eunice de Lina Paley, Ansorojimanga (fiquei muito curioso com este título, mas vou ter de esperar por agosto para o ler...), Wuffle, O Grande Amigo Lobo de Piti Yindee, e ainda comics de super heróis - Os Vigilantes de Flávio Almeida e Homem Grilo e Sideralmen de Cadí Simões. Se estes nomes não vos dizem nada, é essa a grande beleza das edições independentes, permitem-nos descobrir as vozes que poderão ser as do futuro. Pessoalmente prefiro comprar estes livros em eventos, assim fico a conhecer os editores e criadores, espero que 2021 já permita o regresso dos encontros geek.
https://www.fabd.pt/
Shigeru Komatsuzaki, Solar City, 1982: surrealismo pop futurista nipónico.
https://70sscifiart.tumblr.com/post/639683450980483072
Just a Little Vampire Miscellanea: Os mitos vampíricos são, claramente, um sublimar de antigas tradições e histórias vindas de tempos onde o "ouvi dizer que" tinha mais força do que um "fui verificar e demonstrei". Hoje, é divertido ler estes relatos claramente impossíveis.
https://www.weirdhistorian.com/just-a-little-vampire-miscellanea/
Melhores Leituras de 2020 – Banda Desenhada: Continuando a falar de listas e sugestões de leituras, o Rascunhos fala-nos agora das melhores leituras de BD de 2020. Confesso que ando a fugir ao Balada para Sophie, tem demasiado hype associado. Li boa parte das recomendações da Cristina, e assino por baixo, mesmo sabendo que Gideon Falls se tornou um tédio por ter sido esticado muito para lá do que a história da série precisava.
https://osrascunhos.com/2021/01/07/melhores-leituras-de-2020-banda-desenhada/
Royal Mint launches illiterate HG Wells coin with four-legged Martian tripod: Desenhar um tripé com quatro pés. Quem nunca? A ironia dos erros de uma moeda comemorativa da obra de H.G. Wells.
https://www.sfcrowsnest.info/royal-mint-launches-illiterate-hg-wells-coin-with-four-legged-martian-tripod-news/
Tecnologia
How Boston Dynamics Taught Its Robots to Dance: A verdadeira proeza do recente vídeo dos robots dançantes da Boston Dynamics não são os robots em si, é a coreografia. Este artigo mostra-nos como foi desenvolvida, num trabalho de simbiose entre dançarinos, coreógrafos e engenheiros.
https://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/humanoids/how-boston-dynamics-taught-its-robots-to-dance
Modernidade
HOLOBIONT RHAPSODY — Stach Szumski Francesco Pacelli at eastcontemporary, Milan, Italy: Algo me intrigou nesta exposição de arte contemporânea. Talvez a forma como conjura visões biomórficas, inspiradas no rizomático e bacteriano. Será um foco no bio um caminho da arte pós-covid?
https://www.ofluxo.net/holobiont-rhapsody-stach-szumski-francesco-pacelli-at-eastcontemporary-milan-italy/
Lisbon’s startup scene rises as Portugal gears up to be a European tech tiger: Uma visão interessante sobre o ecossistema lisboeta de investimento em startups tecnológicas. Ambos - o dinamismo dos investidores e a capacidade das empresas, que já se têm traduzido em algumas unicórnio, estão a atrair o interesse internacional e a mostrar o crescimento de um sector da economia que depende de mão de obra muito qualificada, ideias e criatividade, e é mais sustentável a médio e longo prazo do que a euforia pela turistificação, essa galinha de ovos de ouro que a pandemia está a matar.
https://techcrunch.com/2021/01/07/lisbons-startup-scene-rises-as-portugal-gears-up-to-be-a-european-tech-tiger/
Who Exactly Invented The Alphabet, And When?: Das origens do alfabeto, que remontam ao antigo Egipto.
https://www.smithsonianmag.com/history/inventing-alphabet-180976520/
Definitions of Art: Será possível ter uma definição unificadora do que é a arte? Provavelmente, não, porque ser esquiva é uma das características da arte. Mas podemos divertir-nos a coligir diferentes definições.
https://boingboing.net/2021/01/08/definitions-of-art.html
Como Morrem as Democracias: Muito discretamente. O poder autocrático vai-se afirmando com pequenas modificações que estão perfeitamente dentro das leis. Mas que, acumuladas, criam novas formas de ditadura. Na Europa, a Hungria é o pior exemplo disso, e pelo mundo fora abundam exemplos de autocracias que conseguiram cooptar os regimes democráticos.
http://virtual-illusion.blogspot.com/2021/01/como-morrem-as-democracias.html
The Plague Year: Ao fim de um ano de pandemia, ainda há algo de novo a ler sobre este tema? Sim. Este brilhante artigo na New Yorker, que consegue tocar em imensos pontos. Começa pela negação criminosa do governo chinês, que com a pandemia já a alastrar, se recusou a partilhar dados com outros países. Estando focado nos EUA, o artigo é uma acusação da incompetência criminosa da administração Trump em gerir um problema, de forma caótica, irresponsável e indo contra os seus próprios especialistas. Está cheio de histórias tocantes, muito pessoais, daqueles que foram tocados pelo vírus. A maior parte não sobreviveu. E, logo no início, um dado interessante para se compreender a celeridade da vacina. Felizmente, o SARS-Cov-2 apresenta semelhanças com o MERS, que ia quase provocando uma pandemia. No auge do MERS, os cientistas estavam quase a criar uma vacina para este vírus, o que acabou por não ser necessário. Resumidamente, o trabalho foi aproveitado para atacar esta nova pandemia. E já havia testes a protótipos de vacinas ainda a Covid não tinha assumido as proporções dantescas que tomou. Um artigo longo, às vezes arrepiante, outras esperançoso, e que nos toca especialmente, agora que estamos à beira de um novo confinamento após o disparo das infeções que nos está a submergir.
https://www.newyorker.com/magazine/2021/01/04/the-plague-year