quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Squeak the Mouse

Massimo Mattioli (1989). Squeak the Mouse. Catalan Communications.

É difícil ser mais controverso  do que com este trabalho brilhante e visceral de Mattioli. Um clássico da BD independente europeia dos anos 80. Squeak the Mouse desmonta brilhante (e violentamente) a estética Disney, reconstruindo-a num registo gore/splatterpunk e toques hardcore. Tudo imitando o estilo inocente dos cartoons disneyfiados, das cores à estética, passando pelo rigor da construção da prancha. Esta série clássica é uma inversão escatológica do estereótipo gato versus rato da banda desenhada infantil.

Neste primeiro volume, o gato parece vence, eliminando o rato com extremo prejuízo. Mas o cadáver do rato voltará para se vingar, em sequências slasher violentas que têm tendência a acontecer quando o gato se safa com garotas. Desmontando brilhantemente a iconografia dos cartoons, com um profundo humor negro e vénias ao horror exploitation dos anos 70 e 80, só surpreende como é que Mattioli se safou com isto. Hoje, seria arrasado por processos de violação de propriedade intelectual e crucificado na praça pública pela inconveniência sociopática das suas histórias. Escusado será dizer que esta série é do mais politicamente incorreto que há, da melhor maneira possível.

Massimo Mattioli (1989). Squeak the Mouse 2 - Creeps ! Humour ! Porn ! Blood ! . Catalan Communications.

Se o rato assassinado e regressado para assombrar o gato assassino foi o grande protagonista do primeiro volume, aqui os papéis invertem-se. Regressado à vida, o rato depressa despacha o gato, vingando-se finalmente. Mas desta vez é o gato que regressará para se vingar com extremo prejuízo, numa sequência de violências progressivamente exagerada. Tudo contado no formato episódico que caricatura o estilo narrativo dos cartoons e comics infantis.