Jesse Lonergan (2020). Hedra. Portland: Image Comics
Um comic intrigante, curto mas a seguir uma estética muito experimentalista que é raríssima no contexto dos comics. A história conta-se apenas por imagens, não há qualquer texto. É banda desenhada pura, com um sentido estético apurado e um intrigante uso de recursos estilísticos para guiar o olhar do leitor. A história é FC pura, com toques de homenagem à FC mais psicadélica dos anos 60 e 70. algumas vénias diretas a Mobebius (há uma piada visual fabulosa com a sequência do intestino da Garagem Hermética). Acompanhamos um astronauta vindo de uma Terra devastada, em busca de novos planetas para viver. Mas o seu percurso será curiosamente cíclico. Mas é a estética que faz este livro.
Curt Pires, Antonio Fuso (2020). Wyrd. Milwaukie: Dark Horse.
Aparentemente invulnerável, aparentemente imortal. Wyrd é o homem para quem o tempo não passa, cujo cinismo lhe permite fazer os trabalhos sujos que as agências secretas lhe incumbem. Eliminar super-soldados traumatizados, resolver situações com máximo prejuízo, e no processo, estar sempre sem perceber quem realmente é. Uma divertida e cínica revisão dos pressupostos dos comics, narrada num estilo fortemente cinematográfico. Wyrd é um perfeito anti-herói.
Robert Grossman (2019). Life on the Moon. IDW.
E se a Lua fosse habitada por criaturas inteligentes, com uma civilização bucólica? Baseado muito livremente nas investigações de William Herschel, um jornal nova-iorquino publicou em final de 1800 um relato muito fantasioso sobre criaturas descobertas pelas observações lunares do astrónomo. Um falso relato, obviamente, coisa típica da era do jornalismo amarelo, mas que teve consequências. Grossman pega nesta pequena história e aproveita para um mergulho fantasista e reminiscente, cruzando personalidades da cultura popular americana do século XIX numa história sobre um jornalista em busca da fonte do relato fantasioso em que acreditou. Uma busca infrutífera que o levará a conhecer o último sobrevivente dos homens da Lua, mas que lhe permite encontrar o amor. Um livro que não se enquadra no género dos comics, sendo um revivalismo do livro ilustrado. Mas, como o autor observa, um que responde aos anseios de todos os jovens leitores - que cada página tenha a sua ilustração.
