quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Comics: Slash Maraud; Bog Bodies, Blackgas


Doug Moench, Paul Gulacy (1991). Slash Maraud. Nova Iorque: DC Comics.


Recordam-se daqueles bizarros filmes pós-apocalípticos dos anos 80, clones low budget de Mad Max? Aqueles filmes cheios de maus efeitos especiais, adereços industrial punk, geralmente passados em terras devastadas após guerras atómicas, com os sobreviventes fragmentados em tribos ultra-violentas, e anti-heróis que viajam entre as ruínas? Exato. Slash Maraud é isso, só que em comic. Com uma diferença. A catástrofe que se abateu sobre o planeta não foi uma troca de mísseis nucleares em modo destruição mutuamente assegurada, mas sim uma invasão alienígena por uma espécie com menos recursos do que aparenta. Estes estão a transformar o ambiente terrestre para o adaptar às suas necessidades, mas como não são capazes de dominar a Terra, optaram por uma estratégia de dividir para reinar. O que explica diferentes fações, agressivas entre si, desunidas ou subservientes a uma ameaça maior que levará à impossibilidade de vida humana no planeta num prazo muito curto. Contra isso, há apenas alguns bandos de rebeldes, que encontram ajuda improvável em alienígenas que entraram em modo gone native. E cabe ao amoral mercenário Slash acabar por unificar diferentes gangues, unindo esforços para travar a transformação do planeta. Série com a profundidade de uma poça de água e a densidade narrativa de uma tábua, invoca muito bem o espírito tudo vale do género série B pós-apocalíptico dos anos 80. Um divertido, obscuro e esquecido flash from the past.


Declan Shalvey, Gavin Fullerton (2020). Bog Bodies. Image Comics.

Um jovem criminoso é levado para um trabalho a meio da noite, para uma zona remota e pantanosa da Irlanda. Mas vê-se vítima de uma armadilha, na verdade espera-o a morte às mãos dos seus companheiros, como castigo por um trabalho criminoso mal feito. Ainda tenta fugir, e é assim que se depara com uma casa isolada, onde vive uma velhota que insiste estar acompanhada por multidões. Talvez porque os espíritos das vítimas dos criminosos, cujos corpos são abandonados no pântano, se refugiem no seu casebre. Puro policial noir com um belissimo mau final, tem um toque indefinido de sobrenatural.


Warren Ellis, Max Fiumara (2003). Blackgas. Avatar Press.

Warren Ellis atirou-se ao género zombies nesta curta série. Uma explosão vulcânica liberta um miasma negro, que se espalha primeiro numa ilha isolada e é levado pelo vento para uma metrópole. O miasma tem efeitos zombificadores, mas Ellis não segue o caminho dos mortos vivos. Os afetados libertam as suas piores pulsões enquanto se devoram. Boa desculpa para um teatro de crueldade, com a prosa afiada de Ellis, numa história de onde não há redenção.