Sam Kieth (2018). Batman: Ghosts. Nova Iorque: DC Comics.
Sam Kieth é dono de um traço muito pessoal, que se traduz num tipo de ilustração entre o gótico e o expressionista, o que o destacou no estilo uniformizado dos comics. Como argumentista, não é tão talentoso, e as histórias deste Ghosts mostram isso. Na primeira, Batman envolve-se com uma reclusiva, mas de língua afiada, rapariga cega que o ajuda a investigar assassinatos de sem-abrigo, em que a única pista são quantidades de enxofre encontrados nas vítimas. Os fantasmas da história são os traumas que moldaram a vida destas personagens. Ainda temos direito a uma outra história, em que Batman se vê aliado a Lobo para combater um vírus alienígena. Uma história muito medíocre em termos gráficos e narrativos, cruzando duas personagens incompatíveis: o incorruptível detetive e cavaleiro das trevas, com a personagem hiper-violenta mas de lado cómico da DC.
Jim Balent, Tom Sniegoski (1994). Vampirella: The Dracula Wars. Nova Iorque: Harvey Comics.
Apesar do título bombástico, esta é uma aventura muito morna da personagem, onde virá a uma Europa unificada por um autoritarismo continental e em constante estado de guerra para descobrir que o vampiro dos vampiros regressou. É pouco mais que isto, e sofre de uma ilustração atabalhoada, má mesmo pelo nível estilístico dos anos 90.
Warren Ellis, Jimmy Palmiotti (2001). Vampirella Lives. Nova Iorque: Harris Publications.
Regressada dos infernos, onde descobre a verdade sobre quem realmente é, Vampirella descobre-se numa misteriosa cidade americana. Agora que sabe que não é uma alienígena da fábula de Drakulon, o planeta onde a água é hemoglobina, tem como missão expiar os crimes da sua mãe, a lendária Lilith. Em essência, exterminar os filhos da deusa que infestam a Terra. A cidade não poderia ser mais apropriada. Criada como um reservatório de humanos para alimentar vampiros, está a ser palco de uma congregação destes que aniquila todos os habitantes humanos, para fazer regressar à vida um dos mais antigos vampiros. Vampirella terá de recorrer ao instrumento de vingança da sua maior rival para travar estas criaturas da noite. Não salvará os habitantes da cidade, mas consegue eliminar uma quantidade substancial das criaturas cuja sua missão é exterminar.
Warren Ellis sabe exatamente com que material trabalha, e não tem medo de o expressar no seu argumento. Em essência, Vampirella é uma personagem criada para agradar aos adolescentes. Vampira escultural sempre num uniforme muito reduzido, voluptuosa e sempre retratada numa promessa de sexualidade. Por muitas voltas que os argumentistas tentem dar à personagem para lhe conferir substância, na verdade não passa disto. Ellis diverte-se a trabalhar precisamente com este aspeto de estímulo/aproveitamento da sexualidade e objectificação do corpo feminino, quer sublinhado a sua ironia, o atrevendo-se a tornar mais explícito o lado sonho molhado da personagem.