Mark Millar, Tommy Edwards (2009). Marvel 1985. Nova Iorque: Marvel Comics.
Mark Millar assina esta história em que os personagens da Marvel invadem a nossa realidade. Uma história que, para grande surpresa minha, apreciei. Pessoalmente, não consigo gostar do trabalho de Millar, é um argumentista com um excecional sentido narrativo, que o desperdiça em histórias banais para lucro rápido. Aqui não se sente isso, a narrativa é evocativa. Toca muito na tecla da nostalgia. Seguimos a história pelo olhar de um adolescente apaixonado por comics, que se apercebe que terá vizinhos novos numa casa abandonada. E os vizinhos são nada menos que os grandes vilões da Marvel, trazidos para o mundo real pelos poderes de um paciente de asilo mental, filho dos donos originais do edifício. Alguém que tem um poder inaudito, que se manifestou na adolescência num evento ligado ao pai do personagem principal. Este é um homem talentoso mas sem rumo, divorciado da mulher, e à deriva pela vida. Millar toca na nostalgia, nos dramas de crescimento da adolescência, nas tensões de famílias que se quebraram. E ainda nos deixa com divertidas sequências de diálogo que só os geeks compreendem, passadas dentro de uma loja de banda desenhada.