quinta-feira, 1 de agosto de 2019

X-Men: Phoenix in Darkness by Grant Morrison


Grant Morrison, Phil Jimenez, Marc Silvestri (2018). X-Men: Phoenix in Darkness by Grant Morrison. Nova Iorque: Marvel Comics.

Grant Morrison a meter-se com os X-Men no seu lado mais psicadélico. Nestas histórias, a força Fénix é acordada durante uma aventura em que Magneto, infiltrado nos X-Men, os atrai a armadilhas fatais. Com estes mutantes fora de jogo, captura a ilha de Manhattan, declarando-a um paraíso mutante e procedendo ao genocídio dos humanos. Apanhados numa das armadilhas de Magneto, Jean Grey e Wolverine estão num asteróide em rota de colisão com o sol. Para despertar a força fénix adormecida dentro de Grey, Wolverine atira-se para o sol com esta nos braços. Inevitavelmente, esta aventura terminará com a derrota de Magneto e a sobrevivência dos X-Men. Distingue-se pela profunda violência visual, Morrison excedeu-se na visceralidade da revolta mutante.

Pode-se ir ainda mais longe? Estamos a falar de um dos mais radicais argumentistas dos comics. Noutra aventura, leva-nos a um futuro distópico. Hank McCoy, o Besta, conseguiu ganhar uma espécie de imortalidade através da ciência e, como cientista para além da loucura, dedicou-se a exterminar a humanidade e a refazer os mutantes à sua imagem. Mesclando diferentes estirpes de ADN dos X-Men originais, criou um temível exército de clones de Kurt Wagner, dotados de diferentes poderes. Com eles, aniquila o reino de insectos inteligentes que emergiu na África desolada, põe fim aos sobreviventes europeus, e prepara-se para atacar os mutantes que vivem nas ruínas americanas. Aqui, os sucessores dos X-Men aliam-se a inteligências artificiais e aos poucos humanos que restam para resgatar a força Fénix, encapsulada num ovo. Que McCoy e os seus Nocturnos conseguem capturar e libertar. O mundo parece condenado com uma nova Fénix controlada pelo cientista louco. Resta aos heróis invadir o covil atlântico de um Besta que se injeta com elementos da força Fénix para se tornar verdadeiramente superior. Acabará, inevitavelmente (porque, típico dos comics), derrotado por uma verdadeira força Fénix que, no confronto com os sucessores dos X-Men, recorda quem realmente é. Ao fazê-lo, ganha consciência da força Fénix como uma força cósmica para além do bem e do mal, descobrindo que existem outras iguais à sua no universo.

Surreal, delirante e visceral. O psicadelismo de Grant Morrison afasta-se muito dos limites do gosto popular nos comics, e isso lega-nos leituras intrigantes e inesperadas.