sábado, 28 de fevereiro de 2015

Boas Surpresas


Confesso que estou muito impressionado com esta colecção da Levoir editada com o Público. O alinhamento de autores e livros é de luxo, e vai tornar muto acessíveis obras significativas do melhor que se tem feito em graphic novels europeias e americanas. Num país em que andamos sempre a quexar-mo-nos da escassez cultural é um pouco difícil de acreditar que nas banais bancas de jornal, todas as semanas, vão-nos cair livros de Tardi (e logo o espantoso C'etait La Guerre dans les Tranchée, obra seminal sobre a I Guerra), Moebius/Jodorowsky, Miguel Rocha, Sergio Toppi (com o visualmente deslumbrante Sharaz-De), Jîro Taniguchi (cujo Quartier Lointain deslumbrou os franceses e chega agora cá), Enrique Breccia, Robert Crumb... enfim, um alinhamento fantástico que nos dá um pouco do melhor e mais criticamente aplaudido na banda desenhada. Começa com o traço espantosos de Will Eisner na sua primeira graphic novel, que segue a tradição de Isaac Bashevis Singer e Woody Allen no retratar das idiosincrasias da diáspora judaica entre o velho e o novo mundo.

Há um nome que gostaria de desatacar. A curadoria editorial é de José Freitas, que aposto ser o mesmo que esteve envolvido nos comics da Marvel editados em Portugal pela Panini (história que acabou mal por decisão inqualificável da editora) e através da G.floy nos está a trazer Fatale, Chew e Saga. Suspeito que noutras indústrias, ou em vertentes mais nobres da edição literária, alguém que consistentemente traz para Portugal o que de melhor se fez e vai fazendo, com alguns toques mais comerciais para agradar aos fãs, seria certamente mais destacado e celebrado com um importante divulgador cultural. Mas como são histórias aos quadradinhos, o que é que isso interessa? A verdade é que voltámos a ter nas bancas BD de qualidade, e esta colecção extraordinária sublinha isso. O Leituras do Pedro tem a lista completa desta colecção notável.