segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Comics


Alex & Ada #11: Este comic sobre andróides sentientes e os humanos por eles fascinados continua com uma premissa intrigante, apesar de ter decaído para a tragédia romântica. Uma vertente talvez inevitável. Contextualizando, Alex é um jovem desiludido com relações a quem é oferecido uma andróide de companha, Ada (óbvia referência para quem conhece a história da computação). Alex não se interessa pela máquina pelas razões sexuais óbvias, e acaba por encontrar forma de lhe desactivar limites impostos ao software por uma sociedade que teme consequências da inteligência artificial. A história de amor acaba por acontecer com uma Ada auto-consciente, a descobrir-se a si e ao mundo, algo que mesmo quando se tem processadores de elevada capacidade e ligação de alta capacidade às redes digitais não é tão fácil quanto aparenta. Premissa brilhante, pura ficção especulativa sobre sexbots, robots de companhia, medos sobre inteligência artificial, injustiça social e simulacros, mas a arrastar-se num romantismo previsível. Destaco-a por causa desta vinheta, saída directamente do interessante Alone Together da Sherry Turkle.


Shadow Show #02: É a Neil Gaiman e Audrey Niffeger que cabem as homenagens deste segundo número do comic elegíaco a Ray Bradbury. No conto de Gaiman a vénia é profunda, com a metáfora do homem que se esquece das palavras, desvio a Fahrenheir 451, nos leva num périplo pelas obras mais marcantes de Bradbury.


The Sandman: Overture #04: Segunda dose de Neil Gaiman, que nunca é demais, bem sabemos. O incontornável regresso de The Sandman vai saindo a conta-gotas, vítima da agenda do agora bem sucedido escritor de fantasia, e isso sente-se nesta série. É demasiado etérea, pouco focalizada. É o prelúdio pós-escrito de uma história que todos conhecemos e sabemos como acaba, mas vai-se lendo mais como devaneio do que como linha narrativa. Não deixa de ser interessante e cativante para os fãs do escritor e do personagem. Na série o conceito de múltplos Sandmans das dimensões paralelas físicas e espirituais mal tinha sido aflorado. E parece que Gaiman neste prelúdio acabou de nos dar um novo personagem. Morpheus tem um pai, o que abre toda uma nova dimensão ao universo ficcional da série. O que serão os progenitores dos The Endless, encarnação de metáforas universais absolutas? O próprio tempo, que se sobrepõe ao destino, ao sonho, aos desejos e desesperos, e talves esteja com a morte no final de tudo para ajudar a encerrar a porta sobre o universo, voltar a tapar com a cortina e reduzir ao vazio tudo o que foi um imenso infinito?


Anihilator #04: Porque é que dá gosto ler Grant Morrison? Por causa de tiradas alucinatórias deste calibre. São poucos os ilustradores à altura, note-se, mas Fraser Irving está a revelar-se capaz de dar corpo visual aos delírios de Morrison  neste comic curioso.


Drifter #02: O primeiro número deste comic de ficção científica da Image não me impressionou. Mais um Western in Space, com um astronauta abatido a aterrar num planeta desértico e a tentar sobreviver numa cidade de fronteira mais parecida com a de um filme do velho oeste do que de especulação futurista. Essa sensação não foi dissipada pelo segundo número, mas alienígenas intrigantes e o mistério de um astronauta que pensa ter sobrevivido recentemente ao despenhar de uma nave que há décadas que é uma ruína também desperta o interesse.