segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Comics


The Death-Defying Doctor Mirage #01: A nova série da Valiant está com um arranque promissor. Uma medium discreta mais poderosa do que aparenta. Um milionário de passado tenebroso, segredos inomináveis e um castelo trasladado para a cave da sua mansão. Um contrato perigoso que envolve descer ao perigoso mundo das almas dos falecidos, mais arriscado do que as simples reuniões de velhinhas à espera de mensagens dos entes queridos no além. Sendo um comic da Valiant estamos perante o recuperar de um título esquecido, com uma variante contemporânea. Neste caso, o doctor mirage que dá o título é a esposa do personagem original, que apesar das suas capacidades de ocultista não consegue contactar o espírito do marido perdido no além. O tom narrativo do argumento é impecável, tornando elementos algo previsíveis numa história que desperta a curiosidade.


Moon Knight #07: É preciso coragem para se chegar à frente na condução de um título depois de seis números de um brilhantismo absoluto por Warren Ellis. Quando sair o trade tem lugar garantido nas minhas estantes. Brian Wood, também um peso pesado do futurismo tecnológico de utopias desilusórias, está encarregue da continuidade e conseguiu um equilíbrio entre o ritmo austero e implacável de Ellis e o seu estilo narrativo. Para começar, quebra o rigoroso espartilho gráfico da série, até agora de uma rígida horizontalidade cinematográfica, com tiras dinâmicas a puxar para o diagonal. Marca a diferença, mas mantém o ritmo bem batido e a narrativa fílmica que Ellis imprimiu ao título. Esta dualidade de vozes também se sente no estilo narrativo, a manter a secura das histórias anteriores mas dando já espaço a outro tipo de voz. As aventuras continuam auto-contidas, com finalizações muito satisfatórias. Como fiel fanboy, fico triste por ver terminada a época de Warren Ellis como argumentista de Moon Knight. Conseguiu transformar uma espécie de batman medíocre da Marvel num personagem forte e intrigante. Mas Wood traz consigo um outro pulsar da modernidade, amplamente demonstrado em séries marcantes como Channel Zero, DMZ ou The Massive. E nota-se. O Cavaleiro da Lua combate um soldado rebelde de forças especiais com camuflagem digital que não hesita em lançar um ataque de pulso electromagnético que deixa Nova Iorque às escuras para tentar eliminar um sanguinário ditador africano na véspera da sua recepção nas Nações Unidas. Não é Ellis, mas anda lá perto...


The Names #01: Peter Milligan a meter-se com a estética dos 1%. Começa com a morte violenta de um financeiro de Wall Street, cuja jovem e atlética esposa jura investigar e vingar. O lado kill bill é óbvio, sublinhado pela imagem de uma aguerrida vingadora sensual. Mas o que desperta o interesse é o vislumbre que Milligan deixa sobre o que causa os assassínios. Não se dá ao trabalho de pegar num mistério de tipo policial procedimental e assume logo a violência homicida. O porquê é deixado em aberto, mas parece envolver algoritmos financeiros que atingiram uma forma de inteligência e que vão fazendo experiências numéricas com a economia mundial. A matemática financeira como ameaçador espírito arcano. Milligan canaliza algo que todos os que estão do lado dos 99% sentem.