terça-feira, 29 de abril de 2014

BD: Kris Kool; Armies; Tottentanz.



Caza (1970). Kris Kool. Paris: Le Terrain Vague.

Suponho que ler esta obra clássica no silêncio da madrugada seja o mais próximo que se possa chegar de uma viagem alucinatória psicadélica sem ter de recorrer a químicos de fama incerta. Caza dispensa apresentações, sendo um dos veteranos da ilustração de BD e ficção científica de visão surreal, mas neste Kris Kool superou-se a si próprio. Se o corpo da sua obra se classifica como uma interpretação classicista do surreal, este livro ultrapassa esses limites e entra desavergonhado no campo do psicadelismo puro. Formas que se dissolvem, sombras inexistentes, exuberância de cores vivas e irreais. A história não lhe fica atrás, uma viagem de delirante futurismo com toques eróticos onde um piloto de naves espaciais se apaixona pelas mulheres-flor venusianas e acaba desterrado num mundo paralelo, rodeado de beldades vegetais e a lutar contra uma montanha carnívora. Pois. Não faz muito sentido. É delírio, com o seu quê de patético. O que torna Kris Kool interessante e de referência é o profundo assalto visual das suas pranchas, viagem alucinatória que sobrecarrega o cérebro.


Jean-Pierre Dionnet, Jean-Claude Gal (2013). Armies. Los Angeles: Humanoids.

Se se é um fã de aventuras sanguinárias de soldadesca em eras de fantasia, adora-se este livro. Se não se é fã deste género de aventuras, resta o trabalho do ilustrador a criar um deserto de ruínas feéricas e exotismos como palco para as histórias de legiões em combate num mundo que talvez seja um esquecido passado distante ou um pós-apocalíptico futuro. Esta edição reedita um dos clássicos da BD francesa dos anos 80.



Dino Battaglia (2005). Tottentanz. Bilbau: Astiberri.

O horror de Poe, Meirynk e Hoffman revisitado pelo traço de expressividade clássica de Dino Battaglia. Livro de época, mantém-se fiel à letra das obras que são adaptadas com um grafismo expressionista quase tenebroso.