domingo, 28 de julho de 2013

NCG 6205


Ás voltas com as aventura germanófilas em modo space opera de Perry Rhodan, personagem que está em publicação contínua desde os anos 60 e conta já com mais de quatro mil títulos divididos em arcos narrativos. Semanalmente é editada uma nova aventura desde colosso germânico que é virtualmente desconhecido fora da Alemanha. Mas não totalmente. O Brasil conta com uma forte comunidade de leitores e a tentativa de introdução do personagem no mercado norte-americano foi feita por Forrest J. Ackerman (o lendário über fã, editor da Famous Monsters of Filmland) com os primeiros cento e cinquenta livros de uma série que na altura já contava oitocentos em alemão.


O peso literário é gigante. Por enquanto decidi mergulhar sequencialmente na leitura, para ficar a conhecer a base do mundo ficcional, a partir de um pacote encontrado num recanto obscuro da internet que contém as tais cento e cinquenta traduções de Rhodan pela esposa de Ackerman editados pela ACE Books nos anos 60. É estranhamente germânico, com personagens movidas pelo sentido de dever e fidelidade e uma certa aura trágica. Obras dos anos 50, espelham as preocupações e a tecnologia real ou imaginada dos tempos da guerra fria. Já não há jetpacks (isso era mais anos 40) mas temos reactores nucleares, geradores de anti-gravidade e campos de sugestão hipnótica que dão muito jeito aos heróis para convencer inimigos e adversários a fazer o que deles se espera. O intrépido e resoluto Rhodan é o centro narrativo, acompanhado pelos sobreviventes de uma missão lunar que se despenha mas faz uma descoberta estrondosa: uma nave alienígena proveniente de Arkon, vasto mas decadente império estelar, cuja tripulação languesce à excepção do cientista inteligente e sagaz Khrest e da elitista e teimosa Thora, comandante da nave, retratada com uma personalidade de nariz empinado à escala cósmica, furibunda por ter de se envolver com humanos que, do seu ponto de vista imperial, lhe parecem pouco mais do que animais tagarelas. E sim, a menina jeitosa da primeira ilustração é uma talvez mais dócil Thora, retirada de uma scanlation de adaptações de Rhodan para banda desenhada.

Como curiosidade, refira-se que pela descrição Arkon, sede do império, fica no grande aglomerado globular de Hércules (Messier 13). Será que a mensagem que o radio-telescópio de Arecibo enviou para esse sector do espaço teve dedinho de algum fã da série?