sexta-feira, 19 de julho de 2013

Comics


Archer & Armstrong #11: Esta é outra das inestimáveis doses mensais de bizarria para estimular a imaginação. A equipa criativa de Archer & Armstrong diverte-se a brincar com os ícones mais no limite do fantástico. Depois de sobreviverem a freiras ninja (ah, nada como letais freiras sensuais armadas com instrumentos de gumes afiados), assassinos eclesiásticos e derrotar uma cabala de senhores do mundo que visava nada menos que a anulação do código-fonte do universo, os nossos heróis penetram na lendária Área 51. Claro que esbarram com segredos, e claro que atravessam um portal para um universo paralelo povoado por ovnis, criaturinhas grey, dinossauros de apetites condizente com as largas dentuças, tribos perdidas e um escritor do século XIX que adoptou um dodó como animal de estimação. E sim, há um general militarista americano a tentar tomar conta do universo. Como se costuma dizer, curiouser and curiouser...


Blood Brothers #01: Na ressaca do vampiro enquanto sucesso comercial vão surgindo algumas obras promissoras. De tom firmemente humorístico a Dark Horse oferece uma intrigante variação sobre as histórias onde dois amigos com carácter divertido esbarram com as mais alucinantes aventuras. Neste Blood Brothers os amigos são vampiros imortais cuja falta de bom senso para investimentos a longo prazo os obrigam a ganhar a vida como caçadores de recompensas. Subornar paramédicos para comprar pacotes de sangue doado não é barato, mas a história complica-se com um interesse amoroso e um inimigo poderoso que apenas deseja dominar o mundo.


Day Men #01: E por falar em vampiros, nesta semana estreou mais uma série às voltas com este tema. Este comic da Boom! Studios é mais classicista na abordagem, funcionando como pulp noir onde acompanhamos as duras tarefas de um mortal cujo trabalho é passar os dias a proteger os patrões. Que, caso não tenham ainda percebido, são vampiros que têm tendência para fazer estragos. O que se destaca neste primeiro número é o traço dos ilustradores, capaz de vinhetas atraentes e elegantes. Mas pessoalmente não tenho ilusões. Normalmente estas séries deslumbram um pouco no início mas depressa decaem em termos gráficos e narrativos.


Higher Earth #08: Ainda na categoria "comics com premissas interessantes e argumentos previsíveis que de vez em quando deslumbram com rasgos de génio na ilustração" temos o mais recente Higher Earth. Imaginem um número infinito de planetas Terra, alguns rochedos desérticos, outros filões de riqueza, ou gulags planetários, locais onde reina o exotismo, paraísos industriais... e, no centro dos universos, a Terra Primeira, nexo de um império que se estende pelas dimensões paralelas. Boa premissa, mas o comic em si é uma narrativa de rebelião onde dois heróicos personagens lutam contra uma legião do que parecem ser clones para dominar os destinos do império. Clones porque... qual é a palavra para o contraparte de um universo paralelo? Nesta edição mergulhamos no centro do império, e a homenagem às paisagens urbanas planetárias inauguradas pela Trantor de Asimov é patente.


Numbercruncher #01: E que tal deixar o melhor para o fim? Não é intencional. A ordem dos comics aqui anotados tem a ver com o nome das imagens que os representam. Este carácter de aleatoridade computacional tem o seu quê de aproximação a este intrigante comic escrito por Si Spurrier. É uma variação inteligente sobre o tema das almas penadas que cumprem um castigo kármico como agentes da divindade suprema. Nesta visão deus é um contabilista com sentido de humor macabro que procura constantemente equilibrar as divinas equações que geram um universo que não passa de uma elaborada simulação matemática. Resta ao operacional #494, um bruto que nada mais quer do que ver-se livre das tarefas divinas e esvair-se na sopa matemática universal, assegurar que o seu sucessor segue o caminho estabelecido. Só que o eleito é um talentoso matemático capaz de intuir o segredo das equações cósmicas... contas feitas a murro doloroso e vertigens mentais é o que nos oferece esta série promissora.