sábado, 29 de junho de 2013

Ficções

Probability -1: Termination: Num mundo alternativo onde as grandes potências europeias do século XIX estenderam o status-quo do fin de siécle até ao século XXI a ameaça de guerra faz dois investigadores americanos temer pelo seu futuro. A sua solução envolve fazer uma manipulação cirúrgica no passado, mas os dois pequenos pormenores que os investigadores ameaçados pelo despedimento se lembram de modificar alteram toda a história humana. Um conto curioso e intrigante trazido pela revista Nature.

How To Talk To Girls At Parties: Arranca como um conto sobre dilemas adolescentes e a curiosidade juvenil sobre o sexo oposto mas estamos a falar de algo escrito por Neil Gaiman. A afirmação da adolescência masculina depressa colide numa realidade difusa onde os mundos da adolescência e da mitologia se cruzam numa festa nocturna onde dois jovens em busca de afirmação pessoal conhecem umas raparigas não totalmente humanas.

Apricot Lane: Na tradição da ficção científica enquanto preditora de futuros plausíveis, o Institute For The Future encomendou a alguns dos mais radicais autores contemporâneos visões de um futuro em rede, onde a internet é pervasiva e os objectos que nos rodeiam comunicam entre si. Não é uma ideia nova - já ouço falar disto deste 2008, autênticos lustres no tempo digital acelerado, mas nas mãos de autores como Cory Doctorow ou Warren Ellis as implicações futuras de uma tecnologia que já hoje se faz sentir são levadas aos limites do gedankenexperiment. Confesso que estou muito curioso para ler o que Ellis, guru da internet, terá para nos oferecer. Dos contos que estão a ser colocados periodicamente online Social Services de Madeline Ashby mostra como se pode manipular o fluxo de informação num futuro hiperligado. Já Rudy Rucker leva a ideia muito longe com um sonho molhado neoliberal: um futuro próximo onde as redes digitais  e os objectos semi-inteligentes estão organizados num sistema de micro pagamentos pervasivo. Tudo se paga, tudo se aluga e quem não tiver dinheiro vê a sua percepção da realidade ser diminuída a uma visão de muito baixa resolução, sendo-lhe negado o acesso ao mundo que o rodeia. Um conceito tenebroso, mas que na perspectiva tecno-utopista psicadélica típica deste autor se traduz numa libertação onde o espírito humano e o gosto pela liberdade prevalecem sobre a ganância monetarista apoiada na tecnologia.